Por iniciativa do deputado Gugu Nader (Avante), a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) realizou, na manhã desta terça-feira, 25, audiência pública para discutir sobre a segurança nos rodeios.

Além do parlamentar, compuseram a mesa de trabalhos o deputado Amauri Ribeiro (UB); o presidente da Federação Goiana de Rodeios, Nilson de Jesus; o vice-presidente da Federação Goiana de Rodeios, Lázaro Santos; a advogada da Federação Goiana de Rodeios, Elaine Pereira de Oliveira; e o conselheiro administrativo da Federação Goiana de Rodeios Aldrin Cesar dos Santos.

Nader, em seu discurso, enfatizou a importância da regulamentação para garantir a segurança de todos os envolvidos nos rodeios. “Essa audiência pública é determinante para assegurar a segurança das pessoas nos rodeios, a proteção dos animais, dos peões, dos organizadores dos eventos, dos municípios e do Estado. Nossa responsabilidade aqui é fundamentar tudo de forma precisa, garantindo total legalidade e respeito à Constituição”, argumentou.

O legislador destacou que o objetivo da discussão não é só criar uma nova lei, mas aprimorar as normas existentes. “Não estamos criando um novo regulamento, e sim aperfeiçoando e colocando todos em uma situação de segurança, tanto perante o poder público quanto o Ministério do Trabalho”, reiterou.

Selo Legal do Rodeio

Presidente da Federação Goiana de Rodeios, Nilson de Jesus ressaltou a relevância da criação do Selo Legal do Rodeio como um mecanismo de segurança para todos os envolvidos nos eventos. “O mais importante é lançar o Selo Legal do Rodeio, porque quem adquirir esse selo terá a garantia de segurança, tanto os profissionais do rodeio quanto os contratantes, prefeitos e presidentes de sindicatos. Ao obedecer às normas do selo, todos estarão protegidos de qualquer irregularidade”, assegurou.

Jesus enfatizou a importância da filiação dos profissionais à federação, garantindo maior respaldo e credibilidade do setor. “Dentro do manual do rodeio, há muitas informações essenciais, e vamos encaminhá-las para que todos tenham conhecimento desse projeto que visa a fortalecer e regulamentar o rodeio em Goiás”, concluiu.

O juiz de Rodeio Rafael Machado também destacou a importância do Selo Legal do Rodeio para garantir segurança, organização e bem-estar animal nos eventos. Ele ressaltou que o selo não cria novas normas, mas assegura o cumprimento das legislações já existentes. “Nosso foco principal é garantir a fiscalização sanitária conforme as leis, além de seguir as normas de realização e controle sanitário dos eventos agropecuários. A Agrodefesa [Agência Goiana de Defesa Agropecuária] tem um papel fundamental nessa fiscalização, e nós, como federação, reforçamos o compromisso com as práticas de bem-estar animal. Todos nós, profissionais do rodeio, zelamos pelos animais”, afirmou.

Machado enfatizou que o selo é uma forma de profissionalizar ainda mais o setor, exigindo padrões rigorosos de segurança para organizadores, promotores, veterinários e demais envolvidos nos rodeios. “Nosso objetivo é garantir os mais altos padrões de legalidade, segurança e respeito às normas. Precisamos assegurar que todas as exigências sejam cumpridas – desde competidores e tropeiros até os organizadores e o público”, confirmou.

Outro ponto abordado foi a necessidade de resgatar o público familiar para os rodeios. “Sabemos que, em algumas cidades, questões estruturais e de horários afastaram muitas famílias. Com esse selo, queremos oferecer um ambiente profissional e seguro, onde todos possam desfrutar do rodeio com tranquilidade”, finalizou.

Segurança

A advogada da Federação Goiana de Rodeios, Elaine Pereira de Oliveira, destacou a importância da segurança e do cumprimento das normas para garantir eventos cada vez mais organizados e responsáveis. “O rodeio é um elo que nos conecta às nossas raízes e ao campo. Por isso, a segurança em cada etapa dessa celebração é prioridade inegociável. Realizar um evento dessa magnitude exige, além de paixão, uma estrutura sólida e segura para todos os envolvidos, sejam competidores, organizadores, trabalhadores, animais e público”, informou.

A profissional ressaltou que a Federação Goiana de Rodeios tem trabalhado ativamente para garantir que os eventos sejam realizados dentro das normas estabelecidas, oferecendo suporte completo aos filiados: “Nosso compromisso não se limita a regulamentar competições, mas sim a construir um ambiente onde cada participante esteja amparado e protegido”.

A advogada argumentou que a estrutura de suporte da federação inclui desde a emissão de alvarás até a criação e o acompanhamento da execução de regulamentos de segurança. Além disso, a FGR oferece assistência jurídica em todas as etapas, incluindo contratação de seguro, cumprimento das obrigações previdenciárias e elaboração de contratos trabalhistas e cíveis.

Outro ponto de destaque foi o compromisso com o bem-estar animal. “Nos preocupamos em garantir que os rodeios sejam realizados de forma ética, respeitando todas as normas de proteção animal. Trabalhamos para que cada evento seja uma verdadeira celebração da tradição, mas também um espaço de responsabilidade, onde respeito e segurança sejam prioridades”, reforçou Elaine.

Por fim, a advogada ressaltou que a federação está comprometida com a melhoria contínua dos rodeios, por meio do Manual do Rodeio Legal, além de debates e atualizações constantes para capacitar todos os envolvidos. “Acreditamos que segurança e tradição podem caminhar juntas. Convidamos a todos para se unirem a nós nessa missão de tornar os rodeios cada vez mais seguros, justos e responsáveis”, concluiu.

Cultura

O deputado Amauri Ribeiro enfatizou a importância dos rodeios para a cultura e a economia do Estado, além de reforçar a luta pela regulamentação das estruturas utilizadas nos eventos. “Os rodeios fazem parte da história do nosso Estado e do Brasil. É fundamental que continuemos defendendo essa tradição, garantindo segurança e melhores condições para todos os envolvidos. Há anos, estamos em diálogo com o Corpo de Bombeiros para ajustar normas que impactam diretamente na realização dos eventos, como a ampliação das arquibancadas de 50 para 70 centímetros. Essa é uma luta que seguimos adiando, mas que precisa avançar para evitar prejuízos aos rodeios em Goiás”, afirmou.

Além disso, o parlamentar convidou os presentes para a Festa dos Muladeiros, evento tradicional que acontece de 25 a 30 deste mês na Capital goiana. “Hoje, começa a Festa dos Muladeiros, um evento grandioso que conta com cavalgadas, exposições e a presença do nosso governador. Quem quiser relembrar como era o Parque de Exposições há 30 anos, vale a pena conferir a estrutura montada para essa celebração”, disse.

Por fim, Ribeiro reforçou seu compromisso com os rodeios e eventos agropecuários em Goiás: “Coloco-me à disposição para continuar lutando por essa causa ao lado dos organizadores e de todos que valorizam essa tradição. Contem comigo para defender e fortalecer os rodeios em nosso Estado”.

Debate

Posteriormente, Gugu Nader abriu espaço para o público, permitindo que prefeitos, atletas de rodeio e organizadores debatessem sobre possíveis melhorias e ajustes a serem implementados.

Prefeita de Buriti de Goiás, Átila de Deus (UB) trouxe à evidência um problema preocupante enfrentado por competidores: a falta de estrutura e apoio para os peões, especialmente em relação à alimentação e condições básicas durante os eventos. “Recebemos relatos de peões que passaram o dia inteiro sem comer por falta de condições financeiras. São pessoas que sonham em competir, em conquistar um título, mas que, muitas vezes, enfrentam dificuldades extremas para participar dos rodeios”, ressaltou.

Átila ressaltou que, diante dessa realidade, é essencial que a Federação Goiana de Rodeio e os organizadores dos eventos garantam suporte adequado aos competidores, incluindo alimentação e condições dignas para aqueles que dedicam sua vida ao esporte. “Não podemos fechar os olhos para essa questão. Precisamos garantir que o rodeio seja um ambiente onde todos tenham condições de competir com dignidade”, afirmou.

O deputado Amauri Ribeiro reforçou a fala de Átila durante o debate destacando a importância de garantir melhores condições para os peões, que muitas vezes enfrentam dificuldades financeiras para competir. “Muitos acreditam que os peões têm condições financeiras, mas a realidade é o contrário. A maioria não tem. Recebo ligações de competidores pedindo ajuda até para pagar a passagem”, contou.

Ribeiro disse que as companhias organizadoras têm a obrigação de oferecer alimentação e suporte básico aos competidores, pois sem os peões, os rodeios não aconteceriam. Além disso, criticou o fato de que, muitas vezes, se dá mais atenção aos animais do que aos próprios profissionais do rodeio. “Fala-se muito do bem-estar animal, e isso é importante. Mas não podemos esquecer do ser humano. Precisamos garantir condições dignas para os peões", reforçou.

Proprietário de uma companhia de rodeio, Luiz Maronezi explicou que sobre a questão da alimentação dos peões, atualmente, muitas companhias não têm controle sobre os competidores que participam dos eventos, pois a contratação dos profissionais e a definição de premiações são feitas pelos organizadores locais. “A responsabilidade da alimentação e das condições oferecidas precisa ser discutida diretamente com quem contrata. A companhia de rodeio, muitas vezes, entra apenas com a estrutura e não tem envolvimento com os demais aspectos do evento”, afirmou.

O peão de rodeio Lindomar Lino destacou a necessidade de mais reconhecimento e melhores condições para os profissionais do rodeio. Representando os competidores e a Associação dos Competidores de Rodeio (ACG), ele enfatizou que muitos atletas passam por dificuldades financeiras e enfrentam desafios para seguir na profissão. “Quando eu comecei no rodeio, ficava muito tempo sem ganhar nada. Hoje, queremos mudanças. Precisamos valorizar os competidores, oferecer premiações mais justas, alimentação e hospedagem adequadas”, declarou.

Lino também agradeceu às companhias de rodeio que têm consciência da importância dos competidores e buscam melhorar as condições oferecidas a eles. Ele reforçou que a luta por melhores premiações e suporte não é apenas um pedido, mas uma necessidade para manter viva a tradição do rodeio e garantir a dignidade dos profissionais do setor.