De autoria da deputada Rosângela Rezende (Agir), tramita, no Parlamento goiano, o processo n° 22700/24, que requer o reconhecimento oficial da raça de gado denominada "curraleiro pé-duro". No texto da propositura, a parlamentar solicita o reconhecimento da raça como Patrimônio Histórico, Cultural e Genético goiano.

Na justificativa, a deputada pontua que as raças locais, nativas ou autóctones brasileiras são exemplos da biodiversidade dos recursos genéticos animais do País. “Elas representam valioso patrimônio genético, com grande potencial de valorização econômica e conservação de usos e costumes, uma vez que fazem parte do legado histórico e cultural do País, gerando produtos tradicionais e de qualidade”, afirma.

A legisladora enfatiza que o resultado da evolução de determinadas espécies animais, adaptadas às paisagens onde vivem, as raças nativas brasileiras são parte integrante do meio rural, onde desempenham papel no equilíbrio dos ecossistemas. “Essas raças criaram-se livremente na natureza ou foram selecionadas empiricamente pelas populações, com o objetivo de satisfazerem suas necessidades alimentares (carne, leite e ovos), de trabalho (tração e transporte) e de vestuário (peles, lã e penas). Também estão associadas a diversas atividades de caráter gastronômico, social, cultural e religioso. São igualmente importantes do ponto de vista econômico, em decorrência de seus valiosos produtos”, esclarece.

Raça

O curraleiro pé-duro, raça nativa brasileira, é o gado típico do sertão do Brasil e, embora tenha origem europeia (Bos taurus), está adaptado às diversas fitofisionomias do Cerrado e foi a raça precursora e pioneira no processo de estruturação da pecuária no Brasil Central, servindo inclusive de base genética e adaptativa as demais raças bovinas que vieram subsequentes.

Conforme detalha o texto do projeto, inúmeros relatos históricos indicam que esse gado que ocupou os sertões brasileiros era o curraleiro pé-duro, o que permite inferir que o Estado de Goiás, “forjado nas patas dos bois”, tem sua história e desenvolvimento econômico e cultural intrinsecamente ligados a esse bovino.

A matéria será encaminhada para a Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ), que designará relator, para análise e emissão de parecer.