Moralização
Ao chegar para a solenidade de abertura do I Fórum de Integração do Legislativo, o senador Marconi Perillo (PSDB), primeiro vice-presidente do Senado da República, concedeu entrevista coletiva à imprensa. Em resposta a uma pergunta de um repórter da Agência Assembleia de Notícias, sobre ética no Congresso Nacional, ele afirmou que a atual Mesa Diretora do Senado começa a moralizar aquela Casa de leis.
Marconi Perillo frisou que já houve alguns avanços nesse sentido com o trabalho que vem sendo realizado pela atual Mesa Diretora, da qual ele faz parte. “Melhorou muito. Tínhamos vícios históricos, desde a fundação de Brasília. Alguns vícios que precisavam ser corrigidos e, felizmente, essa Mesa, da qual faço parte, começa a corrigir. Esses equívocos todos começam a ser reparados. E começa a moralizar de vez o Senado”, afirmou o senador goiano.
Sobre a idéia de um terceiro mandato para o presidente Lula, defendida por alguns setores, Marconi Perillo disse não crer que haja clima no Brasil para uma “venezualização”. Pelo que percebe, acredita que o próprio Governo considera descartável essa hipótese, até por entender que ela pode manchar biografias. “E não creio que o presidente Lula queira sujar a biografia dele, tomando uma atitude, uma iniciativa como esta”, colocou, acrescentando que o Brasil tem uma democracia sólida hoje. “Estou convencido de que essa democracia vai prosseguir se consolidando cada vez mais, com alternância de poder”, enfatizou.
Poupança
Com relação ao projeto do Governo para cobrar imposto dos depósitos em Caderneta de Poupança, Marconi Perillo foi duro: “Considero isso algo execrável, inimaginável. Quem tentou isso pela última vez foi o presidente Collor e deu no que deu: ele não se saiu bem. A poupança é sagrada.
Para o senador, o brasileiro, principalmente o mais pobre, faz um sacrifício muito grande, às vezes deixa até de comprar alimentos, para fazer a poupançazinha dele, acreditando nas regras e na segurança jurídica. À medida que o Governo resolve cobrar imposto em relação à poupança, certamente que vai desestimular o cidadão a poupar; e isso vai significar um golpe duro em relação aos poupadores, principalmente os pequenos”.
Marconi Perillo falou também sobre o projeto que relatou no Senado, propondo mais duas faixas intermediárias para o Imposto de Renda: ”Procurei manter o projeto que veio da Câmara, para colaborar com a desoneração da economia, com a diminuição de impostos em várias áreas, principalmente PIS, Cofins e outros impostos federais. Eu creio que, com essa desoneração, estamos dando alguns passos para a superação de uma crise, que é muito forte”.
O senador falou também do projeto de sua autoria, que propõe cotas sociais, ao invés de raciais. “Não há como combater um tipo de discriminação, criando outra discriminação. O que se pretende, com os projetos de cotas raciais, é combater a discriminação racial. Mas ao fazer isso, a discriminação é com os brancos pobres; o que se pretende com as cotas sociais é valorizar e dar apoio a todas as pessoas pobres oriundas das escolas públicas, sejam elas negras, pardas, índios, deficientes ou brancas”, argumentou.
Questionado se o PSDB vai mesmo caminhar junto com o PP, em Goiás, com vistas às eleições majoritárias de 2010, o senador tucano respondeu assim: “Está muito longe ainda. Nós esperamos contar com o maior número possível de partidos. Até lá, ninguém sabe o que vai acontecer em níveis nacional e local. Portanto, é muito cedo para a gente falar disso”. Sobre o convite que fez a Henrique Meirelles para retornar ao PSDB, Marconi frisou que isso foi feito há um mês e que o atual presidente do Banco Central ficou satisfeito. “Ele agiu com a tranquilidade das conversas que temos”, arrematou.