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Saúde mental

28 de Agosto de 2023 às 09:20
Saúde mental
A psicologia vem ganhando mais força e mais espaço na sociedade. Sua importância vem sendo reconhecida, principalmente como papel fundamental na saúde das pessoas, que reflete em qualidade de vida para toda a sociedade.

A psicologia é uma ciência muito nova com a maioria dos avanços acontecendo nos últimos 150 anos, ancorando suas origens na filosofia grega, por meio do pensamento dialético, que se estrutura pela linguagem, sendo capaz de promover a cura através da palavra. É através da palavra que rendemos nossas homenagens ao dia 27 de agosto para celebrar o Dia do Psicólogo. A data foi sancionada pela Lei 4.119 de 1962 pelo então presidente João Goulart, dispondo sobre a profissão e os cursos de psicologia no Brasil, mas sua regulamentação ocorreu mais tarde, através do Decreto nº 53.464, de janeiro de 1964. 

As primeiras mudanças vieram no século XVII, quando o filósofo francês René Descartes introduziu a ideia do dualismo, afirmando que a mente e o corpo eram duas entidades que interagiam para formar a experiência humana. Já em meados do século XIX, Wilhelm Wundt marcou a história da psicologia quando fundou o primeiro laboratório, conseguindo separar a psicologia da filosofia através de métodos de pesquisas científicas que deram início a novos estudos, inaugurando a psicologia moderna, que passou a estudar a mente humana com rigor científico. 

Filósofo, médico e psicólogo, Wundt foi importante também por dar início à análise do funcionamento da mente usando procedimentos mais objetivos e padronizados. A partir daí, a psicologia ampliou seu campo de investigação para uma enorme variedade de fenômenos:  aprendizagem e memória, sensação e percepção, motivação e emoção, pensamento e  linguagem, personalidade e  comportamento social,  inteligência, desenvolvimento infantil, doença  mental e muito mais. Por toda a sua contribuição, Wundt é considerado o pai da psicologia. 

Passados 144 anos do feito histórico de Wundt, o campo de estudo da psicologia tem apresentado diferentes processos investigativos para a compreensão da mente humana. Ao longo desses anos, a psicologia conquistou independência para atuar cientificamente e com conhecimento legal. Isso influenciou o surgimento de várias abordagens: psicanálise, behaviorismo, funcionalismo, estruturalismo, entre outras. As diferentes perspectivas ajudam a entender a complexidade humana e seus eventos, considerando fatores biológicos, psicológicos e socioculturais que impactam o comportamento e o pensamento das pessoas. 

No Brasil, as práticas relacionadas à saúde mental puderam ser reavaliadas pelos profissionais da área. Dessa forma, a psicologia foi abandonando antigos métodos e adotando novos procedimentos com embasamento científico, dando origem a uma maior sistematização de ações alicerçadas nos pilares da promoção, prevenção e recuperação da saúde, conforme estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 

Esse novo conceito preconizado pela OMS amplia o modelo biomédico. A partir de então, passa a considerar não só as questões físicas e orgânicas, mas também começa a abarcar as questões de ordem social, econômica, cultural, emocional — o que implica novos desafios para esse campo. A partir daí, a psicologia dá início ao trabalho interdisciplinar, na tentativa de atender a complexidade das exigências impostas pela nova realidade.  

Atualmente, os profissionais da área estão inseridos nos mais diversos espaços institucionais e comunitários, no âmbito da saúde, educação, trabalho, lazer, meio ambiente, comunicação social, justiça, segurança e assistência social.  No serviço de saúde da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), existe uma equipe de psicólogos formada por 11 profissionais que atendem servidores com as mais diversas abordagens. 

61 anos de regulamentação

“No início a psicologia foi pensada para auxiliar no ajustamento, na normatização, na padronização de comportamentos, mas o que a gente percebe é que a psicologia defendeu a necessidade do respeito às adversidades, especialmente num país como o nosso, onde é tão importante a gente resgatar cada vez mais o debate da democracia, o exercício do diálogo sobre as diferenças. Então, em diversas áreas, a psicologia desempenha essa função de resgatar o cuidado com a dimensão psicológica do outro, habilitando todas as pessoas para atuarem da melhor forma”, falou com propriedade a professora de pós-graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG) e também do IPOG, a psicóloga clínica e organizacional Alessandra Demito.

Demito falou com a equipe de reportagem da Agência de Notícias da Alego esta semana. Ela comentou que, em todo o país, existem cerca de 450 mil profissionais ativos, na sua maioria mulheres, conforme indica o Conselho Federal de Psicologia (CFP). Ela destacou que, para uma profissão que teve início numa sociedade imbuída de muitos dogmas e preconceitos, cada vez mais é possível perceber avanços no cuidado com a saúde mental,  inclusive através de investimentos do governo federal que anunciou 200 milhões para o setor neste ano de 2023.

“Entretanto é sabido que, em muitos casos, a psicologia, infelizmente, possibilita apenas um atendimento emergencial, sendo que o ideal é a prevenção ao adoecimento, o cuidado constante com o ser humano. Então existe realmente a necessidade de ampliar os investimentos na área da psicologia, especialmente para aquele cidadão que depende da saúde pública, garantido que essas pessoas possam ter acesso ao número de sessões terapêuticas adequadas para o tratamento do seu caso”, entende Demito.

Dicas para manter uma boa saúde mental

De acordo com a profissional da psicologia, Alessandra Demito, “uma dica para construir uma boa saúde mental é a pessoa estar atenta e procurar perceber o ciclo do sono, pois, quando ele está regular, isso é um bom sinal e, quando não, precisamos cuidar disso. Outro ponto importante é como enfrentar os desafios, naqueles dias mais difíceis e desafiadores é preciso confiar no nosso potencial de ação frente à realidade, essas são questões bastante simples mas que podem nortear a autopercepção quanto a busca de ajuda e cuidados”. 

“Além disso, também podemos pensar em diminuir o stress, ampliar as relações de cuidado e apoio, pois é na relação com o outro que a gente constrói uma boa saúde mental, então a vivência desse suporte pode vir de um profissional, mas também pode vir de alguém próximo. É nesse sentido que se defende a importância da construção de uma rede de apoio”, salientou a psicóloga clínica e organizacional.

A psicóloga clínica e organizacional avaliou que, por vários motivos, os cuidados com a saúde mental estão se ampliando cada vez mais, especialmente pela atuação em diversas áreas: social e comunitária, clínica, hospitalar, jurídica e penitenciária, escolar, desportiva, de trânsito, organizacional e do trabalho. No contexto do trabalho, é possível perceber que estamos levando cada vez mais um conhecimento sobre saúde mental para os ambientes corporativos.  

“A forma como a gente organiza a vida hoje, com uma consciência extremamente produtivista, de utilidade, de funcionalidade, acaba por induzir o indivíduo a atropelar até mesmo seus princípios para ser capaz de atender expectativas e isso pode ser a causa de adoecimento mental. Entretanto, se o sujeito for capaz de equacionar muito bem algumas questões dentro das relações de trabalho, ao contrário, é possível que esse indivíduo saia muito fortalecido e tenha sua identidade estruturada através do trabalho. Nesse sentido as lideranças têm um aspecto fundamental”, falou Demito.  

A psicologia organizacional entende que existe uma diferença entre ser chefe e ser líder. O chefe é aquele que simplesmente manda, enquanto “o líder tem um papel muito maior e toma como objetivo inspirar e conduzir sua equipe através da liderança assertiva que zela pelos cuidados e resultados coletivos. Dessa forma, o trabalho em equipe pode ter o comprometimento de todos, gerando confiança e engajamento na busca de resultados”, finalizou Demito.

Agência Assembleia de Notícias
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