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Dia do Repórter

16 de Fevereiro de 2022 às 09:00
Dia do Repórter
A data homenageia os profissionais de jornalismo que exercem a função de repórter, com a responsabilidade de colher informações de interesse público e repassá-las, de forma clara, à sociedade.

Responsável pela coleta de informações para a produção de uma notícia, o repórter é uma peça fundamental no jornalismo. Cabe a ele realizar entrevistas e coberturas, com olhar apurado para os fatos, de modo que seja possível transmitir informações claras, precisas e aprofundadas a respeito de um determinado assunto de interesse público, por meio de reportagens que compõem uma matéria. 

Seja em veículos de televisão, rádio, web ou impresso, a presença desse profissional é fundamental em uma redação para a composição dos materiais expostos à sociedade nas áreas de política, cidades, dia a dia, economia, cultura, esportes, dentre outras. E não se trata de uma tarefa simples. Para a produção dos conteúdos, é necessário ter atenção, cautela, ética e empatia tanto para lidar com fontes entrevistadas, quanto para passar credibilidade a quem absorve. Para isso, é preciso ter, ainda, um olhar investigativo à análise dos fatos. 

Em homenagem às pessoas que desempenham esse cargo, é celebrado, no dia 16 de fevereiro, em âmbito nacional, o Dia do Repórter. A função é classificada na Lei nº 972, de 17 de outubro de 1969, que regulamenta a profissão do jornalista, como uma das atividades a serem exercidas por este profissional. De acordo com o Brasil Escola, a primeira pessoa a executar o papel de repórter em território brasileiro, de forma ampla, foi o escritor, jornalista, professor e autor da obra "Os Sertões", Euclides da Cunha. Ele foi o responsável pela cobertura da “Guerra de Canudos'' para o jornal “O Estado de São Paulo”, em 1896.

Transparência

No âmbito do poder público, o repórter é essencial na cobertura e divulgação de notícias em torno dos trabalhos legislativos, executivos e judiciários. Diretor de Comunicação Social na Assembleia Legislativa de Goiás, André Furquim destaca a importância da função em levar informações a respeito da atuação parlamentar à sociedade. “Como profissional da comunicação, sei não só reconhecer como também valorizar o trabalho de um repórter. A boa cobertura jornalística é imprescindível para a nossa história, e no Legislativo não é diferente”, frisa.

“Temos uma equipe profissional, que nos dá todo o suporte e retrata, de maneira exemplar, os acontecimentos dessa Casa de Leis. Além disso, sem a cobertura transparente, seria impossível que nosso trabalho chegasse até a população de forma clara e acessível”, acrescenta Furquim, que deixa, ainda, o seu reconhecimento aos repórteres que atuam no Parlamento goiano. “Reforço meu agradecimento a todos esses profissionais que exercem suas atividades com paixão e comprometimento”, ressalta.

Credibilidade

O repórter cobre, geralmente, pautas frias ou factuais definidas pelo editor do veículo em que atua. À frente da equipe de jornalismo digital do jornal O Popular, Michel Victor Queiroz classifica a credibilidade como fator primordial de uma notícia. Para que seja constatada a veracidade dos fatos, é necessária a apuração criteriosa do repórter. “A construção de uma notícia, com todos os critérios que o bom jornalismo requer, é um trabalho árduo, seja das matérias que as pessoas podem considerar mais simples, àquelas notícias que conseguem movimentar todas as estruturas dos poderes públicos. O repórter que é repórter, no entanto, vai dar o devido tratamento à informação, independentemente de quantas pessoas serão atingindas”, destaca.

Com passagens por grandes veículos de comunicação em Fortaleza-CE, Michel atuou em diversas áreas dentro do jornalismo ao longo de seus 16 anos de profissão. Em Goiânia desde 2017, o editor demonstra amor e respeito ao trabalho do repórter, com a afirmativa de se tratar da figura principal dentro de uma redação. “Eu vejo o repórter como o sistema nervoso de toda a situação. Porque nós, editores, pensamos as pautas, revisamos os textos, mas é ele que faz com que tudo aconteça dentro de uma redação. Acima de tudo, eu tenho um respeito por todos os repórteres da minha equipe. Porque eu sei que não é um trabalho fácil e o mercado nos exige cada vez mais”, frisa.

O profissional salienta que, para exercer a profissão, é necessário ter coragem, sabedoria e responsabilidade com o próximo, visto que o trabalho é de contribuição à sociedade alinhado à fiscalização do poder público. “A gente sabe que a construção da notícia segue uma linha técnica, ética e moral que poucas pessoas conhecem. A gente consegue diferenciar quando um texto foi escrito por um jornalista profissional, por um repórter, e quando aquela mesma construção foi feita por uma pessoa que não teve acesso à preparação e estruturação de um jornalista”, enfatiza.

Além disso, Queiroz destaca que um bom jornalismo é reconhecido pelo olhar do repórter, com qualidade de informações levadas à população por meio da constatação da veracidade dos fatos. “Só é possível um veículo ser bem reconhecido diante da sociedade, se ele tiver em suas redações repórteres raízes, que têm como missão de vida uma apuração bem feita”, afirma. “A gente trabalha com vidas. São histórias, são pessoas. Então temos que desempenhar a função com todo o respeito”, evidencia o editor, com a ressalva de que, na era da internet, diante de tantas fake news, a credibilidade se tornou um item muito mais importante que a velocidade na divulgação das notícias.

“O furo de reportagem, dar uma notícia com exclusividade, deixou de existir. Isso acabava fazendo com que jornalistas cometessem equívocos. Hoje, como editor, eu te falo que a boa apuração para um trabalho completo e de credibilidade, é primordial. E esse jornalismo de qualidade é construído pelo repórter. É ele que está na rua, é ele que ouve as pessoas, é ele que é criticado, que dá a cara a tapa, que assina as matérias”, acrescenta.

Emoção

Michel salienta ter vivido intensamente o que é ser jornalista. Com passagens por várias editorias, o profissional alega ter uma boa relação com todos os segmentos da área e ressalta aprender cada dia mais com o jornalismo. “Eu sempre mantive a minha essência de repórter e nunca vou deixar de exercer esse papel”. Diante da afirmativa, destaca como marcantes o “corre corre” das coberturas eleitorais e as grandes despedidas.

“Infelizmente, as despedidas costumam ficar mais pregadas na nossa memória. E eu tive a oportunidade de cobrir duas que me doeram na alma e eu fiz com todo o profissionalismo possível diante daquelas situações. A primeira foi a morte de Chico Anysio, referência no humor brasileiro. Eu sou cearense e Chico Anysio também. Eu fui para o Rio de Janeiro, para o velório dele no Teatro Municipal, um calor gigantesco, enviava informações, sem whatsapp naquela época. Foi uma loucura, uma cobertura em tempo real que me comoveu bastante”, relatou. 

Outra situação destacada por Michel foi a recente cobertura da morte da cantora sertaneja goiana Marília Mendonça, pela qual tinha grande apreço e esteve próximo dias antes do falecimento. “O velório da Marília Mendonça me emocionou bastante. Eu nunca tinha chorado durante o meu trabalho, diante de uma cobertura. E durante as transmissões ao vivo do jornal O Popular para o jornal O Povo, de Fortaleza, eu embarguei várias vezes. Além de admirador, eu era muito fã da Marília e toda aquela situação foi surreal”, ponderou o jornalista.

Contribuição

Apresentador do Alego News, da TV Alego, Thiago Mendes, que atua também na TV Gazeta e nas rádios Terra e Bandeirantes, destaca como de grande valia um trabalho que contribuiu com a investigação do caso João Teixeira de Faria, o João de Deus. Dois anos antes de as outras denúncias virem à tona, o jornalista teria gravado uma entrevista com Dalva Teixeira de Faria, filha do médium, onde relatava os abusos sexuais do pai sofridos por ela desde os dez anos de idade.

“Eu entrevistei a Dalva e deixei essa reportagem guardada, até por recomendação da própria. E o material foi fundamental depois para a prisão do João de Deus. O Ministério Público pediu a prisão dele depois da divulgação dessa reportagem, que foi gravada antes das mulheres que desmentiam a tese de complô contra ele. Foi a última peça do quebra-cabeça”, conta o jornalista.

Após grande repercussão, Thiago Mendes e sua reportagem integraram o documentário da TV Globo,  “Em nome de Deus”. O material, que mostra os bastidores do caso João de Deus, está disponível, hoje, nas plataformas Globoplay e Netflix. “Foi uma reportagem que marcou a minha carreira, a minha vida e, com certeza, o jornalismo de Goiás, também”, salienta o profissional, que classifica o valor do repórter como “extraordinário” e fundamental para o jornalismo.

Agência Assembleia de Notícias
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