Poder público e a (falta de) responsabilidade com a dengue
* Daniel Goulart é deputado estadual e vice-presidente do PSDB goiano (www.danielgoulart.com/ danielgoulart@assembleia.go.gov.br)
Os últimos dados divulgados sobre a dengue em Goiás trouxeram números alarmantes. É preocupante a proporção que o avanço da doença vem tomando. São 350% de casos a mais em relação ao mesmo período no ano passado. Só até meados do mês de dezembro, mil casos foram notificados em Goiânia.
Um alerta vermelho à população e, principalmente, ao Poder Público, que não vem dando um bom exemplo. É claro que no combate à dengue parte da responsabilidade é de todos nós, afinal a água parada que muitas vezes esquecemos num vasinho de flor ou na calha pode ser um propenso foco criador do mosquito transmissor. O que não exime os governos de suas ações e também de fazer o dever de casa, o que muitas vezes não tem acontecido.
A imprensa local noticiou há poucos dias algo absurdo. Criadouros do mosquito em hospitais públicos da capital, inclusive naqueles que deveriam cuidar das vítimas da doença. No Hospital de Doenças Tropicais (HDT), cerca de 13 focos do mosquito foram encontrados, tanto em volta do prédio, como na calha. Também neste mês de dezembro, foram encontrados vários focos do mosquito no Hospital Geral de Goiânia (HGG). E, pasmem: 24 focos no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Pelo visto, falta eficiência dos governos do Estado e do Município em todos os sentidos, inclusive em promover campanhas publicitárias que, pelo jeito, precisa informar até mesmo o público interno.
Aliás, a Prefeitura de Goiânia, que vem investindo em mídias até mesmo em cidades do interior, poderia aproveitar o espaço e divulgar à sociedade as maneiras de como evitar a proliferação do mosquito e também os sintomas da doença. Os meios de comunicação são uma arma poderosa em casos como esse em que informação nunca é demais.
Outro aspecto preocupante em relação à dengue é a evolução que ela teve nos últimos anos. Agora, pela primeira vez, os três tipos de vírus causadores da doença foram encontrados numa mesma época. Os levantamentos da secretaria de Saúde também revelam que o grau de letalidade da dengue aumentou. 25 óbitos foram registrados de janeiro até início de dezembro. Em 2009, essa taxa chegou a 8,5%, sendo que o aceitável pela Organização Mundial de Saúde é de 1%.
Os números relacionados a dengue são muitos, são altos e são frios. O mais triste em ver um aumento absurdo como esse das estatísticas é saber que nelas estão Marias, Josés, Augustos, Joanas, enfim, seres humanos. Muitos deles perderam suas vidas por causa de um mosquito. Seja pelo descuido que todos nós estamos suscetíveis, seja pelo descuido do próprio Poder Público, o que é ainda mais grave. É preciso que todos estejamos unidos para que estatísticas como essa deixem de existir.