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Cláudio Abreu e delegado ficam em silêncio durante depoimentos na CPI

05 de Julho de 2012 às 13:41
Crédito: Y. Maeda
Cláudio Abreu e delegado ficam em silêncio durante depoimentos na CPI
Depoimentos e votação de requerimentos
Convocado para depoimento, o ex-diretor regional da empresa Delta, Cláudio Abreu, compareceu à CPI da Assembleia, mas, respaldado por habeas corpus, permeneceu em silêncio durante o período destinado à sua oitiva. A CPI que investiga possível envolvimento de políticos goianos com a contravenção ouviu também o delegado Marcelo Zegaib e o agente policial Tony Batista.

Na décima reunião da CPI que investiga possível envolvimento de autoridades e políticos goianos com a contravenção e o crime organizado, e a atuação das empresas Delta e Gerplan no Estado, foram colhidos os depoimentos de Cláudio Abreu, ex-diretor regional da empresa Delta Construções; Marcelo Zegaib Mauad, delegado da Polícia Civil; e Tony Batista Santos Oliveira, agente policial.

O primeiro a comparecer foi Cláudio Abreu, que, respaldado por habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), ficou em silêncio durante quase todo o depoimento. O documento assinado pelo desembargador Leandro Crispim garantiu a Cláudio Abreu direitos constitucionais, como o de permanecer em silêncio, caso as perguntas feitas constituissem autoincriminação, e o direito de ser assistido por advogados durante o depoimento.

Diante do documento, Cláudio Abreu informou ao deputado Talles Barreto (PTB) que trabalhou por dez anos na empresa Delta e que sua mãe, Albertina Salomão, trabalhou no gabinete da então deputada Adriete Elias (PMDB), mas não especificou o cargo ocupado. Ao restante das perguntas realizadas, o ex-diretor da Delta permaneceu em silêncio.

Cláudio Abreu é suspeito de formação de quadrilha e corrupção, e, nas investigações da Polícia Federal para a Operação Monte Carlo, ele é flagrado em escutas telefônicas com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlos Cachoeira, negociando contratos de obras para a construtora em que trabalhava. Ele foi detido durante a operação Saint-Michel, um desdobramento da Operação Monte Carlo, que resultou na prisão de Cachoeira.

A segunda oitiva foi realizada com o delegado de Polícia Civil, Marcelo Zegaib Mauad, que também possuía habeas corpus semelhante ao de Cláudio Abreu. Ainda assim, o delegado prestou algumas informações à CPI.

Marcelo informou que atua desde o início da carreira, em janeiro de 2004, na região do Entorno de Brasília. Afirmou que não conhecia Carlos Cachoeira, mas conhecia Lenine Araújo e Sônia Regina de Melo, contudo, não sabia que esta era responsável pela captação e pagamento de propina a policiais militares.

O delegado disse que não se lembrava de uma conversa entre os dois gravada pela Polícia Federal. “A Sônia é minha amiga pessoal de anos. A gente conversava todo dia e almoçava várias vezes, então fica difícil lembrar de uma conversa específica”, explicou.

Mauad negou ainda que recebia propina semanal de R$ 1,5 mil do grupo de Cachoeira e também que é conhecido como “Turco” ou “Turquinho”. “Quem fez essa associação foi a Polícia Federal”, afirmou. Ele disse também que, no período de menos de dois meses em que trabalhou em delegacia de Águas Lindas, não foi realizada nenhuma reforma no prédio desse órgão.

O delegado da Polícia Civil afirmou que não responde a sindicância ou processo administrativo. Afirmou ainda que conhece o doutor Hylo Marques, com quem tinha relacionamento apenas profissional e que tinha amizade com Lenine Araújo de Sousa por motivos que serão explicados posteriormente. Lenine é apontado pela polícia como suposto contador da organização criminosa comandada por Cachoeira. 
 
Marcelo completou ainda informando que não possuía rádio Nextel e não conversou sobre máquinas caça-níqueis com os delegados Edmundo Dias, presidente da Agência Goiana do Sistema de Execução Penal (Agsep), ou Aredes Correia Pires, ex-corregedor-geral da Secretaria de Segurança Pública de Goiás. 

Ele também negou que recebia dinheiro do grupo de Cachoeira para não fiscalizar as casas de bingo que funcionavam na região do Entorno, afirmando que nunca se encontrou com o governador Marconi Perillo (PSDB) ou com o secretário de Segurança Pública, João Furtado, e nem conversou com a ex-chefe de gabinete do Governador, Eliane Pinheiro.

Por fim, foi tomado o depoimento do agente da Polícia Civil, Tony Batista Oliveira. Ele afirmou que não conhece Lenine, mas conhece Sônia Regina como atendente de telefone de uma delegacia, e Cristiano. Tony confirma ser ele mesmo quem conversa com Cristiano em grampo gravado pela Polícia Federal.

Segundo o agente de polícia, quando ocorriam denúncias sobre máquinas caça-níqueis, eram feitas apreensões e os equipamentos conduzidos para a delegacia e, inclusive, ele participou de operações de apreensão de máquinas caça-níqueis, porém não tinha conhecimento de quem controlava os jogos na região do Entorno de Brasília.

Tony disse também que não tinha contato com o grupo de Carlos Cachoeira e que não participou de ação para recuperar máquinas de jogos apreendidas em posto de combustível, que foram depositadas em delegacia em que trabalha.

Requerimentos aprovados

Os deputados-membros da CPI aprovaram, na manhã desta quinta-feira, 5, durante reunião, o requerimento que pede a quebra dos sigilos bancário, fiscal, SMS e telefônico do atual e do ex-prefeito de Catalão, Velomar Rios (PMDB) e Adib Elias Júnior, respectivamente.

Além disso, também foram aprovados os requerimentos que solicitam a intimação para prestar depoimento do ex-diretor da Comissão de Licitação da Prefeitura de Goiânia, Fábio Passaglia, e do proprietário da empresa Comercial GM e também ex-integrante da Comissão de Licitação, Alcino de Souza, na gestão do ex-prefeito Iris Rezende (PMDB). Deputados-membros da CPI aprovaram ainda pedido para quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e de SMS de Alcino.

Participam da reunião de hoje os deputados-membros Helio de Sousa (DEM), presidente da CPI; Talles Barreto (PTB), relator; Mauro Rubem (PT), vice-presidente; Tulio Isac (PSDB); e Daniel Vilela (PMDB). O deputado Helder Valin (PSDB), líder do Governo, e Nilo Resende (DEM), também acompanharam os trabalhos da CPI nesta manhã.

No início da reunião, o deputado Mauro Rubem apresentou um total de 17 requerimentos, entre eles, um que solicita a vinda do senador Demóstenes Torres (ex-DEM) para depor na Comissão. Os requerimentos serão votados na próxima reunião da CPI.

Mauro Rubem também cobrou da presidência da CPI agilidade na cobrança, junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO), de cópias de contratos celebrados entre o Estado e as empresas Gerplan e Delta entre os anos de 1995 e 2012, conforme requerimento apresentado anteriormente.

Por não obter consenso entre os deputados, o presidente da CPI determinou que a votação do requerimento que solicita a intimação do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlos Cachoeira, não fosse realizada na reunião desta quinta-feira, como constava na pauta prévia, e sim na próxima reunião.

Deputados-membros da CPI aprovaram requerimento que solicita ao presidente do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) a disponibilização, no prazo de dez dias, de cópias de todos os contratos, aditivos e pagamentos realizados pelo município de Goiânia à empresa Qualix Serviços Ambientais Ltda., que atualmente utiliza o nome Sustentare Serviços Ambientais S/A.

Ainda em relação à Qualix, foi aprovado requerimento que solicita ao prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), a disponibilização de cópia de todos os contratos, aditivos e pagamentos realizados pelo município de Goiânia à empresa.

Na reunião, foi aprovado também requerimento a ser enviado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), para que este encaminhe, no prazo de dez dias, cópia do procedimento licitatório e do contrato que permitiram a renovação da frota da Metrobus, utilizada no Eixo Anhanguera, no ano de 2011.

Após o término dos depoimentos, o presidente Helio de Sousa (DEM) fez juntada de documentos fornecidos pelo agente de polícia Tony Batista Oliveira, e encerrou a reunião, convocando a próxima para a terça-feira, 10, às 8 horas da manhã.

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