Durante toda a manhã desta quarta-feira, 30, a Comissão de Turismo da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), conduzida pelo presidente do colegiado, deputado Coronel Adailton (Progressistas), realizou o 2º Seminário Legislativo de Turismo. O webinar comemorou o Dia Mundial do Turismo e também o Dia Nacional do Turismólogo e dos Profissionais do Turismo, com foco na reabertura dos destinos turísticos de Goiás. No evento foram debatidas as consequências da pandemia no turismo goiano e a atuação do poder público em três eixos temáticos: empresas, profissionais e especificidades regionais.

No formato híbrido, o evento, que teve lugar no auditório Solon Amaral, foi mediado pelo presidente Coronel Adailton. Logo no início ele prestou homenagem aos turismólogos. “Aproveitamos para reforçar os nossos parabéns às pessoas que labutam nessa área. Estamos realizando esse evento para valorizar esses trabalhadores”, ressaltou.

O parlamentar também mencionou o empenho para garantir que os profissionais de turismo ocupem os espaços que são deles por direito, a fim de contribuírem por meio do trabalho que realizam, para o desenvolvimento do setor. Ele explicou que a Comissão de Turismo tem se empenhado para que o Governo Estadual abra espaço para esses profissionais e técnicos, para que eles contribuam na elaboração de projetos. 

“Precisamos resgatar essa atividade. Temos que unir forças para realizar mais e melhor em prol do turismo em Goiás”, frisou Adailton. O deputado reportou que a comissão tem atuado em diversos municípios, para mostrar e divulgá-los como destinos turísticos de Goiás, muitos dos quais a maioria dos goianos desconhece. 

A pauta do evento foi o turismo goiano, mas teve participação do deputado estadual por Sergipe (SE) Luciano Pimentel, presidente da Comissão de Turismo e Desenvolvimento Econômico da União Nacional das Assembleias Legislativas (Unale), cujo presidente é o deputado Lissauer Vieira (PSB), chefe do Legislativo de Goiás. “O momento é de grande importância pela discussão, participação de estudiosos e autoridades, que em consenso discutem a retomada das atividades turísticas, principalmente as de proximidade”, afirmou Pimentel, em sua contribuição por meio de vídeo.  

Linhas de crédito

Presidente da Goiás Fomento, Rivael Aguiar Pereira explanou sobre as linhas de crédito que o órgão oferta para empresários do setor. Ele discorreu sobre o que o Governo de Goiás tem feito a fim de disponibilizar crédito ao empresariado, através da pasta. “Com a pandemia, muitas empresas se descapitalizaram e temos trabalhado para atendê-las com crédito a taxas mais atrativas”, explicou.

Rivael informou ainda que, a fim de auxiliar e apoiar o empresariado, o Governo Estadual se empenhou e conseguiu R$ 60 milhões para serem repassados como oferta de crédito com juros subsidiados, a fim de beneficiar as empresas do setor de turismo, como bares, restaurantes, agências de viagem, prestadores de serviços em geral. “Temos disponibilidade de valores entre R$ 15 mil e R$ 400 mil.” 

O gestor discorreu sobre as linhas oferecidas, lembrando que os interessados podem buscar maiores informações no endereço eletrônico da Agência de Fomento, ou pelo telefone 3216-4900; além de contar com parceria junto ao Sebrae, qualificado para orientar os empresários com consultoria gratuita de como obter crédito, e ainda na Goiás Turismo e rede de correspondentes de crédito nos municípios. "Temos um rede de atendimento muito grande, e o cliente pode buscar qualquer uma das opções de atendimento.” 

O presidente da Goiás Fomento pontuou a necessidade de que os interessados façam seu cadastro no Cadastur. “É gratuito e importante para o desenvolvimento das políticas no Estado”, afirmou. As linhas de crédito específicas para o setor, o GF Turismo Giro Puro para o período da pandemia, direcionado para qualquer tipo de despesa que a empresa possa precisar, inclusive fixas, com juros de 5% ao ano mais INPC, prazo de 60 meses para pagar e carência 12 meses; para Capital Fixo - para empresas que precisam fazer investimentos, como ampliação das vagas de hospedagem disponíveis. O financiamento é de até 80% do valor, também com taxa de juros de 5% mais INPC, em 120 meses e carência de 24 meses para pagar. Outra linha, é específica para os guias de turismo, com condições mais facilitadas na análise de crédito, no valor de até R$ 8 mil e taxas de 2,5% mais INPC. 

Após os esclarecimentos, Coronel Adailton agradeceu pela participação efetiva do Governo do Estado no enfrentamento das dificuldades dos empresários e pessoas físicas. Além de ressaltar o trabalho do colegiado a fim de apoiar os destinos turísticos na retomada, a exemplo de Caldas Novas e Rio Quente, no que se refere aos protocolos sanitários, preventivos à covid-19.

Para manter as atividades

Em sua contribuição no seminário, o presidente da Goiás Turismo, Fabrício Amaral, discorreu sobre a importância do crédito oferecido aos empresários e empreendedores do setor, a fim de que pudessem manter suas atividades durante o período em que estiveram fechados e agora, durante a retomada. “Somos os primeiros em volume financeiro e linhas de crédito”, disse ao se referir às possibilidades apresentadas pela Goiás Fomento. “Sei que não é fácil para os empresários.” 

Amaral também ressaltou a importância do evento, em que foram pontuados os trabalhos realizados pela pasta, a fim de contribuir com informações sobre a real situação do turismo em Goiás. Segundo ele, informações de qualidade, com fontes confiáveis, têm pautado os trabalhos do órgão. 

O gestor também fez referência à importância de concurso público para turismólogos, e firmou o compromisso de garantir a presença destes nos quadros técnico do Executivo estadual, além de reconhecer que o trabalho para garantir o espaço dos profissionais também é necessário junto aos prefeitos.

Fabrício lembrou que a pandemia afetou a atividade turística, pontuando que o setor não representa só lazer, mas envolve diversas atividades. Segundo ele, há necessidade de que sejam elaboradas políticas públicas para a retomada e desenvolvimento da área. Ele falou ainda da demanda reprimida, a exemplo do grande número de turistas que procuraram a cidade de Pirenópolis no feriado de 7 de setembro.

O gestor ressaltou que o turismo vai voltar com muita força, muitos desafios, e mesmo com pouco recursos, e muitos problemas a resolver, em 2021 o setor em Goiás estará aonde merece. Fabrício anunciou que o Centro Cultural Oscar Niemeyer passa por mudanças para ser realmente acessível à população de Goiás, e que a unidade já conta com atividades como ioga. Nos próximos dias, a unidade vai oferecer acesso ao museu, com atividades para cegos. “O espaço será democratizado”, garantiu. 

O presidente da Goiás Turismo ressaltou a importância do trabalho da Comissão de Turismo da Alego. “Tem sido muito importante para a comunidade. Em nome do trade, agradecemos pelo empenho", disse, parabenizando o presidente da comissão. “O senhor representa muito bem o Legislativo”, afirmou.

Para Fabrício Amaral, o evento é uma oportunidade necessária para debater um tema tão importante para o Estado e para as pessoas, como é o caso do turismo. Ao finalizar, o presidente da Goiás Turismo abordou a diversidade de cenários oferecidos pelos destinos turísticos de Goiás, a exemplo de Terra Ronca, no município de Guaranis, no Nordeste goiano, ressaltando o quanto as belezas do local são pouco exploradas. Ele falou ainda sobre ações e projetos do Governo do Estado para alavancar o turismo nesse momento.Apoio

Apoio 

Presidente da Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer (Agetul), Urias Garcia de Oliveira Júnior ressaltou a responsabilidade de apoio para a recuperação do turismo para 2021, ao exemplificar que em Goiânia, que tinha representatividade no turismo de eventos, compras, negócios e medicina, e pontuou a forma como a pandemia atingiu os segmentos. “Alguns começam a se recuperar. Para 2021, os desafios são maiores. Teremos que entrar firme com o fomento ao turismo para a retomada. Esse fomento tem que ser mais eficaz. Para isso, buscamos emendas em meio ao orçamento do município e da União.” 

Giovanna Tavares, coordenadora do Observatório do Turismo, falou do trabalho que tem sido realizado no que tange à situação provocada pela covid-19, por meio da elaboração de um boletim especial a partir da segunda semana da pandemia. “Fizemos o compromisso de entregar semanalmente o boletim, com informações baseadas em dados, para empresários e Governo do Estado acompanharem o impacto das pandemia no setor do turismo”, explicou. 

Giovanna falou da necessidade de entender como a situação funciona, lembrando que no primeiro momento houve retração. “Agora, está diferente”, assinalou. De acordo com a especialista, há muito muito interesse pelos assuntos do boletim de dados, os impactos em Goiás, com pesquisa de sondagem empresarial junto à pesquisa nacional, onde foi feito um recorte para a situação do Estado. 

Com o trabalho realizado é possível traçar um panorama, a partir de dados reais, para que o boletim seja acessível ao público, de forma que as pessoas fiquem atentas para a evolução da pandemia no decorrer dos meses. “Nossa proposta é de apresentar cenário com número e indicadores para que os empresários possam pensar em como gerir seus negócios diante das dificuldades dos últimos meses. Os boletins especiais possibilitam o acompanhamento por meio de pesquisas do cenário, com estatísticas e projeções”, complementou Giovanna, que também é presidente da Associação Brasileira de Turismólogos e Profissionais do Turismo (ABBTur seccional Goiás).

Presidente do Sindicato dos Guias de Turismo, Larissa Santos encaminhou um vídeo em que ressaltou a importância do seminário para os guias de turismos e o setor em geral. Ela falou do quanto a pandemia afetou os guias. “É muito importante estarmos de mãos dadas em prol do desenvolvimento, e para retomar e alavancar o turismo.” 

Coordenador da área de Turismo e Hospitalidade do IFG, campus Goiânia, Leonardo Ravaglia discorreu sobre aspectos do turismo, atividade que, ele lembrou, vai além da economia, com impacto social, cultural e ambiental. Segundo ele, é justamente por isso que a atividade precisa ser desenvolvida por profissionais com formação específica. 

Ravaglia tratou da precariedade do trabalho dos profissionais de turismo, que necessitam de maior qualificação, e que diante do perfil de trabalho, são os que mais têm sofrido com a covid-19. Ele discorreu também da reabertura do destinos, o que precisa ser feito com parcimônia, com protocolos baseados em estudos científicos. 

O webinar também contou com a participação de alunos de turismo, a exemplo de Nayara Quirino, que assinalou o quanto a área é ampla e apresenta oportunidades para que os profissionais sejam levados a novos caminhos. “O turismo proporciona ser quem nunca pensou que pudesse ser, chegar aonde nunca imaginou. Turismo é descobrir o mundo e preservar o mundo.” 

Empresariado

Ricardo Rodrigues, presidente do Sindicato das Empresas de Turismo de Goiás (Sindtur-GO), discorreu sobre o impacto provocado pela pandemia. “De fato, paramos. O turismo foi um dos primeiros a parar. Estamos voltando timidamente”, afirmou, exemplificando que bares e restaurantes retomam as atividades dentro de protocolos de segurança. 

Outro problema citado pelo representante empresarial foi o aumento dos custos operacionais, com a necessidade de adoção do uso de máscaras, toucas e álcool nas empresas e empreendimentos. “Estamos trabalhando com muita dificuldade, para evitar que muitos fechem suas portas”, lamentou. Afirmou que só haverá tranquilidade em relação ao controle do vírus quando houver disponibilidade de vacina. 

Rodrigues disse que a pandemia ensinou muito, principalmente no que tange a ter reservas financeiras para momentos como esse. Por outro lado, afirma ter conhecimento de que há uma demanda reprimida. “Há uma tendência de turismo doméstico”, enunciou. 

Em relação ao acesso ao crédito, o presidente do Sinditur-GO disse que as dificuldades são muito grandes, pois há muita burocrcacia. “Mas temos esperança, porque há um recuo desse vírus que nos assola."  

Chrystianno Câmara, presidente da Associação Empresarial da Região da 44, conhecido polo de turismo de confecção, contribuiu com o seminário ao fazer uma retrospectiva, em que pontuou os quatro meses em que as lojas estiveram fechadas e a situação no decorrer de três meses após a reabertura parcial. “As indústrias pararam de produzir tecidos porque os fabricantes de roupas pararam de confeccionar”, apontou como consequência da pandemia, além da perda de empregos.

O empresário disse vislumbrar a perspectiva mediante haver uma demanda reprimida, que deverá ser retomada, assim como os empregos perdidos. Na opinião dele, em meados de 2021 será possível retomar o patamar em que o setor estava em 2019.

Exemplo bem sucedido

Também participou do evento o secretário de Turismo de Bonito (MS), consagrado internacionalmente em ecoturismo, Augusto Mariano. Ele explanou sobre como o município foi o primeiro a retomar as atividades e, por isso, serve de exemplo nacional. Mariano disse que a atividade do turismo foi a mais afetada, a primeira que parou e a última a retomar. E frisou a importância dos protocolos de biossegurança. "Hoje, para turista ir a um destino, vai analisar se existe segurança em saúde, para se deslocar." 

Segundo Augusto, com a implantação dos protocolos discutidos, avaliados e aprovados pelos empresários juntos com o Sistema S, possibilitando a retomada do turismo. “A abertura foi gradativa, responsável, respeitando trabalhadores, munícipes e turistas”, completou.  

O seminário foi uma oportunidade para representantes de municípios como Guaranis, Formosa, São Simão, Mineiros, Rio Quente, Aurilândia, cidade de Goiás, São Miguel do Araguaia e Alto Paraíso pudessem falar do impacto, projetos, perspectivas, apreensão, preocupação e ações diante da pandemia e a retomada das atividades. Por meio de depoimentos em vídeo, com imagens ilustrativas, os gestores da área puderam compartilhar sua experiência e o reconhecimento da importância dos protocolos sanitários como garantia para a retomada.