No quadro “Alego Entrevista”, professor de engenharia civil da UFG fala sobre o pagamentos por serviços ambientais

Em mais um episódio do quadro “Alego Entrevista”, o jornalista Murilo Santos entrevistou o professor de engenharia civil e ambiental da Universidade Federal de Goiás (UFG), Emiliano Lobo de Godoi. O tema da entrevista foi sobre pagamentos por serviços ambientais (árvore em pé tem que valer mais do que árvore deitada).
No início da entrevista, Murilo questionou o professor sobre o lema “a árvore em pé tem que valer mais do que árvore deitada”, que, segundo ele, é o grande centro da discussão do pagamento por serviços ambientais. “A preservação ambiental só será fortalecida quando uma pessoa que preserva sua área tiver reconhecimento, não só por certificados, aplausos e/ou cumprimentos de legislação, mas como uma forma dele ter receitas financeiras a partir dessa conservação ambiental”, destacou o professor, ao colocar o exemplo de que se uma pessoa preserva 100 hectares toda a população se beneficia e que o proprietário deveria receber por isso. “Quando não existe o reconhecimento do serviço ambiental que uma árvore faz, acaba sendo um desestímulo para a preservação”, acrescentou Emiliano.
O docente, durante a entrevista, levantou um questionamento: “para se ter um índice de desenvolvimento adequado é necessário o desmatamento?” e logo responde que, “se for por essa lógica, a resposta é sim, porque não há reconhecimento e pagamento pelo serviço ambiental’’.
Durante a fala, Emiliano destacou que Goiânia, por exemplo, vem perdendo ao longo dos 10 anos grande parte de cobertura vegetal. “A cada ano, a cidade perde 10% dessa vegetação, ou seja, as ruas de Goiânia, que sempre foram conhecidas como ruas arborizadas, nos últimos 10 anos se perde 10%. Goiânia já é uma cidade de clima quente”, explicou, dizendo que a arborização da cidade, quando inaugurada, foi pensada para ser uma cidade jardim em função do clima.
Murilo questionou ao docente da UFG quem seriam os responsáveis por gerir esses fundos. “A Política Nacional de Recursos Hídricos já prevê esse pagamento, ou seja, a lei já existe. Quando se faz o uso da água, se faz o fundo para que se compense para quem preserva essa água”, explicou o professor. Ele acrescenta que uma determinada bacia hidrográfica possui aptidão para produzir água, ao invés de produzir milho, soja, leite, e quem recebe essa água deve pagar pela manutenção. “Se o custo é individual e o benefício é coletivo, a coletividade tem que ajudar esse indivíduo a preservar”, disse.
Ainda na ocasião, ao ser perguntado se existem ações de pagamentos por serviços ambientais, o professor de engenharia disse que existem projetos, inclusive em Goiás, na Bacia do Ribeirão João Leite, no município de Rio Verde, que beneficia os preservadores dessas áreas ambientais, mas que são "políticas de soluço”, por acontecerem e logo pararem. “Isso tem que ser uma política de Estado e não de Governo”, argumentou.
No decorrer da entrevista, foi colocada a importância da participação das ações do Poder Legislativo Estadual. “Sem um arcabouço legal instituído, nós não temos segurança jurídica para dar os próximos passos. Com a lei já se torna difícil, sem ela só aumenta mais essa dificuldade”, ponderou.
Segundo Emiliano, a deputada Rosângela Rezende (Agir), que é presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Alego, deu acolhimento a essa temática dentro da Casa. "Nós tivemos a Semana da Água e não o Dia da Água. Então, isso é outra coisa que deve ser reconhecido, porque não tínhamos isso antes”.
Virada Ambiental
O programa foi idealizado pelo professor Emiliano de Godoi, desde 2019, com início na Universidade Federal de Goiás. O lançamento acontece no dia 5 de junho, que é o Dia Mundial do Meio Ambiente.
Segundo Godoi, 5 de junho foi o dia em que aconteceu a primeira Conferência Mundial de Meio Ambiente, em Estocolmo, no ano de 1972. “Isso ficou marcado que todo ano teria aquela data para lembrar da questão ambiental”, explicou.
Emiliano enalteceu a participação do deputado Lucas Calil (MDB), que já foi presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, e disse que a Alego só é parceira desse programa por trabalho feito pelo parlamentar.
“A Virada Ambiental é um projeto que traz muito orgulho a todos nós, porque a adesão é voluntária. Começamos em 2019, com o propósito de fazer a neutralização de carbono da UFG”, argumentou, ao citar que ano passado 225 cidades de Goiás participaram da ação e que a meta para este ano é que todos os 246 municípios do estado participem.
“A expectativa é que, pelo menos, um município de cada estado brasileiro participe, e, também, ao menos um país de cada continente faça parte”, pontuou Emiliano. Ele afirmou que, atualmente, além do Brasil, participam da Virada Ambiental os países: Chile, Portugal e Espanha.
Como assistir o programa na TV Alego
O programa Alego Entrevista, com o professor Emiliano de Godoi, vai ao ar na programação da TV Alego, no canal digital 3.2 , canal 8 da NET Claro TV e pelo canal da Alego TV, no YouTube.