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Sou contra a descriminalização das drogas

14 de Outubro de 2009 às 10:30
Artigo do deputado Padre Ferreira (PSDB) publicado no jornal Diário da Manhã, edição de 14.10.2009.
* Padre Ferreira é deputado estadual e líder do PSDB na Assembleia (www.padreferreira.com.br)


Em decisão recente, a instância máxima da Justiça argentina liberou a posse de maconha para consumo pessoal. Ou seja, quem for flagrado pela polícia com quantidade pequena da droga não corre risco de prisão. Em alguns Estados americanos, como a Califórnia, é possível, desde que autorizado pelo juiz, cultivar a cannabis sativa, planta que dá origem à maconha, em casa.

O usuário de maconha na Califórnia, um dos Estados mais liberais dos EUA, também não pode ser penalizado por portar a droga para consumo próprio e, em determinados lugares públicos, o uso é totalmente liberado.

Nos Estados Unidos, desde a Guerra do Vietnã, criou-se uma cultura de que a maconha não faz mal ao cidadão. Durante a guerra, os jovens que iam para a batalha podiam fazer uso da erva para poder “relaxar” antes do combate – isto é facilmente visto nos filmes. Na volta para casa, mantiveram o hábito e até passaram para os filhos. Daí a dificuldade de se impor proibições severas naquele país.

Em Amsterdã, na Holanda, existem cafés que comercializam todo tipo de droga, bem na região central da cidade. O consumo de maconha e até de outras drogas mais letais é feito de maneira permissiva e até incentivada por parte do Estado.

Observando o noticiário nos últimos dias, parece que existe uma onda de descriminalização da maconha no mundo. Países de todos os continentes estão mudando o olhar sobre a droga e passando a mão na cabeça de usuários e até de traficantes.

Porém, reafirmo que sou totalmente contra a descriminalização de maconha e qualquer outro entorpecente no Brasil. Não acredito que a liberação irá diminuir o consumo. Pelo contrário, é possível que a violência aumente, principalmente nas regiões mais pobres das grandes cidades. O exemplo vem do próprio EUA, que não viu a violência reduzir, com prisões cada vez mais cheias.

No Brasil o consumo de drogas lícitas, como cigarro e álcool, já cresce de maneira alarmante. Pesquisas recentes mostram que o jovem, cada vez mais cedo, se torna dependente do tabaco e da bebida alcoólica. E isto é preocupante, pois um organismo em formação é mais propenso ao vício. E sem falar que cigarro e álcool são portas de entrada para outras drogas, como maconha, crack e cocaína.

Ao liberarmos o uso da maconha, o Estado estará avalizando ou oficializando algo que prejudica o ser humano diretamente, tanto a saúde física quanto a mental. Não existem provas até o momento de que a maconha faça bem ao homem. Pelo contrário, ela provoca lesões irreversíveis no cérebro.

Conheço, inclusive, famílias que foram destruídas pelas drogas. Pais que foram afastados de seus filhos para sempre; pais que viram crianças se transformarem em bandidos e matarem pessoas em busca de dinheiro para manter o vício.

Quem tem opinião contrária – pela descriminalização da maconha –, basta fazer uma visita a um centro de recuperação de drogados. Existem vários em Goiânia, Anápolis, Aparecida de Goiânia e Rio Verde. Acredito que bastará escutar apenas uma história de quem está tentando se libertar das drogas para mudar de opinião.

E digo mais: ao invés de se discutir o uso da droga, a sociedade teria ganhos reais se debatesse formas de envolver o jovem em atividades saudáveis, como a prática de esportes. O Brasil sairia vitorioso e teria um futuro bem mais promissor.


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