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Apoio da comunidade em ações preventivas é a melhor arma para combater a doença viral transmitida pelo Aedes aegypti

19 de Novembro de 2025 às 15:00
Apoio da comunidade em ações preventivas é a melhor arma para combater a doença viral transmitida pelo Aedes aegypti

Nesta sexta-feira, 22, o Brasil celebra o Dia Nacional de Combate à Dengue, data que reforça a necessidade de ampliar a conscientização e as ações de enfrentamento à doença. Na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), projetos de lei e debates vêm sendo discutidos para fortalecer a prevenção e ampliar a cobertura vacinal contra o vírus.

Com o aumento das preocupações, a prevenção e o manejo correto da dengue tornam-se essenciais. Em entrevista à Agência Assembleia de Notícias, a clínica-geral Gabriela Freitas da Silveira detalhou as melhores estratégias para lidar com a doença, enfatizando a importância da hidratação e do reconhecimento precoce dos sinais de alarme.

A especialista explica que a luta contra a dengue começa antes mesmo da infecção e destaca formas de prevenção disponíveis atualmente. “Atualmente, a gente tem a vacina, que é uma nova oportunidade de prevenção. Além da vacina, temos o bom e velho repelente. O repelente é indispensável em momentos de epidemia e em momentos de chuva. Telas em casa também sempre ajudam na proteção.” Segundo a clínica-geral, a combinação de imunização e barreiras físicas e químicas é fundamental para reduzir a incidência da picada do mosquito Aedes aegypti.

Hidratação

Gabriela Silveira ressalta que, uma vez manifestados os sintomas da dengue, a primeira medida deve ser a hidratação imediata. “O mais importante da dengue é a hidratação. A partir do momento em que iniciarem os sintomas — náuseas, vômitos, dor no corpo, diarreia, dor abdominal —, é importante buscar ajuda”, orienta a médica.

A “ajuda inicial” não precisa ser, necessariamente, um pronto-socorro, mas, sim, a ingestão de fluidos: “Iniciar imediatamente o soro de reidratação oral e fazer o controle dos sintomas — náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal. Dessa maneira, você vai passar pela doença de forma mais branda.”

Negligência

Gabriela Silveira adverte que a dengue é perigosa principalmente quando há negligência no tratamento ou quando se manifestam sinais de alarme. Segundo ela, a antiga classificação de “dengue hemorrágica” foi substituída por “dengue com sinais de alarme”, que demanda atendimento médico de urgência. Os sinais de alerta para buscar um pronto-socorro imediatamente são: dor abdominal intensa; desmaios decorrentes de queda de pressão; vômitos persistentes; diarreia intensa com sangue nas fezes; e vômito com sangue.

“Esses são sinais de alerta e, a partir do momento em que ocorrerem, é importante buscar o pronto-socorro”, enfatiza. Se o paciente iniciar a hidratação logo no começo dos sintomas, “as chances de complicação diminuem bastante”, tranquiliza a médica.

As “pintinhas”

A médica também esclarece um sintoma comum que costuma gerar dúvidas: as famosas “pintinhas” da dengue. “Elas surgem quando a doença está em remissão, então são os dias finais, e nem sempre vão se manifestar”, explica. Caso apareçam, podem causar prurido (coceira), tratado com medicamentos específicos. A presença das pintinhas, portanto, costuma indicar que a doença está no ciclo final.

A recomendação da profissional de saúde é clara: a conscientização sobre a prevenção, a hidratação rigorosa no início dos sintomas e o monitoramento atento dos sinais de alarme são pilares essenciais para reduzir os riscos e complicações da dengue.

Vigilância máxima

A análise da médica Gabriela Freitas da Silveira ganha contexto com os dados epidemiológicos mais recentes do Estado de Goiás, que mostram tendência de queda, mas com alerta reforçado devido ao início do período chuvoso. De acordo com levantamento da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), em 2025 o Estado demonstrou redução significativa no número de casos de dengue em comparação com o ano anterior, embora os números ainda sejam elevados.

Casos confirmados: até a Semana Epidemiológica 45 (início de novembro), foram confirmados 88.716 casos de dengue em Goiás.
Redução: a SES-GO e o Ministério da Saúde indicaram queda entre 70% e 72,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Óbitos: até agosto de 2025, foram confirmadas 67 mortes no Estado, com outras 69 sob investigação, reforçando a gravidade da dengue com sinais de alarme.

Iniciativas parlamentares

Projetos de lei e requerimentos sob análise da Assembleia Legislativa estabelecem medidas contra a dengue. O processo nº 28930/25, do presidente da Casa de Leis, Bruno Peixoto (UB), assegura a disponibilização de vacina contra dengue pela rede pública estadual de saúde. Já o processo nº 4400/25, do deputado Gustavo Sebba (PSDB), institui em Goiás o programa “Escola sem Dengue”, que tem o objetivo de promover a vacinação contra a doença em instituições de ensino.

André do Premium (Avante) propõe implementar medidas de prevenção à dengue nas escolas da rede pública goiana (processo nº 3462/24). Isso ocorreria por meio do Programa de Prevenção da Dengue nas Escolas, com ações de conscientização e prevenção. São propostas sete medidas, como a manutenção regular de áreas escolares, incluindo a eliminação de recipientes que possam acumular água — pneus, garrafas plásticas e pratos de vasos de plantas —, a instalação de recipientes adequados para o descarte correto de resíduos sólidos, evitando água parada, e a realização de mutirões de limpeza e conscientização com a comunidade escolar e moradores do entorno.

Selo

Vivian Naves (PP) é autora de dois projetos sobre o tema. Um deles cria o Selo Estadual Goiás sem Dengue (processo nº 2679/24), atribuível a municípios que implementarem políticas públicas efetivas de combate à dengue. A outra proposição (processo nº 2678/24) dispõe sobre a divulgação, nas contas de água, de advertência sobre os riscos de água parada para transmissão de dengue, zika e chikungunya. Essa advertência deve ser impressa a cada três meses, em períodos de maior incidência, nos seguintes termos: “Dengue, zika e chikungunya matam – evite água parada”.

Universalizar a vacinação

Outro projeto de lei ordinária, de Paulo Cezar Martins (PL), busca assegurar a disponibilização gratuita e permanente da vacina contra a dengue em todas as unidades do sistema público estadual de saúde (processo nº 2711/23). “Caberá à Secretaria de Saúde definir o plano de imunização, seguindo orientações do Ministério da Saúde”, diz o texto.

O requerimento relativo à dengue, por fim, é o de nº 4302/24, de autoria do deputado Veter Martins (UB), que solicita a inclusão do exame Antígeno NS1 — detecção de infecção aguda pelo vírus da dengue — na tabela de cobertura do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo). O valor do exame, explica Martins, é, em média, 100 reais, “fato que onera os usuários a depender do número de exames dentro do grupo familiar”.

Entre outras ações, a Assembleia Legislativa promoveu, em sua sede, com apoio da prefeitura da capital, uma verificação completa em busca de possíveis focos do mosquito, além de trabalho preventivo com a aplicação de veneno. A Alego também já realizou campanha de profilaxia contra a dengue.

Prevenção, sintomas e cuidados essenciais

Eliminar criadouros, reconhecer sintomas precocemente e buscar atendimento médico são as recomendações centrais dos órgãos de saúde para enfrentar a dengue. Órgãos como o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) reforçam a necessidade de eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti, manter atenção aos sintomas iniciais e buscar atendimento médico em casos suspeitos. O tratamento é baseado em hidratação e controle dos sintomas, evitando medicamentos contraindicados, como aspirina.

Segundo o Ministério da Saúde e a Opas/OMS, a forma mais eficaz de prevenir a dengue é impedir a proliferação do mosquito transmissor. Para isso, recomenda-se eliminar água parada em vasos, pneus, garrafas, recipientes e entulhos; manter caixas d’água e reservatórios bem tampados; limpar calhas, ralos e bandejas de ar-condicionado; usar repelentes; e instalar telas em portas e janelas.

Quanto à imunização, a faixa etária de 6 a 16 anos contemplada em Goiás é mais ampla que a nacional, de 10 a 14 anos. A limitação se deve à escassez mundial de vacinas, e as faixas priorizadas são as recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Agência Assembleia de Notícias - Repórter - Ranulfo Borges
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