Audiência pública discute, nesta quarta-feira, 27, os impactos dos agrotóxicos em Goiás
A deputada estadual Bia de Lima (PT) promoverá, nesta quarta-feira, 27, a audiência pública “Impactos dos Agrotóxicos em Goiás”, com início às 9 horas no auditório 2 da Assembleia Legislativa de Goiás.
Participarão da audiência pública Fernanda Savicki, pesquisadora da Fiocruz; Rodrigo Gonçalves de Sousa, chefe de Divisão de Articulação do Ministério do Desenvolvimento Agrário; Jakeline Pivado, coordenadora da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida; Miller Caldas Barradas, professor da Universidade Federal de Goiás; Laureana Fernandes de Lima Ferreira, da coordenação do Acampamento Leonir Orback; e Leila Lemes, da coordenação da Comissão Pastoral da Terra Goiás (CPT GO). Também foram convidados o secretário estadual de Saúde de Goiás, Rasível dos Reis Santos Júnior, e os deputados estaduais Mauro Rubem (PT) e Antônio Gomide (PT).
Estudo realizado pela Fiocruz sobre o uso de agrotóxicos no Cerrado, para descobrir o efeito dos agentes nos territórios e na população, a partir de análise toxicológica de amostras de água coletadas em comunidades localizadas na região conhecida como Matopiba, e em Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, no final de 2022, identificou que “nas sete comunidades participantes da pesquisa-ação em que houve coleta de água, foram identificados, ao todo, 13 agrotóxicos diferentes”. Todos são autorizados para utilização na lavoura de soja, mas 50% deles não têm o uso autorizado na União Europeia.
Em Goiás, o estudo foi realizado no acampamento Leonir Orback, em Santa Helena, que faz fronteira com monoculturas de soja e milho. A água consumida pelos acampados é, em grande parte, proveniente de uma lagoa localizada nas proximidades já contaminada pelo agrotóxico utilizado nas lavouras, inclusive por pulverização aérea.
O estudo detectou que os acampados sofrem com a contaminação da água e o agrotóxico espalhado pelo ar com a pulverização do agente nas lavouras. A população apresenta problemas, como dores de cabeça, cegueira, náuseas, diarreias, doenças cutâneas, infecções urinárias, intestinais e hepática, ansiedade, manchas pulmonares e falta de ar.
De acordo com o estudo, são cinco os agrotóxicos encontrados em Goiás: atrazina, etofenprox, glifosato, 2,4-D, este em concentração 28 vezes superior ao valor máximo permitido na legislação da União Europeia, e fipronil, sem autorização de uso na União Europeia.
O estudo da Fiocruz conclui que "a despeito da gravidade e do potencial de danos associados à exposição à misturas de agrotóxicos, as normativas brasileiras desconsideram completamente esses efeitos". E cita que a Portaria 888/2021 do Ministério da Saúde, que determina os valores máximos permitidos na água, "ignora o somatório dos níveis de agrotóxicos em uma única amostra, avaliando somente os valores individuais, independentemente da quantidade de substâncias presentes".