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Dia da Amazônia chega em meio ao crescimento do desmatamento do maior patrimônio natural do planeta

03 de Setembro de 2021 às 11:33
Crédito: Seção de Publicidade
Dia da Amazônia chega em meio ao crescimento do desmatamento do maior patrimônio natural do planeta
Dia da Amazônia

Neste domingo, 5, é dia de celebrar a existência do maior patrimônio natural do planeta: a Amazônia. Com quase 7 milhões de quilômetros quadrados de extensão, dos quais cerca de 80% são florestas, o bioma abriga recursos valiosos para o futuro da humanidade, que hoje se vê profundamente ameaçada por desequilíbrios ambientais e climáticos e pelo avanço da crise hídrica. 

Embora os entraves para a preservação da Amazônia ainda sejam muitos, os mecanismos de resistência à sua devastação também têm avançado. O Dia da Amazônia marca, portanto, uma ocasião especial para comemorar as importantes conquistas e descobertas realizadas nos últimos anos e para fortalecer as diversas lutas ainda hoje em pauta.

Isso foi o que ressaltou, por exemplo, a secretária geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito, ao comentar a importância da data, no ano passado. “Nós temos conhecimento sobre os problemas e desafios do bioma, mas muito mais sobre as ferramentas que precisamos para vencê-los e quais os resultados que devemos atingir. Nosso trabalho tem se pautado na proposição de uma agenda positiva para o desenvolvimento sustentável”, avaliou, na ocasião. A organização, que se faz presente em mais de 100 países, vem, desde 1996, se destacando no combate à devastação socioambiental ao redor do mundo. 

O território da Amazônia se espalha por oito nações da América do Sul. Além do Brasil, inclui também: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Se fosse um país, seria o sétimo maior do mundo. 

A maior parte desse bioma – 60,1% – está em território brasileiro, sendo aqui intitulada de Amazônia Legal. Sua extensão engloba a totalidade dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e parte do estado do Maranhão. 

Além de suas notáveis florestas tropicais úmidas, a bacia hidrográfica que dá origem à Amazônia conta com outras variadas paisagens e ecossistemas, onde se incluem, ainda, florestas inundadas ou várzeas, savanas e uma rede intrincada de rios, lagos e igarapés. 

Riquezas

A Amazônia corresponde a cerca de 7% da superfície total do planeta e possui aproximadamente 50% da biodiversidade mundial. Em razão, sobretudo, de sua rica cobertura florestal e de sua consequente capacidade de filtragem do ar atmosférico, já chegou a ser considerada como uma espécie de "pulmão (invertido) do mundo". Embora o título seja equivocado e, em verdade, esteja associado à função exercida pelas algas marinhas, ele demonstra a enorme importância do bioma para o equilíbrio ambiental global, sobretudo o hídrico e climático.  

Como ficou demonstrado, em linhas gerais, essas contribuições só podem ser asseguradas mediante a preservação da densa cobertura vegetal amazônica, que abriga pelo menos 40 mil espécies de plantas já catalogadas. Isso porque suas florestas e demais vegetações nativas são, ainda, as principais responsáveis pela manutenção do chamado ciclo das águas, cuja eficiência garante a regularidade no volume de chuvas da região. 

Esse fator é determinante para o abastecimento de importantes recursos hídricos, em especial o próprio rio Amazonas, que é considerado o segundo maior do mundo (o primeiro é o Nilo, na África). Do alto dos Andes até desaguar no Atlântico, as águas do Amazonas percorrem mais de 6.400 km de extensão. O volume transportado equivale a quase um sexto de toda a água doce que hoje alimenta os oceanos. Além disso, a umidade de parte da Bacia Amazônica atinge e regula o clima de países como a Argentina e Uruguai. 

A abundância hídrica e vegetal garante, por sua vez, a sobrevivência atual de pelo menos 427 mamíferos, 1.294 aves, 378 répteis, 427 anfíbios e cerca de 3 mil peixes da região. Além disso, os cientistas também estimam que haja, só na parte brasileira da Amazônia, algo entre 96.660 e 128.840 espécies de invertebrados. 

Mas a riqueza do bioma, não se restringe apenas à sua vasta biodiversidade. Ele abriga também uma rica diversidade sociocultural, da qual participam cerca de 30 milhões de pessoas. Nesse contingente, estão incluídos, ainda só na Amazônia brasileira, mais de 220 povos indígenas. Além desses, há também outras comunidades tradicionais que dependem igualmente do bioma para sobreviver, extraindo dele, portanto, suas principais fontes de matérias-primas alimentares, florestais, medicinais e minerais. 

Outro aspecto importante, é que a Amazônia se destaca como sendo o bioma brasileiro que possui a maior extensão de territórios protegidos. Segundo informações divulgadas pela WWF-Brasil, o bioma abriga, ao todo, atualmente, 314 Unidades de Conservação (UCs). Elas se dividem entre as esferas de administração federal, estadual e municipal e representam 26% do total da área da Amazônia brasileira.

Principais ameaças

Não obstante toda a sua destacada importância, o futuro da Amazônia está ameaçado por diversas atividades predatórias. Dentre essas, incluem-se, principalmente: a extração de madeira, a mineração, as obras de infraestrutura de grande impacto e a conversão da floresta em pastagens para gado ou em áreas de monocultura. 

Uma das atividades que mais tem gerado preocupação nos últimos anos é o aumento das queimadas na região. Somente em julho deste ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) notificou a ocorrência de quase cinco mil focos. A prática vem sendo utilizada para abrir áreas de pastagens para gado e tem afetado, sobretudo, áreas protegidas, como florestas públicas e parques nacionais. 

Nesse contexto, o desmatamento do bioma cresce em ritmo acelerado. Ele voltou a bater recorde em maio, com a perda de 649 km² de floresta - o segundo maior índice já identificado para o mês, ao longo dos últimos 10 anos. Os dados refletem os mais recentes monitoramentos apresentados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). 

Ainda segundo a organização, desde 1990, foram derrubados quase 800 mil km² de vegetação nativa. A velocidade da destruição, somente nessas últimas décadas, já supera em 170 vezes a registrada na Mata Atlântica durante todo o período colonial brasileiro. Ao todo, cerca de 20% da floresta original amazônica já foi colocada abaixo para atender, sobretudo atividades pecuárias consideradas de baixa eficiência - menos de um boi por hectare. 

O aquecimento climático é apontado como uma das implicações diretas desse cenário. Os prejuízos acarretados para a produção agrícola, incluindo o agronegócio, estão entre as principais consequências do aumento das temperaturas decorrentes do desmatamento. 

Outro fator de preocupação são os riscos à saúde decorrentes da poluição ambiental gerada pelas queimadas e derrubadas das florestas. A Imazon estima que a redução do desmatamento tenha evitado, anualmente, entre 2001 e 2012, algo em torno de 400 até 1.700 mortes precoces por doenças respiratórias, na América Latina.  

A grilagem de terras públicas para atender a essas atividades predatórias também afeta consideravelmente a economia brasileira. Os prejuízos já superam a casa dos R$ 20 bilhões e tendem a crescer, em decorrência de boicotes anunciados pela comunidade internacional com a finalidade de assegurar a produção sustentável de commodities no bioma. 

Em 2016, cerca de 24% dos desmatamentos se concentraram em áreas públicas sem destinação. O bioma possui, atualmente, 70 milhões de hectares que se encontram exatamente nesta condição (terras devolutas). 

Alternativas possíveis

A principal aposta dos especialistas para barrar a destruição da Amazônia é a conversão dessas áreas devolutas em terras indígenas e em unidades de conservação. Associado a isso, defendem o consequente investimento na extração sustentável de produtos florestais para abastecer o mercado de commodities

Estima-se que, entre 2015 e 2016, a economia florestal tenha rendido algo em torno de R$ 3 bilhões. A maior parte desse valor (R$ 1,8 bilhão) foi oriundo da exploração responsável de madeira e o restante da extração de açaí. 

Agência Assembleia de Notícias
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