* Isaura Lemos é deputada estadual, líder do PDT na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás e presidente da Comissão de Habitação, Reforma Agrária e Urbana

Existem vários tipos de jornalistas, entre eles, os sérios e investigativos, como também os medíocres e superficiais, mas que consideram que sabem tudo. Rosenwal Ferreira é daqueles que reúnem as duas últimas características: “Sabe tudo”, medíocre e caluniador. Não sinto prazer em afirmar isso. Gostaria de evitar e deixar passar mais esse ataque gratuito desse senhor. Quem me conhece sabe que procuro respeitar todos, mesmo aqueles que divirjo politicamente. Mas em respeito aos leitores, cabe-me prestar algumas informações que justificam uma resposta ao artigo no qual atacou a mim e ao meu companheiro Euler Ivo, de forma gratuita, dias atrás nesse periódico.

Tanto no rádio e na TV como em seus artigos, o jornalista Rosenwal Ferreira sempre procurou nos atacar. Nunca nos ouviu seriamente, porque seu interesse não passa pelo que nós fazemos politicamente no Estado de Goiás. Não participou como nós da luta pelas liberdades democráticas. Aliás, não me lembro de tê-lo visto em nenhum momento de união de forças pelo desenvolvimento do nosso Estado, muito menos junto às lutas dos que procuram melhores condições de vida. Seus artigos caberiam tranquilamente em qualquer jornal do período de exceção, inclusive por suas posições elitistas, reacionárias e atrasadas. Portanto, nunca nos identificamos. Nosso primeiro contato foi quando Rosenwal ligou anos atrás para minha residência ameaçando Euler Ivo, na época superintendente de Assentamento Urbano do governo Maguito Vilela. Utilizava palavras truculentas e ameaçadoras com o intuito de impedir o assentamento de famílias – cadastradas pela ação social do governo – , próximo a um loteamento de seu interesse. Dizia ao telefone: “Se continuarem com esse projeto, vou massacrar-lhes na mídia, tenho poderes para isso.”

Sua “causa” era impedir um loteamento, pois, segundo ele, caso fosse concretizado, abrigaria “pobres, prostitutas e bandidos”. É assim que ele, garoto-propaganda de uma imobiliária na época, se referia às famílias de baixa renda. Claro que não nos intimidou, mas já demonstrou seu estilo lobo vestido de cordeiro, nada semelhante a essa voz macia que demonstra em seus programas de televisão. A nossa história, minha e de Euler Ivo, na luta política, é realmente quase inseparável. Começamos muito jovens e temos uma grande unidade de pensamento. Estivemos juntos na luta pelas liberdades democráticas. Continuamos a lutar após a queda da ditadura e, ao lado das grandes preocupações com os destinos do nosso Estado e País, temos uma vivência parlamentar de movimento popular: a luta pela moradia. Essa luta iniciou em 88, no governo Santillo, quando surgiram os bairros Curitiba I, II, III e IV. Em 91, Euler idealizou uma nova organização e fundamos o Movimento de Luta pela Casa Própria, o MLLCP. Em 93, com a condição de que Euler não fosse candidato à reeleição e, por meio de muita luta, passeatas e assembleias, conquistamos, junto ao governo Iris, 10 mil lotes que hoje constituem os bairros da Vitória, Floresta, São Carlos, Boa Vista, São Domingos e Primavera. No governo Maguito, em mais uma conquista, outros bairros surgiram: Madre Germana I e II. Hoje, o MLCP que, em breve, completa 19 anos de luta ininterrupta pela moradia, se tornou referência estadual e nacional.

Participamos de reuniões como a que idealizou os programas habitacionais do governo Lula. É claro que, por essa atividade, conquistamos credibilidade junto a milhares de famílias que contam conosco, inclusive aquelas de situação especial e que precisam ser atendidas com prioridade. Por tudo isso, vamos sim exercer nossa legitimidade e informações acumuladas para lutar e acompanhar a seleção dos mais carentes. Não estranho o jornalista Rosenwal nos avaliar mal. Ele vê essas ações de forma maldosa e é natural que pense assim, pois na sua história de vida não cabem a generosidade e o desinteresse de pessoas que se sentem felizes em servir ao povo. E Euler Ivo, além de ser um político a favor do povo, é um genial criador de automotivos. Mas o senhor Rosenwal deturpa a verdade ao acusar a fábrica de triciclos de falsete, visto que esta existe e fabrica triciclos há mais de 10 anos, já produziu e ainda produz centenas de veículos que estão espalhados pelo Brasil afora, tendo inclusive fechado contrato com grandes multinacionais recentemente. O senhor Rosenwal Ferreira mente ao público quando diz que o ex-vereador Euler Ivo foi julgado e cassado. Faço questão de destacar a palavra “mente”, pois não acredito que o mesmo esteja apenas desinformado. Euler Ivo usufrui a plenitude de seus direitos políticos e nunca foi cassado, justamente porque o processo ao qual responde está em andamento.

Mas as calúnias nunca nos intimidaram. É por isso que o Movimento de Luta pela Casa Própria permanece forte e combativo há 19 anos, tendo retirado mais de 20 mil famílias do aluguel através da luta e não da espera pela existência de programas governamentais. Como está escrito nas carteirinhas do MLCP de todos os filiados e como é repetido em todas as reuniões: os dirigentes do movimento não possuem nenhuma casa ou lote para ceder a estas famílias. Contudo, nos sobram coragem e disposição para lutar ao lado dos mais carentes de nosso Estado e garantir que estes sejam priorizados. Por isso pedimos, por meio da televisão, no tempo disponível ao PDT, que as famílias nos deixem ter conhecimento dos comprovantes de inscrição no programa “Minha Casa, Minha Vida”. Como movimento de luta habitacional, temos não só o direito, mas o dever de acompanhar aqueles que serão ou não contemplados com a casa própria. As famílias do MLCP lutam pelo direito habitacional há anos, há muito sofrem com o martírio do aluguel e migram de lugar pra lugar. Não é agora que vamos desacompanhá-las no processo do programa habitacional federal tão aguardado.

Como a história das famílias do MLCP demonstra, nossa luta faz sim diferença no destino dos mais carentes. Mentira é dizer o contrário do que mostra a história e caracterizar a luta de eleitoreira, omitindo que Euler Ivo abriu mão, como já dissemos, de sua candidatura a vereador durante uma das maiores conquistas do MLCP: os 10.000 lotes que constituíam a fazenda São Domingos. Com certeza, foram os resultados positivos dessa caminhada de lutas junto à população que faz com que sejamos procurados diariamente por dezenas de pessoas que nos solicitam ajuda. Meu gabinete sempre estará à disposição delas, especialmente aquelas que necessitam sair do aluguel, regularizar ou reformar suas moradias.

Já dizia Marx que a prática é o critério da verdade. Para desmascarar as calúnias do senhor Rosenwal, está aí a história perene. Rosenwal Ferreira demonstra uma continuada prática de auto-promoção baseada em mentiras, chafurdada em polêmicas vazias e uma busca desesperada pelos holofotes. Por fim, resta-me dizer que as inverdades do jornalismo barato do senhor Rosenwal nos servem para demonstrar uma coisa essencial: nossa luta incansável pelos menos favorecidos deste Estado continua a incomodar as elites!