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Polícia Militar: instituição de heróis ou vilões?

23 de Março de 2010 às 09:31
Artigo do deputado Daniel Messac (PSDB) publicado no jornal Diário da Manhã, edição de 22.03.2010.
*  Daniel Messac é deputado estadual (PSDB), filósofo e teólogo (dmessac@hotmail.com)



É motivo de veemente repugnância a vida criminosa de um sargento da PM, preso numa operação bem planejada da Polícia Civil, com o apoio estratégico da Polícia Rodoviária Federal, do Ministério Público e da própria Polícia Militar. Paira sobre ele a gravíssima acusação de liderar um grupo de extermínio com atuação em Goiás e no Mato Grosso.

Foge completamente aos mínimos padrões éticos em plena efervescência do século XXI, a conduta de um membro de corporação fardada, organizada militarmente, preparada para defender a sociedade e essencial para a manutenção da ordem pública, que salta para o lamaçal do banditismo. Na sua explosiva ficha criminal constam pelo menos cinco homicídios, praticados sob encomenda ou no chamado acerto de contas com ex-integrantes de sua própria quadrilha.
Não obstante a justa indignação do cidadão comum, ao se surpreender com a notícia de um profissional da segurança, usando farda, armamento e veículos da corporação para fazer o papel inverso, isto é, cometer delitos, o caso exige uma reflexão mais lapidada.
Toda uma instituição pode ser condenada por desvios cometidos por alguns de seus membros? É justo massacrar a imagem de uma corporação secular e respeitada, se um de seus integrantes desrespeita e agride o ordenamento legal vigente no país? Qual segmento ou instituição não tem as suas ovelhas negras? Existe algum agrupamento organizado de pessoas totalmente perfeito? Só Deus tem o dom da perfeição.
É preciso ter mais cuidado nas análises, pois, aqueles que se arvoram nos ataques incisivos à PM por atos criminosos executados por algum membro da corporação, praça ou oficial, tem os olhos fechados para a realidade. É uma brutal irresponsabilidade tentar enlamear a imagem de uma instituição que tem 151 anos de serviços prestados à sociedade e que é patrimônio de todos os goianos, devido ao desvio de um sargento. A PM pode ser bode expiatório por causa de alguém que veste a farda, mas não honra o seu juramento?
Não há seres humanos perfeitos nem tampouco instituições que só tenham mulheres e homens honestos e íntegros. Seja na Polícia Militar, na Polícia Federal, na Polícia Civil, na área médica, na magistratura, na advocacia, no Ministério Público, enfim, em todo e qualquer segmento há pessoas honestas, íntegras, e de conduta ilibada. Todavia, nesses mesmos ambientes existem também os pervertidos, aqueles se destacam pelo lado negativo.
Entretanto, a corporação policial militar de Goiás jamais compactua com os descaminhos de algum de seus quadros. A instituição dispõe de ferramentas e as utiliza com muita firmeza para coibir qualquer excesso no seio da tropa, sem distinção. A maior prova é a transparente apresentação das estatísticas pela corporação, incluindo os desvios de seu pessoal e as punições sofridas pelos maus.
Em 2008, 37 militares foram excluídos da PM e no ano passado, outros 37, todos eles por desvio de conduta. O Comando não vacila e nem admite complascência quando um mau policial – fato raro e tremenda exceção à regra geral - tenta sujar a imagem da instituição e dos bons militares, que formam a esmagadora maioria da tropa. Bandido não fica na PM. Logo vem a punição, na forma da lei, seja o infrator soldado, sargento, tenente ou coronel.
Apesar desses fatos profundamente lamentáveis, mas esporádicos, a instituição PM é digna de um valor imensurável e tem uma importância vital para a sociedade. Ela tem plena compreensão de suas atribuições e responsabilidades no estado democrático de direito e não abre mão de ser a sua permanente guardiã.
Os tempos negros da ditadura passaram. Hoje a PM prima pela garantia da segurança pública, em consonância com o ordenamento constitucional. Para ingressar em seus quadros, o cidadão precisa participar de um rigoroso processo de seleção, preencher requisitos, como: idoneidade moral, condições psicológicas e físicas e submeter-se ao concurso público. Uma vez selecionado, ele passa por um intenso processo formativo, que é desenvolvido por meio do ensino, treinamento, pesquisa e extensão, que permite ao militar adquirir competências que o habilitem ao exercício dessa nobre profissão.
A Polícia Militar é uma instituição gloriosa, que merece o respeito da sociedade. É uma das raras instituições compostas por profissionais que, no cumprimento de seu dever legal, estão sujeitos a serem abatidos no combate ao crime, como ocorre de vez em quando, mas a mídia dá pouca importância, e em defesa do cidadão de bem. Onde está a preservação da honra e da memória de tantos policiais militares que sacrificaram suas próprias vidas, derramaram o seu sangue ou se tornaram inválidos na árdua missão de dar proteção à sociedade?
Os policiais militares são verdadeiros heróis do povo, que dedicam e entregam com espírito cívico e patriótico, não apenas o seu suor, mas também o seu sangue e até mesmo o seu bem maior, qual seja, a própria vida na defesa do Estado Democrático de Direito.


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