Ortopedista comenta fatores de riscos que aumentam as quedas de idosos em casa
Ao falar sobre queda, prevenção e caminho, o médico ortopedista, Lucas Machado, apontou dados alarmantes relacionados à queda de idosos no ambiente doméstico: mais de um milhão dos registros médicos de internação de idosos têm as quedas como causa. Ele também observou que o custo dessas internações é de aproximadamente dois milhões de reais para os cofres públicos. Lucas pontuou, ainda, o aumento desses registros e reiterou o envelhecimento da população brasileira como responsável.
O médico destacou que algumas quedas causam apenas ferimentos leves, como arranhões e pequenas contusões. Mas chamou atenção para o risco de lesões graves, como traumatismos cranioencefálicos ou na coluna, e relembrou que o envelhecimento ocasiona a perda de massa muscular, podendo aumentar a chance de lesões ortopédicas.
Segundo Lucas, as fraturas de fêmur são as mais graves e destacou que aproximadamente 30% dos pacientes com esse tipo de lesão acabam por falecer no período de um ano após o acidente. “A queda ocasiona uma redução da atividade física e, com essa restrição, diminui a massa muscular, fragilizando ainda mais o idoso e aumentando o risco de novas quedas. É um ciclo vicioso, chamado de síndrome do pós-queda. Essa condição também pode diminuir a autonomia do idoso, pois ele fica receoso de realizar suas atividades”, ressaltou.
O profissional também apontou alguns fatores de risco que podem aumentar a incidência de queda, como a idade avançada, diminuição da capacidade cerebral devido a acidentes vasculares cerebrais (AVC), doença de Parkinson, quadros demenciais, como Alzheimer, o uso abusivo de álcool, que ocasiona atrofia do cerebelo – parte do cérebro responsável pela coordenação motora - uso de muitos medicamentos e consequente tontura, desequilíbrio e passos lentos.
Além disso, infraestrutura inadequada no ambiente doméstico também pode colaborar para queda, como falta de iluminação, escadas sem corrimão, calçados inadequados, altura incorreta de vasos sanitários e outros fatores de perigo, como tapetes, piso escorregadio, especialmente nas áreas molhadas, como banheiro e área externa e corredores muito estreitos. Por fim, o médico considerou que os remédios para dormir podem causar sonolência e ocasionar quedas. Assim, ele apontou que algumas intervenções precisam ser feitas para diminuir a incidência.
Além do aspecto pessoal para evitar as quedas, Lucas também falou sobre a importância de políticas públicas relacionadas ao tema. “É preciso garantir o financiamento do SUS para capacitação dos profissionais, acesso às modalidades terapêuticas, cirurgias de visão e é fundamental fortalecer as unidades básicas de saúde, oferecendo medicamentos e especialidades médicas com atenção especializada. Mas outras políticas públicas também se fazem importantes, como mobilidade e acessibilidade urbanas, além de fomentar o debate”, encerrou.