Especialista em pesquisa eleitoral faz balanço do pleito municipal no Programa Visão da Política, nesta terça-feira, 29
O especialista em pesquisa eleitoral, Luiz Carlos Fernandes, é o convidado do Visão da Política, que vai ao ar nesta terça-feira, 29, pela TV Assembleia Legislativa. O pesquisador fez uma avaliação global sobre quão importante é a eleição de prefeitos para os partidos políticos, e os aspectos positivos e negativos em relação ao fortalecimento das legendas consideradas de centro.
Luiz Carlos Fernandes é estudioso de marketing há mais de 12 anos. Ao longo da sua carreira, inclinou-se à política, formando-se em dois cursos superiores e especializando-se em marketing político e pesquisa de mercado. Na sequência, fez mestrado em comunicação na área de pesquisa qualitativa e doutorado, focado na plataforma X/Twitter.
Para Fernandes, a eleição deste ano teve novidades. “Os grandes vencedores das eleições de 2024 foram os partidos de centro-direita, ao contrário do que ocorreu em 2020, nas eleições presidenciais, cujo destaque ficou com a direita”. Já em Goiás, a polarização se posicionou de forma diferente, ficando entre a direita e a extrema-direita.
O aumento dos episódios de violência no período eleitoral, em todo o País, reacendeu a atenção para intensificar o policiamento nos municípios. “Foram 112 homicídios, 88 atentados, apreensão de mais de R$ 21 milhões, fatos que eram considerados superados, mas que voltaram a acontecer com forte impacto”, salienta. “Alguns analistas políticos atribuem esse aumento ao fato de que o crime organizado entrou no processo eleitoral”, complementa.
Outro fenômeno que Luiz destacou é o chamado “voto dos desiludidos”. São aquelas pessoas que não acreditam mais nos partidos, nos atores políticos, e buscam um outsider, o grande salvador da pátria, como o candidato Pablo Marçal em São Paulo. “O resultado é o aumento das abstenções e dos votos brancos e nulos, que somaram porcentagens superiores a de muitos candidatos da liderança no primeiro e até mesmo no segundo turno”, apontou.
“O brasileiro continua mais fisiológico que ideológico”, salienta o entrevistado, ao afirmar que, no âmbito municipal, não importa o partido político. “Quem se elege é quem dá resultados concretos para a cidade, asfalta ruas, conserva a iluminação, coleta o lixo, mantém os hospitais, transporte e segurança pública funcionando. Os cidadãos querem uma vida de qualidade, não estão perguntando se o candidato é de direita ou esquerda”, destaca.
Para 2026, o marqueteiro identificou uma tendência de aglutinação dos votos para os partidos de centro, apesar de, ainda hoje, as pautas estarem muito conectadas às ideologias, como o conservadorismo. “Haverá um acréscimo da inclusão de grupos identitários com candidatos do movimento LGBTQIA+, do movimento antirracista e das pessoas do Ensino Médio, porque um regime democrático precisa espelhar a imagem da população brasileira”, comentou.
Outra tendência para 2026, segundo o pesquisador, que reforça a teoria para um novo tipo de posicionamento do eleitorado, seja para o centro ou para a renovação, foi o número de prefeitos eleitos pelo PSD, que superou o MDB, ficando em primeiro lugar, com o maior número de prefeituras. “Qualquer candidato que aspire à presidência da República precisa conversar com esses dois partidos”, afirmou Fernandes.
O entrevistado finalizou afirmando que o cenário partidário, no Brasil, está muito atípico. Duas características, de acordo com ele, confirmam isso: “A primeira delas é que a polarização não se sustenta após a eleição, e a segunda questão é que o grande prejudicado pela extrema-direita não é a esquerda, e sim a própria direita tradicional”.
A entrevista vai ao ar após a sessão plenária, nesta terça-feira, 29, pelos canais 3.2 (TV aberta), 8 da NET Claro e 7 da Gigabyte Telecom, no site oficial do Parlamento estadual e no canal do YouTube.