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Educação amarga prejuízo de bilhões

25 de Novembro de 2010 às 16:03
Artigo do deputado Thiago Peixoto (PMDB) publicado no jornal O Popular, edição de 25.11.2010.
* Thiago Peixoto é economista, deputado estadual e deputado federal eleito (PMDB), autor do livro Educação: o Desafio de Mudar




Antes de mais nada temos algo a comemorar: o investimento público em Educação alcançou a marca inédita de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2009, conforme recente divulgação do MEC. Trata-se do mais alto valor já registrado, colocando-nos mais próximos do que ocorre nos países desenvolvidos, que investem, pelo menos, 6% do seu PIB no setor. Mas, ainda, não podemos comemorar em grande estilo essa conquista, pois esse incremento não se fez acompanhar da eficiência necessária para gerar qualidade no ensino.


Para se ter ideia de como estes recursos foram mal aplicados no setor educacional, a China, por exemplo, despende menos da metade (48,5%) do que gastamos por aqui, com cada aluno, e ainda tem uma escolaridade 19% superior à nossa, em anos. Quando nos comparamos a países participantes do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) e que gastam volume de dinheiro semelhante, per capita, somente os estudantes da Colômbia tiveram nota inferior à brasileira na educação básica. Uruguai, Turquia e Chile investem como o Brasil, mas conseguem que seus estudantes alcancem resultados bem melhores.


Segundo dados levantados por um recente estudo da Fiesp, a má gestão do dinheiro público investido na educação faz com que o Brasil perca anualmente R$ 56 bilhões. Se o Brasil investisse na área com a mesma eficiência dos vizinhos Uruguai, Bolívia, El Salvador, Peru, Paraguai, Nicarágua ou Equador, a média de escolaridade nacional subiria 2,4 anos, que impactaria sobre a produtividade da mão- de-obra e, por fim, sobre o PIB per capita do Brasil, que aumentaria 10,5% em dez anos. Como podemos ver, essa ineficiência na gestão do sistema educacional acarreta perda do desempenho pessoal dos alunos, que aprendem menos do que deveriam, provocando consideráveis perdas para o País.


É fundamental que se gaste mais em educação, mas não podemos continuar gastando muito para fazer pouco ou malfeito. Mais verba tem de resultar em mais tempo na escola e maior qualidade do ensino. Os problemas estruturais do nosso sistema educacional são tão profundos que, agora, começamos a comprovar que o simples aumento de verbas acompanhado de intervenções pequenas e graduais faz pouca diferença.


Mesmo com este recorde de investimentos, não estamos atingindo todo o nosso potencial. E esse é o sintoma mais evidente do colapso do nosso sistema educacional, que precisa de uma urgente e ampla reforma com foco num ensino que garanta conhecimento, matéria-prima fundamental para o desenvolvimento de uma nação.

 
 
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