Combate a violações de direitos é tema de palestra na tarde que encerra a I Jornada Social de Goiânia
Ocorre na tarde desta sexta-feira, 5, o último dia da I Jornada Social de Goiânia – construindo redes de proteção social. O evento é promovido pela Escola do Legislativo da Alego em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e as Comissões de Assistência Social e de Atenção à Pessoa Idosa da Alego.
A jornada teve início na quarta-feira. “As violações de direitos e o acolhimento no CREAS: como executar os fluxos de trabalho” foi o tema da primeira palestra da tarde desta sexta.
O evento foi no Auditório Carlos Vieira, no térreo da Alego. O deputado Mauro Rubem (PT) saudou o público e enalteceu a importância do uso do espaço da Assembleia para a realização da jornada.
A palestra, que teve moderação da psicóloga e coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social Centro Sul (CREAS Centro Sul), Simone dos Santos Abadia, foi ministrada pela Assistente Social e Agente Fiscal do Conselho Regional de Serviço Social de Goiás (CRESS Goiás), Thaisy Pessoa, e a presidente da Comissão de Assistência Social do Conselho Regional de Psicologia 9ª Região (CRP09), Mirelly Conceição do Carmo.
“Quando a gente pensa em garantia de direitos humanos, a resposta não está dada”, disse Simone ao abrir os trabalhos, enaltecendo que combater a violação desses direitos não envolve “soluções, mas possibilidades de construções”. Para buscar essas possibilidades, ela sublinhou a necessidade de “nunca perder, como profissional, a capacidade de se comover, de se incomodar com as experiências de violência” presenciadas no cotidiano de trabalho: “Enquanto não perdermos essa capacidade, nos movimentamos”.
Thaisy Pessoa explicou, entre outros tópicos, como ocorre a fiscalização do exercício profissional pelo CRESS Goiás e habilidades que os fiscalizadores precisam desenvolver, como a apreensão crítica dos processos sociais de produção e reprodução das relações sociais em sua totalidade; a compreensão do significado social da profissão e de seu desenvolvimento sócio-histórico; e a identificação das demandas presentes na sociedade, visando a formular respostas profissionais para o enfrentamento da questão social.
Sua apresentação trouxe, ainda, parâmetros de atuação do assistente social na assistência social e comentários sobre alguns dos documentos norteadores da profissão, como a Lei 8.662/93, o Código de Ética, diretrizes curriculares e resoluções e produções do CRESS. Entre as produções, recomendou livros que constam na biblioteca virtual do conselho.
Ao fim, ela salientou a importância da capacitação continuada, do fortalecimento da dimensão político-pedagógica da profissão e de se denunciar a falta de condições de trabalho adequadas.
Na sua fala, Mirelly Conceição do Carmo ressaltou que encontros como o dessa tarde são cruciais por ser “a partir dos trabalhadores” presentes nele que “a realidade social dos goianos se transforma”.
“Quando a gente fala de violação de direitos, exclusão social, pobreza, a gente está falando de fenômenos multifacetados”, prosseguiu a presidente da Comissão de Assistência Social do CRP09. “Esses fenômenos vão exigir de nós uma diversidade de reflexões, para as quais não cabem respostas simples, de causa e efeito, que não são mais possíveis”.
Ela frisou que o SUAS sozinho não consegue dar contas de todos os desafios, precisando se unir a atores de outras políticas públicas, repartindo informações com profissionais como os das áreas de saúde, educação e conselho tutelar para pensar estratégias em conjunto.
Um desses desafios, como suscitado em pergunta da plateia, é a violência nas escolas. Mirelly pontuou que essa violência é mais um tópico a ser tratado de forma interdisciplinar, e não apenas pelo SUAS. Perpassando a formação da sociedade brasileira e das sociedades capitalistas, se trataria de um fenômeno que mesmo as políticas públicas podem ter dificuldade de combater. “Mas enquanto a gente não chega a esse lugar de discussão [das raízes da violência], vamos fazer o que é possível, vamos fortalecer essas políticas”, afirmou Mirelly, que criticou a presença de policiais nas escolas por reverberarem a ideia de violência.
O evento termina com a palestra “As violações de direitos e os serviços de acolhimento: a interface da Assistência Social com a Justiça”, a ser ministrada em seguida nesta tarde.