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Força no pedal!

15 de Abril de 2025 às 09:45
Crédito: Divulgação
Força no pedal!
Dia Mundial do Ciclista

Ciclismo traz diversos benefícios físicos e mentais a praticantes e contribui para a sustentabilidade e a redução do tráfego nas cidades. Parlamento goiano já aprovou projeto que visa à proteção de ciclistas.

"Um dia para celebrar nosso esporte e também lutar por mais apoio e conscientização", assim o presidente da Federação Goiana de Ciclismo (FGC), William Lara, define o Dia Mundial do Ciclista. Comemorada em 15 de abril, a data é uma oportunidade para refletir sobre os benefícios desse estilo de vida e a necessidade de políticas públicas que incentivem o uso cotidiano da bicicleta.

Seja em busca de  condicionamento físico ou de um meio de transporte mais acessível, quem leva a vida sobre duas rodas faz parte de um movimento que, silenciosamente e no mundo todo, transforma cidades e pessoas.

Hernesto Lins é pesquisador legislativo na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e, há 13 anos, fez da bike uma companhia inseparável. Atualmente, ele percorre 350 km por semana, totalizando 40 horas de bicicleta por mês. "Semanalmente, são quatro dias de treinamento mais intenso e três dias de academia para fortalecimento muscular, quando também subo na bike para um treino regenerativo de 25 km. Aos fins de semana, faço um 'longão' na estrada", detalha Lins, que possui quatro bicicletas e alguns troféus de competições ciclísticas.  

Benefícios

O servidor também relata que continua com a mesma empolgação de quando iniciou no esporte e que observa resultados positivos do ciclismo sobre sua saúde física e mental. "Meus exames estão como de uma criança. Me alimento bem, lucidez e raciocínio nas alturas e disposição de um jovem. Então, minha meta é permanecer no ciclismo enquanto eu puder", planeja. 

O deputado Gustavo Sebba (PSDB), médico e presidente da Comissão de Saúde da Alego, considera que incentivar a prática do ciclismo é fundamental tanto para a saúde pública quanto para a mobilidade urbana. "O ciclismo possibilita melhoria da saúde cardiovascular, controle de peso corporal e redução do estresse. Além disso, ao promover o uso da bicicleta, contribuímos para a diminuição do tráfego de veículos motorizados, resultando em menor emissão de poluentes e cidades mais saudáveis e sustentáveis", elenca o parlamentar.

Quem também tem uma história de amor com as bikes é a locutora publicitária Débis Cândido, que participa de grupos de pedal desde 2018 e define que pedalar é estar em contato consigo mesma. "É muito mais que um treino cardiovascular, é uma sintonia com o que sou. Quando pego uma estrada de terra e fico observando a paisagem, vejo que o mundo faz sentido. Pedalar é meditação em movimento. Por isso, me desestressa e me ajuda a encarar a rotina", reflete. 

Sebba também aborda o tema sob uma perspectiva pessoal e cheia de memórias afetivas. Natural de Catalão, o deputado lembra que, na infância, ia de bicicleta para a escola todos os dias. "Naquela época, a segurança não era um problema. As ruas eram mais tranquilas, o trânsito era mais respeitoso e havia um sentimento de comunidade, que protegia quem estava de bike. Lembro com carinho da sensação de liberdade que a bicicleta proporcionava e isso me acompanha até hoje." 

Mais segurança

Com o passar dos anos e o aumento do fluxo de veículos, o trânsito foi se transformando em uma arma letal. A Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) reuniu dados do Sistema Único de Saúde (SUS) para demonstrar as "causas de internações por sinistros de transporte". Entre os ciclistas, houve um crescimento constante ao longo da última década. Enquanto em 2014, o SUS registrou 9.238 internações de ciclistas por acidentes de trânsito, em 2023 esse número avançou para 15.573, totalizando quase 130 mil casos nesse intervalo de nove anos. No mesmo levantamento, a Abramet considerou Goiás como o estado mais perigoso para quem anda de bicicleta. 

Há três anos, Vitor Emanuel Batista percorre cerca de 20 km de bike todos os dias. A opção por esse meio de transporte, porém, foi uma necessidade financeira. Vendedor de frutas, o jovem constata que, somando seu peso e as mercadorias, chega a carregar 220 quilos na bicicleta. Ele conta que, se pudesse escolher, não se exporia tanto aos riscos do trânsito, pois já sofreu dois acidentes e se sente constantemente ameaçado. "Sempre que vejo um caminhão ou um ônibus, eu prefiro entrar em uma rua aleatória só para deixar eles passarem. Vários motoristas de veículos grandes pressionam os ciclistas de um jeito muito perigoso", lamenta o vendedor.

Vitor acrescenta que, no intenso trânsito de Goiânia, sente muita falta de faixas exclusivas e de fiscalização para que os motoristas respeitem as ciclovias que já existem.

Segundo o presidente da FGC, para que os atletas não precisem disputar espaço entre carros, a fim de garantir uma prática mais segura do esporte, algumas alternativas precisam ser implementadas. "Temos duas demandas para Goiás: um velódromo, que é uma pista artificial que recebe ciclistas para treinamentos e competições; e uma pista de BMX Supercross, que é considerada a porta de entrada para o ciclismo, já que atende atletas de todas as idades", explica William Lara. 

No Parlamento

Está em tramitação na Casa de Leis o projeto de lei nº 7086/25, do deputado Gustavo Sebba, que versa sobre a necessidade de melhorias nas sinalizações das rodovias goianas, visando à proteção de ciclistas e corredores. A proposta quer tornar obrigatória a existência de itens como placas que alertem sobre a presença de ciclistas e corredores nas rodovias; faixas exclusivas ou preferenciais para o referido público; zonas de desaceleração nas áreas de concentração desses grupos; instalação de sinalizadores luminosos e reforço da sinalização horizontal e vertical nas rodovias.

O projeto preconiza, ainda, que a melhoria das sinalizações deve ser realizada de maneira prioritária em rodovias que possuam maior concentração de acidentes envolvendo ciclistas e corredores e trechos de rodovias próximas a áreas urbanas e rurais com maior fluxo de pessoas praticando atividades esportivas ao ar livre. 

Por iniciativa do deputado Coronel Adailton (Solidariedade), a Alego aprovou a Política Estadual de Incentivo ao Cicloturismo (Lei nº 21.542/22). Esse dispositivo legal tem como focos incentivar o uso da bicicleta e o turismo ecológico; melhorar a saúde e bem-estar dos cidadãos por meio da promoção do lazer e da atividade física; e promover a mobilidade e a acessibilidade.

Presidente da Comissão de Turismo, Adailton afirma que a difusão dessa prática esportiva gera vantagens em cadeia. "A criação de variados circuitos de cicloturismo encoraja novos adeptos e valoriza a bicicleta como veículo de transporte nos municípios envolvidos, provocando um benefício em cadeia para toda a sociedade", expõe. 

Em 2023, a Alego realizou, em parceria com a TV Record Goiás, a 30ª edição do Bora de Bike, um passeio ciclístico de 15 quilômetros. O estacionamento do Palácio Maguito Vilela foi o ponto de concentração e o circuito passou pelas ruas do Jardim Goiás, Alto da Glória e Park Lozandes. O evento contou com a participação de 5.600 inscritos, entre eles o presidente da Casa, deputado Bruno Peixoto (UB). "Tenho certeza de que, juntos, podemos construir um trânsito cada vez melhor e mais seguro para todos", destacou o líder do Legislativo goiano, na ocasião. 

Agência Assembleia de Notícias - Reportagem: Fran Rodrigues
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