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O Brasil está em festa com as Cavalhadas de Pirenópolis

25 de Maio de 2010 às 17:56
Artigo do deputado Iso Moreira (PSDB) publicado no jornal Diário da Manhã, edição de 25.05.2010.
* Iso Moreira é empresário rural e urbano, e deputado estadual pelo PSDB


A população de Pirenópolis, porque não dizer de Goiás e do Brasil, está em festa, com as Cavalhadas, cuja abertura ocorreu domingo, 23 de maio. As Cavalhadas de Pirenópolis, considerada uma das mais expressivas do Brasil, é um longo ritual de três dias seguidos, cujos preparativos começam uma quinzena antes, no início da Festa do Divino, que é marcada pela saída da Folia. A encenação, que é a expressão máxima do evento, se dá em três dias e é composta por músicas específicas, carreiras equestres coreografadas, diálogos, exercícios e torneios à moda medieval.

A hierarquia dos exércitos da Cavalhadas segue, tanto para os cristãos como para os mouros, a seguinte ordem: dos doze cavaleiros, temos no mais alto posto o Rei, abaixo deste temos o Embaixador e seguindo abaixo os dez restantes cavaleiros. O último cavaleiro só subirá de posto se houver morte ou desistência de algum outro acima, o mesmo acontece com o Embaixador, que só tornar-se-á Rei se o próprio Rei morrer ou desistir.

Depois de reunido os dois exércitos, estes seguem em fila hierárquica, com o Rei a frente para a casa de um cidadão que se prontificou a lhes fornecer, por cortesia e respeito, o desjejum matinal, chamado de "Farofa". Neste vai e vem de cavaleiros cavalgando pelas ruas da cidade, não podem os cavaleiros cristãos se encontrarem com os mouros, a não ser na ocasião da Farofa e posteriormente no ensaio. Na Farofa é servido café, biscoitos, sucos, refrigerantes, bebidas alcoólicas e a "Farofa" propriamente dita, iguaria derivada das antigas tropas que vazavam os sertões, composta de farinha de mandioca e carnes secas.

Os cavaleiros, nesta ocasião, rezam em grupo e dançam a Catira, uma dança folclórica onde se enfileiram frente a frente os 24 cavaleiros e, embalados por violas, pandeiros e canções, batem palmas e pés no ritmo cadenciado e típico. Após o agradecimento, que é feito em forma de cantilenas, ao dono da casa que ofereceu a Farofa, partem para o campo de ensaio. No Domingo do Divino é repetido o mesmo ritual de recolhimento da tropa, só que ao meio dia, sem Banda e sem Farofa, e devidamente paramentados.

Todas vestimentas são ricamente ornamentadas com plumas, metais polidos, pedras incrustadas, veludos, fitas e tecidos vistosos, e todos os cavaleiros sustentam longos mantos bordados e cravejados de lantejoulas multicores formando desenhos simbólicos das duas crenças, como o peixe ou a pomba branca para os cristãos e o dragão ou a lua e estrela para os mouros. Levam também uma lança, com fitas na ponta, uma espada e uma pistola com tiros de festim, para o combate. Os cavalos também são amplamente ornamentados, com patas pintadas, protegidos na fronte com metais polidos, e envergando plumas na cabeça.

As Cavalhadas, propriamente dita, inicia no domingo, no campo oficial construído para este fim, o Campo das Cavalhadas. Rodeando o Campo são erguidos camarotes rústicos feitos de paus e telhados de palha, semelhantes às palafitas. Aqueles que tem posses compram os camarotes e a população assiste o espetáculo de pé, abaixo destes, ou numa pequena arquibancada de tábuas. Ambulantes vendem lanches, churrasquinhos de espetos, refrigerantes e cervejas no meio da população. Os camarotes mais bem localizados são os oficiais, onde abrigam as autoridades civis e a Banda de Música.

Na abertura solene das Cavalhadas ingressa no campo todos os grupos folclóricos da Festa do Divino que fazem sua própria apresentação: Catireiras, Congados, Pastorinhas, Dança de Fitas, Banda de Couros, a Banda de Música Phoenix e os Cavaleiros Mascarados. Um dos momentos mais emocionantes da abertura é a evocação ao Divino sob execução do Hino do Divino pela Banda de Música. Toda a população fica de pé com chapéus na mão. No campo, voltados para os camarotes oficiais, os grupos folclóricos formam blocos à frente dos mascarados que sustentam-se em pé sob o dorso de seus cavalos.

Os Mascarados são tão grande atração quanto os cavaleiros mouros e cristãos. Conhecidos também como "Curucucús", por causa do som que emitem, são pessoas que se vestem com máscaras, roupas coloridas, luvas e botas. Mudam a voz ao falar e cobrem todo o corpo para que ninguém os reconheça. Enfeitam seus cavalos com fitas, tecidos, plantas e tudo quanto a criatividade mandar.

 


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