Iniciativa de Paulo Cezar, Alego promoveu, nesta 3ª-feira, audiência pública com representantes de cooperativas de reciclagem

Por iniciativa do deputado Paulo Cezar Martins (PL), a Assembleia Legislativa de Goiás recebeu na manhã desta terça-feira, 22, profissionais e representantes das cooperativas de catadores de materiais recicláveis de Goiânia, em audiência pública para debater questões atinentes à categoria. Compuseram a mesa dos trabalhos, além do deputado: o diretor financeiro da Agência Goiana de Habitação de Goiás (Agehab), Adailton Trindade; o vice-presidente da Comissão de Direito Ambiental da seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO), José de Moraes Neto; e o paisagista Robson Guimarães.
Ao iniciar o evento, Paulo Cezar disse ser fundamental o reconhecimento da importância desses profissionais e a necessidade de inclusão social, que deve ser feita em conjunto com esses trabalhadores.
Representante da OAB-GO, José de Moraes Neto parabenizou o deputado pela iniciativa em dialogar sobre a situação dos catadores de resíduos sólidos. Ele contou que vem acompanhando, ao longo de sua carreira, histórias de pessoas associadas à atividade e percebeu a importância das cooperativas que promovem inclusão social, a redução da poluição ambiental e melhoria da qualidade de vida dos catadores. “As cooperativas desempenham um papel de desenvolvimento social e ambiental e precisamos dar aparato para que eles continuem desempenhando seu papel.”
Ações do Governo estadual
O gestor Adailton Trindade, da Agehab, elencou ações do Governo estadual para atender as famílias que atuem diretamente com reciclagem de resíduos sólidos. Ele ressaltou, ainda, que o Estado tem voltado suas preocupações a essa população. “Atendemos 38 mil famílias em 18 meses, inclusive com auxílio financeiro para que elas possam sair do estado de vulnerabilidade. Além de outras ações, como o Programa de Retomada, que oferta cursos de capacitação. Outro exemplo são as casas custo zero, residências construídas e doadas pelo Estado às famílias que recebem até um salário mínimo.”
Por fim, Trindade deixou a Agehab à disposição para questionamentos e esclarecimentos dos presentes.
Preservação das cidades
Robson Guimarães é paisagista e idealizador de um projeto que troca resíduos sólidos por mudas de árvores nativas do Centro-Oeste na cidade de Anápolis. Ele reutiliza matérias sólidos e colabora para a preservação ambiental e, nesse sentido, observou que é imprescindível reconhecer os catadores como profissionais sérios e fundamentais para a preservação das cidades.
“Quanto mais catadores nas cidades, menos resíduos serão lançados nos aterros. Esses profissionais precisam ser valorizados, tratados como seres humanos, regularizados. Eles catam o que seria lixo e transformam em dinheiro. O Poder Público gasta muito com resíduos sólidos e não reciclamos nem 2,7% dos resíduos no Brasil. Será que os gestores públicos estão se beneficiando da falta dessa coleta?”, indagou.
O paisagista agradeceu ao deputado pela iniciativa em atender as demandas dos catadores e pontuou que a atuação da classe é digna, honesta e benéfica para toda a sociedade, uma vez que reaproveitam os resíduos sólidos.
Retomando a palavra, Paulo Cezar classificou os catadores como “protetores do meio ambiente”. Ele reafirmou seu compromisso de atuar em defesa da classe e sugeriu que uma alternativa viável para auxiliar essa população seria designar cotas nas universidades federais para os filhos de catadores.
Por fim, o parlamentar se dirigiu aos representantes de cooperativas de reciclagem e afirmou que é fundamental unir esforços para proporcionar mais garantias à classe.
Representantes de cooperativas
Após as considerações iniciais, a palavra foi franqueada aos representantes de cooperativas de reciclagem. José Iramar, da Associação dos Catadores Ordem e Progresso (Acop), reclamou que catadores nunca foram valorizados. “Viemos aqui pedir o apoio desta Casa de leis, para que possamos realmente ser reconhecidos e valorizados na sociedade.”
O ativista disse que a remuneração dos catadores é extremamente baixa e as cooperativas não possuem a infraestrutura apropriada para o trabalho. “É necessário incentivo do Estado, sem ajuda de custo dificilmente vamos conseguir nos manter e viver com dignidade”, concluiu José.
Presidente da Cooperativa Seleta, Anivaldo Rodrigues afirmou que dentro dessas estruturas há um trabalho social que precisa ser reconhecido. “Nós abraçamos os imigrantes, os desempregados, enfim. E isso sem mencionar a contribuição ambiental. Nós cooperamos para a saúde das pessoas.”
Representando a Cooperativa de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis Feminina (Coorfap), Samara Itália destacou que os catadores de materiais sólidos são verdadeiros agentes ambientais, essenciais para o meio ambiente. Ela ressaltou que o modelo de cooperativas é o mais indicado, pois, além do trabalho ambiental, há os benefícios sociais de quem transforma o lixo em renda familiar. Samara agradeceu ao deputado pelo encontro e salientou: “É lindo ver uma sala repleta de pessoas para apoiar nosso trabalho”.
Ao final do encontro, a palavra retornou ao deputado Paulo Cezar para considerações finais. Ele destacou que medidas contundentes não serão implementadas de um dia para o outro, mas que eventos como a audiência pública reafirmam a importância da atividade, ressaltando que governo nenhum promove mudanças sem compreender as necessidades de cada um.
"E por isso estamos aqui, para ouvir as demandas, as queixas e do que mais vocês precisarem para atuar com dignidade. Vamos juntos mostrar aos órgãos competentes a importância desses profissionais para a sociedade goiana e para o meio ambiente. Que os governos estaduais e municipais possam enxergar a importância dessas famílias para nossos municípios.