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Parlamento goiano celebra mães e pais atípicos em sessão solene de iniciativa do deputado Delegado Eduardo Prado

09 de Maio de 2025 às 06:55
Crédito: Hellenn Reis
Parlamento goiano celebra mães e pais atípicos em sessão solene de iniciativa do deputado Delegado Eduardo Prado
Sessão solene em homenagem às mães atípicas.

Em solenidade na noite dessa quinta-feira, 8, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) celebrou o amor de pais e mães dedicados aos filhos com deficiência e/ou transtornos, os chamados pais atípicos. O evento, proposto pelo deputado Delegado Eduardo Prado (PL), foi em reconhecimento à força e ao amor incondicional dessas mães e pais que vivenciam a experiência da parentalidade atípica. A solenidade destacou histórias de superação, renúncia e luta por inclusão, que inspiram e promovem mudanças positivas nas comunidades.

A sessão foi diferente. Em meio à formalidade exigida pelo rito solene, crianças correram e brincaram pelo Plenário Iris Rezende Machado, quebrando a seriedade e dando uma alegria diferenciada ao ato. Muito justo, elas também eram as estrelas da noite. Afinal, só existem pais atípicos porque nas famílias nasceram meninas e meninos com desenvolvimento atípico.

“Essa é uma forma de valorizar quem, diariamente, enfrenta desafios com coragem e transforma o mundo ao seu redor com amor e perseverança”, justificou Eduardo Prado, no requerimento apresentado à Casa e aprovado pelos deputados em Plenário.

Na solenidade, a mesa diretiva foi presidida pelo propositor da homenagem, que teve ao seu lado: o coordenador da área de Políticas Públicas, Direitos Humanos e do Núcleo de Gênero do Ministério Público de Goiás, André Lobo de Alcântara Neves; o presidente do Núcleo de Apoio e Inclusão do Autismo (Naia), Marcelo da Silva Oliveira; a presidente da Comissão de Direitos da Pessoa com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Goiás (OAB-GO), Luciana Prudente Vieira; a presidente do Conselho de Segurança e Desenvolvimento de Hidrolândia, Maria Aparecida; a diretora-geral do Centro de Atendimento Educacional Florescer, Andréa Lino Carmo Bessa; a coordenadora de Atendimento Educacional Especializado do Centro de Educação e Reabilitação e Assistência ao Encefalopata, Flávia da Silva Passos; a presidente da Associação de Pais e Amigos das Pessoas com Deficiência de Funcionários do Banco do Brasil, Evanira Barbosa de Macedo; o presidente da  Associação de Pais Amigos dos Excepcionais (Apae) de Jaraguá, Brênio Gomes; e Kátia Aparecida.

Respeito e inclusão

Em seu discurso, Eduardo Prado destacou a dimensão da missão de educar, proteger e cuidar de um filho que demanda mais do que o mundo está preparado para oferecer. “E ainda assim, todos os dias, vocês se levantam, muitas vezes sem dormir, para lutar por dignidade, respeito e inclusão.”

Prado ainda sublinhou a coragem, a entrega absoluta e o amor que não se mede, mas que pode ser visto, na paciência sem fim, na luta diária contra o cansaço, o preconceito e a solidão.

Ele também pediu perdão aos pais. “Esta homenagem é, antes de tudo, um pedido de perdão da sociedade. Por tantas vezes em que não enxergamos vocês. Por cada porta que se fechou. Por cada olhar de julgamento. Por cada ausência de política pública, de empatia, de apoio."

Na sequência foi exibido um vídeo em homenagem aos pais e mães atípicos produzido pela equipe do parlamentar.

Em seguida foi concedida a palavra à coordenadora de Atendimento Educacional Especializado do Centro de Educação e Reabilitação e Assistência ao Encefalopata, Flávia da Silva Passos. Ela se disse emocionada com a iniciativa da sessão em reconhecimento aos pais e mães atípicas, porque, em todo o tempo em que trabalha com crianças e adolescentes com deficiência, é a primeira vez que elas são lembradas. “Eu quero parabenizar mesmo, deputado, porque essas mães merecem muito, muito. Tem a minha admiração, tem meu respeito.”

A educadora lembrou das famílias que não puderam comparecer por absoluta falta de recursos. “Grande parte dessas famílias está na periferia e elas juntam os trocados para pagar o Uber para levá-las para a terapia. E muitas vezes eles não conseguem estar aqui, mas existem muito mais. E eu quero até aproveitar a transmissão e lembrar dessas famílias que não estão aqui, mas de forma representativa estão sendo homenageadas nessa noite também.”

Em seu discurso, a presidente da Comissão de Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB-GO, Luciana Prudente Vieira, que também é uma mãe atípica, destacou os desafios enfrentados na rotina diária de todas as famílias nessa condição. Ela lembrou que não é simples ser uma mãe atípica. Nada é fácil, afirmou, porque tudo exige uma batalha extremamente desafiadora.

"São médicos e médicos. São várias especialidades. São terapias e terapeutas, exames após exames e uma reabilitação que precisa ser diária. A clínica boa é cara. Médico especialista é caro. O plano de saúde é caro e quando se consegue pagar, nem tudo ele cobre. O tratamento pelo SUS, muitas vezes, é precário. Nem sempre se tem terapia de qualidade e a fila de espera é muito longa", disse Luciana Vieira

Ela seguiu listando todas as dificuldades encontradas pelos atípicos, na educação, na acessibilidade, no enfrentamento ao preconceito. “Eu queria que toda a sociedade sentisse na pele, uma única vez, a sensação de impotência de uma mãe atípica vendo que os direitos de seus filhos não são cumpridos. É uma sensação que mina nossas forças, que nos faz chorar à noite. Eu queria que todos sentissem o que é se sentir totalmente incapaz e que tivesse o que o senhor está tendo aqui conosco, deputado, empatia.”

Sem romantizar

A mãe atípica Aline Cristina Garcia recebeu o Certificado do Mérito Legislativo e discursou em nome dos homenageados. Ela iniciou afirmando que tinha muita honra em representar as famílias atípicas em um evento de homenagem a elas, mas que se negava a começar sua fala romantizando o papel dos pais e mães nessa condição, abordando os desafios diários que exigem paciência, amor e dedicação incondicionais, a força e a resiliência na luta. “Tudo isso é verdade, mas a verdade que só nós sentimos é que somos pessoas cansadas, cuidamos de outras pessoas e no meio dessa rotina desgastante, nós deixamos de nos cuidar.”

Ela também relembrou cada desafio enfrentado pelas famílias desde o diagnóstico de uma deficiência ou transtorno, a exemplo do luto inicial, da busca de tratamento, seja pelos planos de saúde ou na rede pública, a diversidade de tratamentos e terapias e até mesmo a despedida de uma vida e de pessoas que não cabem na realidade de famílias atípicas.

“Nesse momento solene, o que tenho a dizer é que sou grata por estar representando vocês. Eu tentei passar através dessas palavras uma pontinha do que vivemos no nosso dia a dia. Nós somos mães e pais incríveis, lutamos para fazermos a diferença na vida dos nossos filhos. Tenho certeza que a fé é que nos move, a fé nos nossos filhos vai além do diagnóstico”, finalizou Aline Garcia.

Agência Assembleia de Notícias
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