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Contra a discriminação racial

19 de Março de 2021 às 15:36
Crédito: Publicidade
Contra a discriminação racial
Dia Internacional Contra a Discriminação Racial
Massacre de negros que protestavam contra restrições aos seus direitos civis motivou a ONU a estabelecer 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela causa. Protestos ocorreram em 1960, em Joanesburgo.

Em 21 de março de 1960, cerca de 20 mil pessoas protestavam em Joanesburgo (a maior cidade da África do Sul e capital da província de Gauteng) contra restrições aos direitos civis dos negros. A chamada "Lei do Passe" os obrigava a portar uma identificação e limitava os espaços em que os negros poderiam transitar na cidade.

Ao ser acionado para findar o protesto, o exército sul-africano abriu fogo contra a multidão desarmada, o que resultou em 69 mortes e 186 pessoas feridas. O episódio, que ficou conhecido como "Massacre de Shaperville", motivou a Organização das Nações Unidas (ONU) a estabelecer 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.

Conforme o artigo I da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, essa luta é contra “qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional, com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública”.

Debate no Legislativo

O racismo e as medidas afirmativas para a população preta e parda são temas frequentemente debatidos na Assembleia Legislativa de Goiás. No projeto de nº 4549/20, por exemplo, a deputada Lêda Borges (PSDB) propôs a realização da campanha “Racismo em Pauta”, em comemoração aos dez anos do Estatuto da Igualdade Racial, a Lei Federal n° 12.288/2010.  Lêda também apresentou a matéria de nº 5569/20, que visa o estabelecimento do Programa da Igualdade Étnico-Racial no Mercado de Trabalho em Goiás.

Com o projeto de nº 1816/20, o parlamentar Vinícius Cirqueira (Pros) sugere aplicação de multa a quem proferir injúria racial em jogos de futebol realizados em Goiás. 

Por sua vez, a proposição de nº 1231/20, de autoria da deputada Delegada Adriana Accorsi (PT), requer penalidades administrativas a serem aplicadas pela prática de atos de discriminação racial. “Infelizmente a população negra ainda sofre com discriminações no seu dia a dia, e as agressões ocorrem no transporte público, trabalho, escola, esporte e outros espaços públicos ou privados”.

Já a matéria de nº 1345/20, do presidente da Casa, deputado Lissauer Vieira (PSB), chama a atenção para atos discriminatórios contra o cabelo crespo, uma discussão oriunda de pesquisa acadêmica desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da Universidade Federal de Goiás (UFG).

“Tendo como objeto de pesquisa o cabelo crespo, a transição capilar, o racismo e entidade negra, foi possível perceber em discussões junto ao Coletivo Rosa Parks, que é um grupo de extensão em Estudos e Pesquisas sobre Raça, Etnia, Gênero, Sexualidade e Interseccionalidades ligado à UFG, a necessidade de uma legislação eficiente com relação à proteção da população negra e de sua liberdade de expressão estética e identitária”, detalha a justificativa do projeto.

Negros na Política

Nas eleições para o Parlamento estadual, em 2018, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontou que dos 1.155 candidatos em Goiás, apenas 105 se declararam como pretos. Nenhum deles foi eleito.

Autodeclarado pardo, o deputado Coronel Adailton (Progressistas) acredita que a baixa representatividade negra na política tem raízes históricas. “No Brasil, temos um histórico de desigualdade e discriminação racial que atravessa séculos. Hoje, felizmente, vemos um debate maior em torno do tema na sociedade, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. E isso se reflete em todas as instâncias da sociedade”, apontou o parlamentar.

Adailton acrescentou que, além de um problema estrutural, racismo também é crime. Para o parlamentar, a discriminação racial se manifesta de diferentes maneiras. “Segregação, ofensas diretas, preconceito velado e, inclusive, omissão diante de situações de injustiça e discriminação”, exemplificou. Ele destacou, ainda, a importância do debate e de medidas educacionais para a superação do racismo no Brasil.

“A partir do momento em que novos debates são propostos, temos condições de refletir sobre o tema e, ao refletir, discutir soluções e construir uma sociedade mais igualitária. Precisamos, portanto, de ações educacionais nesse sentido, de proteção a quem sofre e punição exemplar a quem pratica”, sugeriu Coronel Adailton.

Agência Assembleia de Notícias
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