Biomas brasileiros na pauta
Sob comando de Antônio Gomide, Comissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos realizou audiência pública sobre os biomas brasileiros, com lançamento de e-books e plataforma digital sobre pesquisa e educação ambientais.
Por iniciativa do presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), deputado Antônio Gomide (PT), a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) realizou, na manhã desta quarta-feira, 12, audiência pública para debater a biodiversidade dos seis biomas brasileiros, evento que teve, também, lançaento de um e-book e de uma plataforma digital voltada à pesquisa e à educação ambiental. O encontro teve lugar na Sala das Comissões Júlio da Retífica.
Além do propositor da iniciativa, participaram da mesa de trabalhos: a professora Elaine Silva, coordenadora do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig), da Universidade Federal de Goiás (UFG); a professora Nicali Bleyer, diretora do Instituto do Trópico Subúmido da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO); o ex-prefeito de Goiânia e ex-deputado Pedro Wilson; o professor Manuel Ferreira, diretor do Centro de Excelência em Estudos, Monitoramento e Previsões Ambientais do Cerrado (Cempa-Cerrado) e pesquisador da Lapig/UFG; o representante da rede MapBiomas, Laerte Ferreira; e a vice-diretora do Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa) da UFG, Ana Paula de Oliveira.
Gomide destacou a relevância da discussão e sua conexão direta com as discussões globais sobre mudanças climáticas. “Debater aqui, hoje, o tema tem a importância de podermos estar inseridos no tema principal do mundo, que é exatamente a COP30”, afirmou, referindo-se à Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, que ocorre neste momento em Belém (PA), reunindo representantes de cerca de 170 países para discutir estratégias de enfrentamento ao aquecimento global.
O legislador ressaltou que o Parlamento goiano cumpre um papel essencial ao promover o diálogo sobre os biomas e incentivar a defesa do Cerrado e das demais áreas naturais brasileiras. “Em Goiás, através da Assembleia Legislativa, estamos promovendo, em parceria com a Universidade Federal de Goiás, a oportunidade de fazer uma discussão sobre os biomas e lançar um e-book e uma plataforma digital para contribuir com a defesa do nosso Cerrado.”
O deputado destacou a importância da cooperação técnica com o Lapig, da UFG, e a rede MapBiomas, que desenvolvem ações de monitoramento do desmatamento e das queimadas no Cerrado. “Achamos importante essa parceria com o Lapig, que tem dado grande colaboração ao MapBiomas no controle do desmatamento ilegal e das queimadas”, observou.
Ao concluir sua fala, Gomide reforçou que a audiência representava contribuição concreta de Goiás ao debate ambiental global. “Estamos ligados e linkados com a COP30 e queremos, obviamente, desse debate, contribuir para fazer com que o nosso meio ambiente cada vez seja melhor e a preservação do nosso bioma Cerrado em Goiás.”
Pesquisadores
A professora Elaine Silva, coordenadora do projeto Lapig na Escola, abriu as participações destacando a relevância científica e social da iniciativa. “Esse momento marca a entrega daquilo que a ciência e a tecnologia podem oferecer para a sociedade”, afirmou, ao ressaltar que o lançamento é resultado de um esforço coletivo entre universidade, pesquisadores e o Parlamento goiano.
Em seguida, a professora Nicali Bleyer destacou o valor do trabalho colaborativo entre as instituições de ensino. “Quanto mais material científico com qualidade e técnica pudermos produzir, tanto quanto melhor”, pontuou, reforçando o papel da pesquisa acadêmica na formação ambiental de estudantes e educadores.
O ex-prefeito de Goiânia Pedro Wilson Guimarães trouxe reflexão histórica e política sobre a importância da defesa do Cerrado. Ele recordou que, enquanto gestor municipal, destinou a área onde hoje está instalada a sede do Parlamento goiano, com o compromisso de que o antigo prédio fosse utilizado para ações voltadas ao meio ambiente.
Guimarães defendeu a união de esforços entre estados como Goiás, Tocantins, Bahia e Mato Grosso na proteção dos recursos naturais. Em tom crítico e reflexivo, chamou atenção para a especulação imobiliária sobre terras tradicionais e a exploração de minerais estratégicos. “Nós precisamos resgatar uma política pública efetiva de meio ambiente, que alcance desde as terras do Brasil até o fundo do mar, onde já se descobrem novas fontes de terras raras.”
COP30
A vice-diretora do Iesa, Ana Paula de Oliveira, ressaltou a importância do evento, realizado em um momento em que o Brasil sedia a COP30, em Belém (PA). “É um prazer estar aqui em nome do Iesa para o lançamento do e-book sobre os biomas brasileiros, em um momento simbólico em que se discutem medidas globais de mitigação e adaptação às mudanças climáticas”, destacou. Ela enfatizou que o material servirá como instrumento pedagógico para escolas de todo o país, por estar disponível em formato digital e gratuito.
Manuel Ferreira, representante do Centro de Excelência em Estudos, Monitoramento e Previsões Ambientais do Bioma Cerrado (Cepa Cerrado), parabenizou a iniciativa. “É muito simbólico o lançamento desta plataforma e dessa coleção no momento em que ocorre a COP30, pois reforça que o Brasil não é apenas o bioma Amazônia, mas também Cerrado, Caatinga, Pampa, Pantanal e Mata Atlântica”, afirmou. Ele enalteceu o trabalho desenvolvido pelo Lapig e pela Rede MapBiomas, destacando a importância do conhecimento técnico e científico na formulação de políticas ambientais.
Na mesma linha, Laerte Ferreira, representante da Rede MapBiomas, salientou a urgência da educação ambiental e do letramento climático. “A situação do planeta é grave, e o tempo está cada vez mais curto. Nós precisamos frear tanta destruição, e isso só será possível com educação, conhecimento e ciência”, afirmou.
Ele enfatizou que os biomas brasileiros estão interligados e que o Cerrado é essencial para a sobrevivência da Amazônia. “Não existe Amazônia sem Cerrado, nem Cerrado sem Amazônia. Essa é uma luta de todos nós, que deve ir muito além dos partidos políticos.”
Após as falas, o deputado Antônio Gomide convidou a professora Elaine Silva para fazer o lançamento da Coleção Biomas Brasileiros e da nova plataforma digital desenvolvida pelo Lapig. O projeto apresenta seis e-books gratuitos ("Conhecendo o Bioma Amazônia", "Caatinga", "Cerrado", "Mata Atlântica", "Pampa" e "Pantanal") voltados a professores e estudantes dos Ensinos Fundamental e Médio, com o objetivo de promover o conhecimento, a conscientização ambiental e o uso de geotecnologias para a preservação dos ecossistemas brasileiros.