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Dia Mundial do Rádio

14 de Fevereiro de 2022 às 10:35
Crédito: Seção de Publicidade
Dia Mundial do Rádio
Dia mundial do rádio
Um veículo de comunicação que chega à maioria dos pontos do planeta, acessível, de baixo custo e democrático. Instituída pela ONU, a data precisa ser lembrada para conscientizar o público da importância do rádio.

Uma caixa que pulsa muito mais que sons... dela ecoa pura magia... vozes, música, efeitos capazes  de despertar um mundo de emoções e sentimentos. Muito além de ser uma invenção que revolucionou a comunicação, já que foi a primeira forma de transmissão de sons sem a utilização de um meio físico, o rádio se tornou um veículo difusor de informação, entretenimento, cultura, que conquistou o público, atravessou gerações, sobreviveu a novas tecnologias, se adaptou às plataformas digitais e, até hoje, segue conquistando e encantando ouvintes em todo o mundo. 

O rádio surgiu no final do século XIX e início do século XX e há uma polêmica em torno de sua invenção: o italiano Guglielmo Marconi e o austro-húngaro Nikola Tesla disputaram, na justiça, a patente do veículo. Alguns acadêmicos colocam, ainda, um brasileiro na disputa: o padre e também cientista Roberto Landell de Moura como sendo a primeira pessoa no mundo a transmitir a voz humana por ondas de rádio, sem fio. 

Polêmicas à parte, como acontece com quase toda grande descoberta, uma sucessão de pesquisas de vários cientistas e descobertas anteriores culminaram na invenção do rádio, que inicialmente não despertou muito interesse da população, já que os receptores da época eram bem precários. Além disso, não havia ainda emissoras de rádio comerciais.

O rádio começou a ser utilizado mais amplamente na Primeira Guerra Mundial, servindo como meio de comunicação entre os fronts de batalha, para transmitir avisos às cidades que estavam próximas aos locais de guerra e, mais adiante, virou forma de comunicação entre os aviões que sobrevoavam campos inimigos e as bases militares. 

Alguns anos depois, no dia 7 de setembro de 1922, quando se comemorava o centenário da Independência, foi feita a primeira transmissão de rádio no Brasil. Durante uma exposição que celebrava a data, o discurso do presidente Epitácio Pessoa foi transmitido por meio de uma antena instalada no morro do Corcovado, no Rio de Janeiro e alcançou 80 receptores na capital carioca, em Niterói, Petrópolis. Trechos da Ópera O Guarany, de Carlos Gomes, também foram transmitidos do Teatro Municipal, onde estava sendo executada.

A ideia da transmissão experimental foi de Edgar Roquette Pinto, considerado o pai da radiodifusão brasileira e que, no ano seguinte, fundou a primeira emissora de rádio brasileira: a Rádio Sociedade.  

A primeira década de existência do rádio no Brasil foi marcada pelo amadorismo e experimentação. As emissoras não eram públicas nem privadas. Eram mantidas por ouvintes mais entusiasmados com o veículo e que, com muita criatividade, possibilitavam seu funcionamento. Eram eles que, por exemplo, emprestavam os discos para serem tocados. Por conta dessa associação de ouvintes, muitas emissoras brasileiras ganharam o nome de Rádio Clube. 

O ano de 1932 marcou o início da transformação do veículo no modelo de rádios comerciais que, apesar das mudanças constantes, funciona até hoje. Isso aconteceu porque o presidente Getúlio Vargas autorizou a publicidade comercial nas emissoras, que passaram a se profissionalizar e a contratar artistas para atuarem nos programas. 

A partir daí, o rádio começa a viver sua época de ouro. O veículo passa a ser o principal meio de divulgação da música brasileira, programas de notícias e de entretenimento movimentam as emissoras, começam a surgir as primeiras radionovelas. 

Quatro anos depois surge aquela que seria, por quase duas décadas, a maior emissora de rádio do país: a Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Fundada inicialmente por um grupo empresarial, em 1940 é encampada pelo governo federal. 

A Rádio Nacional se tornou um verdadeiro fenômeno de massas. Os programas humorísticos revelaram grandes talentos: duplas, como Alvarenga e Ranchinho e Jararaca e Ratinho e, ainda  atores que faziam vários personagens. Um exemplo de sucesso duradouro foi a Escolinha da Dona Olinda, em que o ator Vital Fernandes, conhecido como Nhô Totico, interpretava a professora e todos os alunos. Ficou no ar por 25 anos. 

A radionovela foi outra produção campeã na preferência popular. O gênero fazia tanto sucesso que a Rádio Nacional chegou a ter 20 radionovelas, com capítulos diários no ar, simultaneamente. Detalhe: tudo ao vivo, já que ainda não havia tecnologia de gravação. Além dos atores e atrizes, que precisavam ser impecáveis na interpretação, outro profissional era fundamental para criar a atmosfera da trama: o sonoplasta, responsável pelos efeitos sonoros, feitos de forma totalmente  artesanal. 

Por várias décadas, o rádio foi o maior divulgador dos artistas brasileiros. Atores, atrizes, humoristas que faziam rádio passaram a atuar também no cinema. Mas foram os programas de auditório os grandes reveladores de talentos da música popular brasileira. Emilinha Borba, Cauby Peixoto, Ângela Maria, as irmãs Linda e Dircinha Batista foram alguns dos intérpretes consagrados pelo veículo. Quem não podia assistir os programas na emissora, acompanhava tudo das suas “caixinhas mágicas” e corria para comprar os discos dos seus ídolos. 

As primeiras transmissões de rádio fora do estúdio foram de jogos de futebol. Mais um trabalho feito mais pela ousadia dos primeiros narradores e repórteres do que pelas condições técnicas. Na época não havia cabines de transmissão, como existem atualmente, os jogos eram irradiados da arquibancada dos estádios. Resultado: muitas vezes o ouvinte não conseguia entender o que o narrador estava dizendo, por causa do barulho da torcida.  Foi por esse motivo que alguns radialistas começaram a usar sinais sonoros para alertar os ouvintes que algo importante estava acontecendo na partida. 

O mais famoso deles foi criado por ninguém menos que Ari Barroso. Sim, o músico, compositor do clássico Aquarela do Brasil, também foi narrador esportivo e se notabilizou por duas características: primeiro por sua torcida descarada para o Flamengo nas transmissões e, também, por tocar sua gaita todas as vezes que a bola balançava as redes. Assim, mesmo com a balbúrdia das arquibancadas se misturando à voz do narrador,  quem acompanhava o jogo pelas ondas do rádio tinha certeza do gol. 

Se era pelo rádio que as pessoas ouviam música, jogos, novelas, shows, também era no veículo que a maioria da população buscava se informar. Inicialmente, o radiojornalismo era feito apenas nos estúdios, geralmente um locutor lia as notícias dos jornais e outros profissionais comentavam. 

As reportagens externas só começaram a ser realizadas muito tempo depois, quando narradores e repórteres esportivos já haviam desbravado esse caminho. 

E não é possível, nem justo com a história, falar de radiojornalismo no Brasil, sem citar o maior programa do gênero no país: o Repórter Esso, veiculado por 27 anos pela Rádio Nacional e repetido por emissoras de outros estados. 

Foi o primeiro noticiário de rádio que não se limitava à leitura dos impressos e marcou o início da  padronização e da profissionalização do radiojornalismo. As matérias vinham direto dos Estados Unidos e eram transmitidas e traduzidas por equipamentos como o telégrafo. 

O Repórter Esso revolucionou o radiojornalismo brasileiro com um modo próprio de se escrever e se falar no rádio. Tinha regras, como o tamanho das notícias, que não podiam ser muito longas. O informativo também não fazia comentário sobre as notícias e sempre fornecia as fontes dos fatos. Construiu uma credibilidade ímpar, a ponto de parte da população só acreditar nos acontecimentos, quando eram noticiados pelo Repórter Esso.    

O seu início foi em 1941, em plena Segunda Guerra Mundial e, nas quase três décadas de existência, noticiou fatos que abalaram o Brasil e o mundo, como a invasão japonesa à base norte-americana de Pearl Harbor, o suicídio de Getúlio Vargas, o assassinato de John Kennedy e a vitória de Fidel Castro na Revolução Cubana. 

A última edição do noticioso no rádio foi ao ar na noite de 31 de dezembro de 1968, na Rádio Globo do Rio de Janeiro. Além do fator histórico, a derradeira veiculação do programa também ficou marcada pela emoção do apresentador Roberto Figueiredo, que não conseguiu segurar o choro ao anunciar o fim da edição radiofônica do Repórter Esso. 

Rádio em Goiás

A primeira transmissão radiofônica oficial em Goiás, aconteceu em um momento simbólico e de transformação dos destinos do estado. Foi durante o Batismo Cultural de Goiânia, a inauguração oficial da nova capital, pelas ondas da ZYG -3, que mais tarde se transformaria em Rádio Clube de Goiânia.  

A implantação da emissora foi sugerida ao prefeito da novíssima capital, Venerando de Freitas Borges, por ninguém menos que Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, então o maior e mais poderoso conglomerado de comunicação do país.  

Em 1946, foi fundada a segunda emissora de rádio em Goiás com o consentimento do Estado, dessa vez no interior do estado, a rádio Carajá de Anápolis e, um ano depois, foi fundada, na cidade de Ipameri, a Rádio Xavantes. 

Outro marco da radiodifusão em Goiás data de 1950, quando foi criada a rádio Brasil Central, a segunda emissora da capital. O fundador foi o então governador do estado, Jerônimo Coimbra Bueno, que tinha interesses na transferência da capital federal do Rio de Janeiro para o Planalto Central e via numa emissora de rádio, um instrumento poderoso de divulgação e mobilização pela mudança. 

No começo, apesar de ser uma rádio particular, na programação da emissora havia uma certa confusão entre o público e o privado. O site da Agência Brasil Central explica em detalhes: “Ela era uma empresa privada, que surgiu com o propósito de reforçar a imagem de uma figura pública (o governador Coimbra Bueno), além de ser um veículo de propaganda do próprio Estado e da 'causa mudancista'. Apenas em 1961, com a compra da rádio pelo Governo de Goiás, que essa ambiguidade fica menos evidente, tornando a rádio efetivamente um veículo de comunicação governamental.”

Também a partir dos anos 1950, as liberações de concessões de rádio para Goiás, aumentam substancialmente e, a partir daí, toda a população goiana, passou a conviver com a presença das emissoras de rádio em seu cotidiano. 

Assim como no resto do país, o rádio em Goiás passou a ser o mais popular meio de comunicação, responsável por levar entretenimento e informação a toda a população. É bom lembrar que a TV chegou ao Brasil também na década de 50 do século passado, mas ainda levaria um bom tempo para que a telinha se popularizasse e, mais ainda, para que ultrapassasse o rádio na preferência do povo. 

Em um estado do interior do Brasil, como Goiás, o rádio representou ainda um importantíssimo papel de comunicação entre a própria população, por sua agilidade e, mais uma vez, pela acessibilidade, já que as cartas demoravam dias para chegar aos destinatários, isso sem falar que grande parte da população brasileira era analfabeta, portanto não tinha como se utilizar da comunicação escrita. O  telefone ainda era restrito às pessoas com maior poder aquisitivo.  Com o rádio, bastava a pessoa ir até a uma emissora e informar a mensagem e os dados a um funcionário, muitas vezes o próprio locutor fazia esse papel e, pronto: o recado era transmitido nas ondas do rádio e recebido em um bairro mais distante, em fazendas, em outras cidades. 

Alguns programas de rádio se notabilizaram por prestar esse serviço. O diário “No Mourão da Porteira”, apresentado por décadas por Claudino Silveira, falecido em 2019, na Rádio Difusora de Goiânia, foi um deles. A aposentada Sebastiana Marques conta que o programa radiofônico foi que a ajudou na mudança da família para Goiânia, em 1968. “A gente morava em Joviânia e eu vim para Goiânia na frente. Meu marido ficou trabalhando lá, porque a gente não podia se dar ao luxo de ficar sem a renda desses dias. E já ficou combinado que quando eu alugasse uma casa, eu o avisaria pelo programa 'No Mourão da Porteira' para ele vir com a mudança. E era assim que as pessoas faziam naquela época, porque não tinha outra opção”, recorda.

Vozes do rádio 

Se a forma de transmissão de sons por ondas eletromagnéticas causou uma revolução na comunicação de massa, o rádio nunca teria tido a popularidade que teve, não fossem os homens e mulheres, que com suas vozes e seu talento, deram vida à “caixinha mágica”. 

Em Goiás, nomes como Darciso de Sousa, Dalva de Oliveira, Luiz Celso, Jacir Silva, Antônio Humberto, Levi de Assis e tantos outros pioneiros do veículo, encantaram ouvintes e inspiraram gerações e gerações de novos profissionais de rádio. 

Em alguns casos, o talento para o rádio parecia estar no sangue. Foi assim na família do deputado Humberto Aidar (MDB). O pai havia sido comentarista de futebol em Inhumas, sua cidade natal. Os irmãos mais velhos também já trabalhavam em rádio, sendo que um deles já atuava na capital e outro na cidade mineira de Uberaba. 

Em 1977, com apenas 16 anos, Aidar foi aprovado em um teste na Rádio Jornal de Inhumas, onde trabalhou por 8 meses. Tomou gosto pela coisa. Logo veio para Goiânia fazer as férias do irmão na antiga Rádio Riviera. Como as vozes eram parecidas, ele cumpriu o período como se fosse o próprio irmão. “O programa chamava 'Clube do Rei', só passava música do Roberto Carlos. Então eu apresentei durante um mês como se fosse ele. A rádio gostou e eu fiquei trabalhando lá”, lembra o parlamentar. 

A Rádio Riviera foi apenas o começo. Depois disso, ele passou por várias rádios goianas, sempre trabalhando em duas emissoras. No ano de 1980, começou a atuar na Rádio Araguaia FM, da então Organização Jaime Câmara, onde também exerceu o cargo de coordenador artístico. 

Em 1995, já com 15 anos na FM, Aidar passou a trabalhar também em uma emissora, onde ficou por mais de duas décadas e desenvolveu um projeto social de grande alcance: a Rádio Difusora de Goiânia. 

Ao todo, foram 44 anos de dedicação ao rádio, em vários prefixos e um grande amor ao veículo, que, segundo o próprio Aidar, foi determinante na sua carreira política. “Eu me tornei político por conta do rádio, que me deu uma divulgação muito grande, me tornei uma pessoa conhecida. E também nunca neguei que a minha permanência na política, foi muito por conta do trabalho que eu continuei desenvolvendo no rádio. (…) É claro que com o passar do tempo, pela minha atuação, eu acabei tendo muito voto, muitos eleitores, pessoas que passaram a me acompanhar politicamente, independente do rádio, mas é claro que o rádio teve uma parcela muito grande na minha entrada na  política e depois na minha manutenção também”, diz ele. 

No caso do comentarista esportivo do Sistema Sagres de Comunicação, Evandro Gomes, ele foi o primeiro da família a trabalhar no veículo, sempre no jornalismo esportivo, paixão herdada pelos filhos. 

Gomes sempre gostou de futebol e desde criança, na cidade de Porto Franco, no Maranhão, onde nasceu, acompanhava com entusiamo, as transmissões esportivas Foi lá que ele começou a se apaixonar pelo microfone, quando começou a trabalhar, anunciando o filme do dia, no serviço de alto-falantes no Cine Lux, único cinema da cidade. 

Veio para Goiânia em 1967 e um tempo depois, conheceu Levy de Assis, que já trabalhava como repórter esportivo na Rádio Clube de Goiânia. O radialista o apresentou a Draulas Vaz, chefe da equipe de esportes da emissora, que o contratou imediatamente para cobertura dos clubes. 

Evandro considera que foi privilegiado pela oportunidade de integrar a equipe, composta por grandes profissionais. “Era uma equipe formada por grandes nomes: Jurandir Santos, José Calazans, Carlos Alberto Safadi, além do Draulas Vaz e do Levi de Assis, era uma equipe de elite, de ponta. E é bom quando você começa no meio dessas pessoas, porque você aprende e você é corrigido no momento em que você não está no tom que eles gostariam que fosse. E assim eu comecei”, conta o radialista. 

De lá para cá, já são quase 53 anos de atuação, passagens por diversas equipes de esporte, coberturas super especiais, entre elas, oito Copas do Mundo e a certeza de que fez a escolha certa para a vida profissional. Além do radiojornalismo esportivo, Evandro atuou também na televisão e em programas com outras temáticas. Entre tantos trabalhos, ele destaca a crônica “Microfone da Saudade”, que fez na extinta Rádio 730 e prestava uma homenagem a companheiros do rádio que já morreram. 

Tanto tempo e dedicação ao rádio já renderam muitos prêmios e reconhecimento de diversas instituições, como os títulos de cidadão goianiense e goiano. “É uma história longa. Tudo que eu tenho, eu devo ao rádio. Eu cheguei aqui, como diria Luiz Gonzaga, 'a mala era um saco, o cadeado era um nó'. Comecei minha vida no rádio, toda ela. Embora eu tenha trabalhado no comércio de material esportivo por um ano, depois já entrei para o rádio, de onde eu nunca mais saí”. 

Já o radialista Sérgio Rubens da Silva passou a admirar o rádio por causa de uma prima, que era atriz de radionovela. E foi ela a responsável pelo início dele no veículo, conseguindo uma vaga na Rádio Brasil Central como aprendiz na área técnica. 

A princípio ele foi atuar nas transmissões externas, um trabalho penoso, que não o agradou. “Para transmitir um jogo, a gente tinha que esticar fios de poste em poste, para as maletas de transmissão. Quando terminava a transmissão esportiva, todo mundo ia embora para casa e eu tinha que recolher aqueles fios todos e levar para a rádio. Lá, meu chefe fazia a gente desenrolar tudo, limpar com um pano úmido e enrolar tudo novamente para guardar. Então eu morria de raiva de esporte, até pouco tempo, por causa disso”, conta, rindo da situação. 

Além da externa, ele continuou aprendendo outras funções, como operação da mesa de áudio, até chegar aos microfones. Se tornou locutor e a partir daí, esteve à frente de vários programas no rádio e na TV, em diversos segmentos, desde variedades até o jornalismo. Também ocupou muitos cargos e passou por inúmeras emissoras. 

Sérgio Rubens, que atualmente está afastado das emissoras, considera os amigos do rádio sua segunda família. E apesar de não estar vinculado a nenhum veículo, suas atividades atuais estão todas relacionadas ao ofício. “Gravo comerciais para rádio e televisão, textos para carro de som e também gravo audiolivros. Tenho mais de 60 livros que eu gravei, já publicados. De alguma forma continuo ligado ao rádio”, relata.  

As mulheres também fizeram história no rádio goiano. Sueli Ramos, a primeira voz feminina da  FM do estado, começou no rádio totalmente por acaso. Apesar de ser fã dos programas de rádio, ela foi trabalhar na área administrativa da então Organização Jaime Câmara. Ela conta que certo dia, numa brincadeira, gravou um texto, que agradou os diretores da rádio. E assim que a Rádio Araguaia iniciou suas atividades, foi chamada para gravar programetes para a emissora. 

Pouco tempo depois, o complexo de comunicação adquiriu a Rádio Executiva e a convidou para ser locutora do novo prefixo. Na emissora, de programação sofisticada, a apresentadora ficou por mais de 15 anos. 

Em 1996, Sueli Ramos saiu da Rádio Executiva, para mudar completamente o rumo da sua carreira no rádio. Ela deixou de fazer somente locução e começou a atuar no radiojornalismo, em uma emissora de referência no segmento: a Rádio Difusora. Na rádio católica, teve ao seu lado nomes de grande peso no jornalismo radiofônico no estado, como Padre Jesus Flores, Laerte Júnior e Edmilson dos Santos. Ficou por duas décadas na emissora e, assim como quando começou, também deixou o rádio quase que por acaso. A saída, porém, não significou o fim de um vínculo com o rádio, pelo contrário. “O rádio é a minha própria vida, porque eu só fiz isso. Foram quase 40 anos, então o rádio é a minha própria vida e eu continuo gostando muito, apaixonada por rádio e por jornalismo”, resume.

Um pouco mais jovem que os outros personagens dessa reportagem, mas não menos apaixonado pelo veículo, o jornalista Luiz Geraldo Teixeira também já tem uma longa trajetória no rádio goiano. Começou na Rádio Anhanguera, onde era responsável pelos boletins que eram transmitidos de hora em hora e ajudava na produção do programa A Força do Povo. Esteve na transição do prefixo para Rádio CBN, onde ficou até o ano 2000. Passou pela Radio Difusora e pela Vale do Araguaia, em São Miguel do Araguaia e em 2006 retornou para a CBN, onde está até hoje.  

Formado pela Universidade Federal de Goiás, nunca trabalhou em outros veículos: durante toda vida profissional só atuou no rádio. E é mais um que declara sentimento pelo rádio: “Eu tenho amor pela minha profissão e consequentemente pelo rádio. Aqui me tornei o que sou e acredito ter doado um pouco de mim a este veículo. As vezes paro, pensando como seria diferente se tivesse uma outra profissão, de como teria sido minha vida. Não consigo me imaginar fora desse meio. Foi, é e acho que será sempre o meu combustível de vida.”

Para encerrar essa reportagem, fizemos uma pergunta a todos os nossos entrevistados, sobre a possibilidade de extinção do rádio frente à novas tecnologias de comunicação que estão surgindo. As respostas foram unânimes. Confira: 

Humberto Aidar: 

“Rádio é rádio, cada um na sua época. Nós vivemos a época de ouro da rádio(...). Mas não concordo que é um veículo esquecido, é claro que diminuiu o número de pessoas que ouvem, é natural, até porque surgiram outras opções. Mas na minha opinião, continua sendo o único veículo que chega em todos os lugares do mundo... na zona rural da Amazônia, por exemplo, onde não tem internet, não tem energia elétrica, não tem nada, tem o 'radinho' de pilha. O rádio continua sendo um veículo que dá a notícia na hora, que tem condição de cobrir qualquer fato com um telefone celular” 

Evandro Gomes:
“O rádio esportivo teve uma queda significante, ele tem origem no AM, a gente sente falta daquele chiado que o FM não tem (rs) e muitas emissoras migraram para o FM. Mas o rádio AM existe e não vai acabar pois é a maior comunicação de massa que existe ainda é o rádio, porque em qualquer lugar você está ouvindo. A televisão você tem que estar em casa, internet não pode se você está no carro, então rádio não acabou e nem vai. Acredito que nem mesmo as emissoras em AM vão ter final, como muitos projetam, porque já temos o FM, a migração para o digital, mas eu acredito que o rádio vai continuar firme”

Sérgio Rubens:
“Hoje ainda é um grande serviço prestado à nação. Nós temos gente muito pobre, nosso país é continental, existe muita gente que mora em áreas remotas e ouve a Rádio Brasil Central ainda, através de um transmissor antigo, mas por causa da sua potência, ela chega até Amazônia, assim como a Rádio Nacional, de Brasília.  É por lá que eles se informam do que é preciso saber. No meu entendimento, o rádio nunca vai acabar, ele só vai se modernizar daqui pra frente”. 

Sueli Ramos: 
“Não acredito que o rádio está acabando. Acho que está mudando. Com a chegada da internet, aqueles estúdios maravilhosos que existiam, não são mais necessários, mas eu acho que vai mudar  a forma de fazer, mas a comunicação radiofônica não vai acabar, nunca. A prova é que o que fazíamos em estúdio, hoje é tudo feito pela internet. Acho que o rádio cada vez mais vai caminhar nesse rumo”

Luiz Geraldo:
“O rádio é um veículo que mais se adapta às mudanças. Vou citar de quando comecei, por exemplo. Apenas a voz era conhecida. Aí surge a internet. O rádio começa a transmitir fora da famosa caixinha, do dial, em suas várias possibilidades de transmissão, inclusive com o uso do vídeo. A concorrência aumentou, mas esse parece ser o combustível principal desse veículo. A internet veio para mudar a forma como o ouvinte recebe a informação, agora também com o vídeo, mas, mais uma vez, o veículo rádio se adaptou e teve um crescimento com essa ferramenta.”

Agência Assembleia de Notícias
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