Amauri Ribeiro questiona política de cotas raciais em debate sobre projeto relacionado ao assunto
Durante a fase de discussão de matérias da sessão deliberativa ordinária realizada na tarde desta terça-feira, 15, no Plenário Iris Rezende, o deputado Amauri Ribeiro (UB) se manifestou contrariamente ao projeto de lei nº 7651/25, que propõe a reserva de 20% das vagas em concursos públicos e processos seletivos simplificados estaduais para candidatos negros.
Em seu discurso, o parlamentar defendeu o princípio da igualdade previsto na Constituição Federal e afirmou que, em sua visão, as políticas de cotas raciais promovem privilégios indevidos e acabam gerando desigualdade. “Nós temos a igualdade. A desigualdade está em dar privilégios e preferências para alguns ou para outros. Isso fere o direito de igualdade que está dentro da Constituição”, argumentou.
Amauri classificou as cotas como uma forma de “racismo explícito”, ao sugerirem que pessoas negras precisariam de benefícios para alcançar os mesmos resultados. “O direito de cota, para mim, é um racismo explícito, dizendo que uma pessoa tem direito à cota porque é menos inteligente? Por qual motivo?”, questionou.
Ribeiro também citou o colega, deputado Coronel Adailton (Solidariedade), como exemplo de superação pessoal, destacando que, mesmo tendo estudado em escola pública, foi o primeiro colocado em sua turma. “Ele foi o primeiro da turma porque a sua cor não alterou o seu pensamento e a sua vontade de crescer na vida”, destacou.
Ainda durante o discurso, o legislador rebateu dados apresentados em outras ocasiões por parlamentares sobre a população carcerária brasileira e a presença de negros na zona rural. “Foi dito que, dentro das cadeias brasileiras, de cada 10 presos, 8 são negros. Mentira. Eu cresci na zona rural, onde não existem só negros, como foi afirmado”, disse.
Ao criticar os critérios de admissão baseados em cotas, o deputado considerou como injustiça que candidatos com desempenho inferior sejam aprovados em decorrência da cor da pele. “A pessoa entra na universidade pela cota, tira nota 5, e uma pessoa branca tira 9, mas não entra. Isso é discriminação”, afirmou.
O parlamentar também relembrou episódio ocorrido na Alego envolvendo o próprio Coronel Adailton, que, ao votar contra um projeto voltado à população negra, teria sido alvo de comentários pejorativos. “Ele foi chamado de ‘loirão do olho azul do Rio Grande do Sul’. Isso, sim, é racismo. Porque ele foi julgado pela cor e não pela opinião”, denunciou.
Ao final de sua fala, Amauri Ribeiro reiterou seu posicionamento contra o sistema de cotas e exaltou o mérito individual como caminho para a ascensão social. “O meu diploma quem me deu foi a vida. Nunca subi nessa tribuna pra me queixar de ter trabalhado na roça. E não acho que por ter origem humilde eu mereça cota. Tenho certeza de que o Coronel Adailton chegou aqui pelo seu mérito e pela sua inteligência. Não pela sua cor”, concluiu.