Médica aborda aspectos relevantes para diagnóstico e tratamento da puberdade precoce
Durante palestra ministrada na audiência da Comissão de Saúde, em andamento na manhã desta terça-feira, 25, a médica interina e gerente da companhia farmacêutica Adium, Luciana Guedes, abordou aspectos importantes para o diagnóstico e tratamento da puberdade precoce. Ela iniciou sua explanação trazendo dados históricos que comprovam a evolução da condição de precocidade, que vem acometendo cada vez mais crianças, sobretudo meninas, nos últimos dois séculos.
A médica explicou que a condição, que acomete meninas antes dos oito anos de idade e meninos antes dos nove, não possui causa conhecida e pode estar associada a vários fatores, envolvendo desde questões nutricionais e genéticas ao ambiente psicológico e socioeconômico em que a criança é criada. "Trata-se uma disfunção que compreende um conjunto de mudanças fisiológicas, bioquímicas, físicas e endócrinas.
O diagnóstico pode ser feito por exames laboratoriais e de imagem. Caso não tratada, a disfunção pode gerar comprometimento de estatura e problemas emocionais e comportamentais significativos, gerando sofrimento por culpa, insegurança, medo e perda de senso de identidade, além de estresse e comportamentos de risco. São crianças que não estão prontas para serem adultos", alertou.
Guedes informou que o tratamento, que se encontra disponível no SUS, visa diminuir a velocidade do crescimento e regular os níveis hormonais a valores fisiológicos esperados. Ele envolve o uso de medicamentos e acompanhamento psicoterapêutico, podendo ser acompanhado por endocrionologista, neurologista, pediatra e profissionais que trabalham com a saúde da família.
A médica chamou atenção para a importância da educação para o diagnóstico. "A educação é ponto chave. O Estatuto da Criança e do Adolescente é uma pérola para esse processo, por identificar as crianças como sujeitos de direito". Ela pontuou que a observação do comportamento das crianças é fundamental e que sinais de alerta envolvem dificuldade de integração, isolamento social, baixa autoestima, dificuldades de aceitação corporal e estresse. A obesidade infantil também pode ser um fator associado.
Por fim, a especialista apresentou pesquisas dos EUA que mostram a relação do quadro com situações de abusos em meninas. "No nosso País, esse é um tema de extrema importância, especialmente para a escola pública", arrematou.