Modelo argentino
Os deputados estaduais Valcenôr Braz (PTB), Karlos Cabral (PT), Francisco Júnior (PSD) e Wagner Siqueira (PMDB), membros da Frente Parlamentar do Agronegócio da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, participaram na última semana da Missão Técnica de Grãos à Argentina e ao Uruguai, promovida pelo Sistema FAEG/SENAR e Sebrae Goiás.
Na oportunidade os parlamentares conheceram o panorama da produção agrícola, infraestrutura, logística, tecnologia e políticas para o setor e perceberam algumas tendências. Uma delas se refere à maneira de produção utilizada nestes países, onde o produtor concentra seus esforços exclusivamente na produtividade do negócio, terceirizando toda a parte de produção no campo.
“Aproximadamente 60% de toda a área cultivada no País não é trabalhada pelos seus próprios donos. O arrendamento, os contratos de terceirização para plantio, pulverização e colheita são as formas mais comuns de produção que encontramos lá”, explicou o deputado Valcenôr Braz.
O parlamentar destacou também que os produtores argentinos possuem em seu desfavor fatores internos que lhe tiram a competitividade. Ele destacou que, ao contrário do Brasil, por exemplo, não existe qualquer apoio do Governo aos produtores. "Na Argentina não há financiamento como o que é oferecido aqui através do Banco do Brasil, o Governo possui taxas de exportação inibidoras para produtos agrícolas, e o setor produtivo vive em desequilíbrio com o Governo", disse.
Por outro lado, o deputado destacou características como a ótima infraestrutura da malha rodoviária e dos canais de exportação. “Apesar de toda a falta de apoio do Governo, os produtores argentinos, contam com uma incrível estrutura para o escoamento da sua produção, o que por um lado diminui os custos de produção”, explicou.
Diante de todas as diferenças encontradas por lá em relação ao método de produção utilizado no Brasil, Valcenôr Braz disse que a Assembleia irá promover audiências públicas no intuito de difundir esses conceitos e colaborar com o produtor local. “São maneiras diferentes de produção e que podem servir para incrementar a produção de nossa região, portanto, queremos apresentá-las aos nossos produtores para que esses tenham novas opções de trabalho”.
O deputado Wagner Siqueira disse, durante o Grande Expediente da sessão ordinária desta quarta-feira, 2, que o objetivo da visita foi aprender um pouco mais sobre temas como exportação de produção, impostos e políticas públicas desses países realizadas junto ao setor produtivo. “Os presidentes de sindicatos rurais foram ver condições locais, sobre como funciona o sistema produtivo daqueles países, e o que vem dando certo e errado no que diz respeito à produção”, afirmou.
Características
A Argentina é hoje o terceiro maior exportador mundial de soja, com exportação anual de 9,2 milhões de toneladas; atrás somente do Brasil e Estados Unidos, segundo e primeiro lugares, respectivamente. Ocupa o topo do ranking em exportação de óleo de soja, com um volume anual exportado de 4,54 milhões de toneladas e possui uma representativa produção de farelo do grão, também primeiro lugar em exportação do produto. Óleo e farelo têm um sensível incentivo do Governo nas exportações em relação à matéria-prima; a taxa de retenção de exportação sobre os dois primeiros é de 32,5%, enquanto do grão não processado é de 35%.
De acordo com o diretor nacional de relações agroalimentares internacionais do Ministério de Agricultura, Ganadería y Pesca, Miguel Donatelli, os 35 milhões de hectares de lavouras no país produziram, na safra 2010/2011, 103 milhões de toneladas de grãos e cereais; feijão e algodão não entram neste volume.
Donatelli destacou que a força de produção de grãos na Argentina está concentrada em 13 províncias produtoras, localizadas na região central do país; nos Pampas úmidos e na região extra-pampera. O valor do arrendamento de um hectare na região é de 1.700 quilos de soja ou US$ 520.