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Governadoria quer data oficial para homenagear Aldeia Buridina, da etnia Iny

11 de Dezembro de 2025 às 14:00

Em trâmite na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), uma iniciativa legislativa assinada pela Governadoria pretende instituir 12 de setembro como Dia Estadual da Fundação da Aldeia Buridina, da etnia Iny. A matéria, contida no processo nº 31442/25, tem a relevância histórica, social e cultural dessa população como base para estimular ações educativas, culturais e institucionais em Goiás.

Na motivação da pauta, o governador Ronaldo Caiado (UB) explica que a iniciativa é da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Seds). A pasta defende o papel fundamental da etnia Iny, também conhecida como Iny-Karajá, na história, na cultura e na identidade goianas. Entretanto, pontua o Executivo, o reconhecimento institucional das aldeias como espaços de memória ainda é insuficiente, justificando a proposição.

É nesse contexto de reconhecimento que a Seds quer homenagear a Aldeia Buridina, em Aruanã. A instituição do dia 12 de setembro foi escolhida como data simbólica de sua fundação por corresponder a homologação oficial de seu território. A Seds argumenta, ainda, que a criação da data atende a uma demanda da comunidade e fortalece sua identidade, além de permitir a celebração de sua história e sua cultura.

A secretaria aponta que a homologação da Terra Indígena Aruanã I, via Decreto n° 9.023/00, representou um marco ao assegurar a proteção do território tradicional. Desde então, a comunidade se fortaleceu por meio de iniciativas voltadas ao resgate cultural e à geração de oportunidades. Como exemplos desses avanços a Seds aponta o Museu Maurehi, que valoriza o artesanato; o Colégio Estadual Indígena Maurehi, que assegura o ensino da língua materna, a Educação Básica e a transmissão de saberes; e o Porto Maurehi, que emprega barqueiros indígenas e contribui para o desenvolvimento sustentável da aldeia.

Trâmite Legislativo

O projeto de lei foi aprovado na Comissão Mista da Alego e, agora, aguarda análise do Plenário da Casa de Leis. A Governadoria declara, ainda, que a instituição da data comemorativa contribuirá não apenas para a valorização cultural da Aldeia Buridina, mas também para fortalecer políticas públicas de inclusão e proteção dos direitos indígenas, ao incentivar a ampliação de projetos voltados ao desenvolvimento sustentável e à melhoria das condições de vida dessas populações.

Iny

De acordo com o Observatório dos Povos Indígenas de Goiás, da Universidade Federal de Goiás (UFG), o nome Karajá, e não Iny, foi, durante muitos anos, a designação herdada da prática colonial dos bandeirantes. A incorporação de nomes de origem tupi para nomear outros povos — notadamente inimigos ou grupos com os quais disputavam territórios – foi resultado de tal costume, hoje questionado.

A literatura consolidou esse uso, inclusive em diversos estudos etnográficos. Com o avanço dos estudos linguísticos brasileiros e, sobretudo, com as pesquisas produzidas pelos próprios membros do grupo, passou-se a adotar o nome de autodesignação na língua nativa: Iny, que é como se referem a si mesmos.

Como o nome Karajá se tornou amplamente conhecido na literatura antropológica e no imaginário nacional, a identificação do grupo encontra-se atualmente em uma fase de transição, sendo designado como Iny-Karajá — processo semelhante ao que ocorre com vários outros povos indígenas no Brasil que buscam afirmar suas autodenominações.

Agência Assembleia de Notícias
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