Uma revolução que vale a pena para o Brasil
* Fábio Sousa é deputado estadual, vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Comissão Mista e Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa e primeiro secretário do PSDB
Sempre ouvimos falar de revolução. Principalmente por políticos de esquerda que, em todo o mundo, sempre evocam as históricas revoluções populares para exaltar credos políticos atuais. Vou me unir a esses líderes políticos pedindo uma revolução no Brasil, não com armas ou atos de terrorismo, muito menos com falácias eleitoreiras. Proponho uma revolução econômica para o Brasil.
Não quero grandes alterações na forma com que a economia brasileira está sendo conduzida. Capitaneada pelo goiano Henrique Meirelles, a economia brasileira vai bem, mas em ritmo lento. Precisamos agilizar o crescimento econômico brasileiro, visando alcançar a população.
Digo isto porque o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou um relatório, na semana passada, desanimador. Três quartos da riqueza existente no Brasil está concentrada nas mãos de apenas 10% da população. A informação consta do estudo "Justiça tributária: iniqüidade e desafios", divulgado nesta quinta-feira, 15, pelo presidente do Ipea, Márcio Pochmann. Ele participou de seminário sobre reforma tributária, promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
De acordo com o estudo, o índice de Gini, que mede a desigualdade social de uma população, foi de 0,56 no Brasil em 2006. o índice varia de 0 a 1, sendo 0 a perfeita igualdade e 1 a completa desigualdade. Ou seja, ainda há um grande caminho a percorrer para que tenhamos um País melhor.
Não espero que vivamos em um País comunista. Não concordo com as teorias comunistas e nem com muitas teorias socialistas, entretanto afirmo que precisamos viver em um País onde as suas riquezas sejam melhor distribuídas. Onde toda a população tenha acesso à riqueza de nossa Nação, mesmo que alguns continuem mais ricos do que outros. Mas a população não pode deixar de ter uma participação considerável nessa riqueza.
Eu conheço bem os Estados Unidos. Já estive algumas vezes nessa nação. Meu irmão mais novo mora e estuda nos Estados Unidos. A primeira vez que fui àquela terra, tinha apenas 12 anos de idade e desde então já voltei diversas vezes. Conheço a costa leste inteira dos Estados Unidos - já viajei de carro entre Boston e Miami, passando por cidades como Baltimore, Nova York, Washington e Orlando.
Essa minha viagem deu-me uma profunda admiração pela maior nação do mundo. Admiração não pelo seu protecionismo em relação a outras nações, mas pela forma com que os governantes conseguiram fazer toda a população americana ter acesso à suas riquezas.
Em Nova York, conheci alguns moradores de rua - os chamados "homeless". Eles são bem diferentes dos brasileiros. Os que conheci dormem nas ruas porque querem, já que o governo americano dispõe a eles um lugar para dormir, com banho e alimentação noturna. Eles recebem uma ajuda de cerca de 200 dólares semanais do governo. Um dos homeless que conheci tinha um palmtop para organizar sua "agenda" e todos do grupo geralmente tomavam café-da-manhã no McDonald's.
Um morador de rua nos Estados Unidos vive melhor que muitos brasileiros que moram de aluguel no Brasil. Precisamos mudar o Brasil para que todos possam ter oportunidade de viver melhor.
Não me condenem por achar que não deveria falar bem dos Estados Unidos. Conhecer os Estados Unidos me fez ter um grande sonho, o maior sonho de minha vida: Ver o Brasil ser igual, ou melhor, do que os Estados Unidos.
Parece quase impossível, eu sei. Mas também sei que se deixarmos o nosso partidarismo de lado e lutarmos para que as oportunidades sejam criadas de igual forma a todos os brasileiros, poderemos, no futuro próximo, ter as riquezas brasileiras melhor distribuídas e num futuro um pouco distante, uma Nação rica, com o povo rico, desenvolvida para dar aos nossos filhos dias melhores.
Atrevo-me a ter esse sonho. Sonho com uma revolução que valerá a pena.