Notícias dos Gabinetes
Deputado critica campanha precoce
O que é ser justo, ético, moralmente aceitável e politicamente correto? O que se deve buscar nas próximas eleições de 2008 e 2010, já tão antecipadas, tão prematuramente discutidas, inevitavelmente tão rasas? Ainda não é hora discutir sucessão, ainda mais da maneira como são conduzidas as pautas, focadas apenas em articulações. Valores e virtudes passam longe das páginas dos jornais. Procuramos o descortinar de um novo enfoque.
Elegemos em 1994 para presidente da nação o senhor sociólogo Fernando Henrique Cardoso, confiando em seu passado de defensor das liberdades em um Estado que queríamos democrático. Eleito, procurou os caminhos internacionais como se deve agir um presidente de regime parlamentarista, abandonando as trilhas poeirentas de um Brasil que não conhecia. Renegou sua pregação parlamentarista e fez pior. Negociou uma reeleição nada ética, passando daí por diante a se chamar Fernando Menen.
Como nos impérios absolutistas, seus acólitos preparam um terceiro mandato em provável regime parlamentarista, e aí seu nome seria outro: Fernando Menen Fujimori. Triste fim para uma biografia iniciada em lutas ao lado dos trabalhadores dos sindicatos do ABC Paulista. De que ou para que serviu a obstinação em conceder um plano político onde a embromação levou a acreditarmos em seu sucesso?
Somos milhões de desesperançados para dezenas de protegidos. Até quando seremos estes milhões sem saúde, sem educação, sem segurança, famintos e sem Pátria Amada? Até quando essas dezenas de privilegiados, representantes de si mesmos, continuarão protegidos por um Estado que a eles tudo permite, mesmo sendo minoria? Os príncipes tudo podem.
Para que servem as campanhas políticas se as mudanças sempre prometidas nunca ocorrem? O que verificamos é a mesmice de uma política arcaica, conservadora e, pior, inundada pela familiocracia. Qual a relação do Executivo com Legislativo? Quais serão as relações de momento, a quem pertencem oposição e situação?
De tudo que discordo, o que mais me preocupa é a incoerência. Será pelo sangue, como nas monarquias, que se transfere o poder? Por onde andará a coerência nas propostas defendidas? Ou serão sempre atores, sem idéias próprias, sem autenticidade, defendendo para a platéia o que ela sempre quer ouvir?
As eleições de 2008 e 2010 estão longe no calendário e para esses milhões de enganados, mas para os “engenheiros das sucessões”, para o grupo dos dez, a hora já chegou. Aliás, a hora de levar o olé é sempre agora, porque estamos sempre de pernas fincadas, incapazes de movimento, apenas esperando o próximo tombo. De tombo em tombo, já não vemos mais problema no desconforto do chão.
Falta o debate verdadeiro. Vejo uma apatia generalizada e que não poderia ser diferente, porque essas discussões pertencem sempre aos mesmos privilegiados, os mesmos articuladores e, no máximo, aos parasitas em volta. As campanhas e as eleições de 2008 e 2010 começaram há muito mais tempo que se imagina.