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Cuidados com os olhos

26 de Maio de 2023 às 12:00
Cuidados com os olhos
Data instituída pelo Governo Federal alerta para a necessidade de prevenção da doença, a 2ª causa de cegueira em todo o mundo, mas que pode ser evitada com o acompanhamento regular do oftalmologista.

“Os olhos são a janela da alma”, já dizia Leonardo Vinci, o gênio que se dedicou ao estudo de diversos campos do conhecimento, pesquisou e criou sem limites - de máquinas voadoras à anatomia humana - revelando que toda a beleza do mundo é captada antes pelos olhos, para só depois tocar o coração. Por ser tão importante para todas as atividades da vida humana, já foi tema de diversos estudos, pesquisas, poemas, músicas e obras diversas, demonstrando que qualquer tipo de cegueira deve ser combatida. 

Dessa forma, o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma foi instituído pela Lei nº 10.456/2002, com o intuito de estimular a conscientização e promover o debate sobre esta doença, que é a segunda maior causa de cegueira, ficando atrás apenas da catarata.  Estima-se que em todo o mundo 80 milhões de pessoas apresentam essa condição, sem, contudo, ter ainda o diagnóstico. No Brasil, a doença já atinge mais de 1,2 milhão de pessoas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), e estima-se que até 80% dos casos poderiam ser tratados e evitados.

Para chamar a atenção para essa importante questão de saúde pública, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) promovem anualmente campanhas em todo o país.

O Governo Federal, através do Ministério da Saúde e demais órgãos, também participa da programação. Neste ano, a Capital Federal estará com as cúpulas do Senado e da Câmara dos Deputados iluminadas na cor verde, durante toda esta semana, quando também serão projetadas frases e imagens sobre o tema, como uma forma de chamar a atenção para a importância da prevenção dessa patologia, que é grave, mas pode ser evitada através do acompanhamento regular ao médico oftalmologista. A iluminação do Congresso Nacional já é considerada uma tradição dentro do calendário comemorativo.

A data foi proposta em 2002, ainda no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como forma de chamar a atenção para a importância do acompanhamento oftalmológico precoce, possibilitando a prevenção, o diagnóstico e o tratamento dessa doença que evolui de forma silenciosa e indolor, especialmente nas pessoas acima de 40 anos. Por ser uma questão de saúde pública, o Ministério da Saúde também alerta para esse problema de saúde que, na maioria dos casos, é uma doença que é caracterizada pela perda gradual da visão. 

Degradação do nervo óptico  

Em entrevista à reportagem da Assembleia Agência de Notícias, o médico oftalmologista Humberto Ramos Carneiro explica que o glaucoma pode causar uma degradação irreversível do nervo óptico, comprometendo a visão integralmente. De maneira bem simplificada, ele detalha que, conforme consta da anatomia do olho, o nervo óptico é o condutor de todas as imagens que são encaminhadas diretamente para o cérebro, depois de terem passado pela retina do olho humano. Esse nervo é o responsável por fazer uma espécie de ligação entre o olho e o cérebro. Quando o nervo é afetado pela doença, as fibras nervosas ficam comprometidas, e assim, vai ocorrendo paulatinamente a perda da visão.

O especialista ressalta, contudo, que as causas são diferentes para cada um dos tipos de glaucoma. No glaucoma crônico simples, geralmente essa degradação acontece em razão do aumento da pressão intraocular, causada por alteração no fluxo de produção e no escoamento do humor aquoso (o líquido que preenche parte do olho). Já no glaucoma de pressão normal, a degradação do nervo óptico pode ocorrer devido à variação do nível pressórico em alguns momentos do dia, quando a pressão eleva e afeta igualmente a irrigação e oxigenação do nervo óptico. 

Ao discorrer sobre a literatura médica, Carneiro aborda os demais tipos de glaucoma existentes e fala sobre suas diferentes causas. Ele aponta que, além do glaucoma crônico simples, é possível elencar ainda alguns outros tipos de glaucoma: o congênito, o medicamentoso, o traumático, o vascular e o pós-infecções intraoculares. 

Carneiro relata que, no caso do glaucoma congênito, a criança já nasce com a doença. Já no tipo medicamentoso, a patologia surge em consequência do efeito adverso do uso de alguma medicação, especialmente corticóides tópicos. Por outro lado, o traumático é aquele que surge através de um acidente, quando o olho sofre algum impacto ou trauma. A forma vascular surge em função da formação de vasos na íris, relacionada aos casos de diabetes avançada. E, por último, o glaucoma pós-infecções intraoculares ocorre, como o próprio nome já diz, depois de uma infecção importante no olho. 

Independentemente das causas, o glaucoma é uma doença de progressão silenciosa e, por isso mesmo, pode ser considerada perigosa, alerta o estudioso. Ele considera que, "à medida que a doença avança, o paciente percebe uma diminuição da visão lateral e, em casos mais avançados, o campo visual  torna-se muito pequeno, tubular, como se o paciente estivesse enxergando dentro de um pequeno cilindro". 

Atualmente, como protocolo universal, toda criança passa pelo teste do olhinho já nas primeiras semanas de vida, com o intuito de detectar o glaucoma congênito. Depois, ao longo da vida, sempre que o olho apresentar sinal de desconforto é necessário o acompanhamento de um oftalmologista clínico para eliminar a possibilidade de surgimento do glaucoma. Além disso, pessoas de 40 anos acima devem realizar uma consulta com especialista pelo menos uma vez por ano, entendendo que essa ainda é a melhor forma de prevenção.  

Todo esse cuidado tem razão de ser porque o glaucoma não tem cura e os tratamentos não conseguem recuperar a visão que já foi perdida, entretanto é possível estagnar a doença, impedindo que ela avance. Então, se o controle for feito logo no início, o paciente pode ter uma visão com pouquíssima perda, deixando de ser afetado pelo glaucoma. Mas, se o paciente procurar o médico quando estiver num estágio já muito avançado, pouco poderá ser feito, pois não é possível retroagir a doença.

Agência Assembleia de Notícias
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