CPI do Transporte
Os membros da CPI do Transporte Intermunicipal, que investiga possíveis irregularidades no transporte intermunicipal de passageiros e nas empresas que prestam este serviço, se reuniram nessa terça-feira, às 17 horas. A última reunião antes da entrega do relatório final ouviu autoridades de São Miguel do Araguaia e o diretor-executivo da Rápido Araguaia, Leônidas Elias Júnior.
As oitivas foram requeridas por Santana Gomes (PSL), que quer esclarecer fatos apresentados em audiência pública realizada no município. Na ocasião, o deputado recebeu denúncias sobre longos atrasos, ônibus sucateados e insuficientes, e falta de fiscalização por parte da empresa.
Depoimentos
Os diversos vereadores de São Miguel do Araguaia que compareceram à sessão tiveram dois minutos cada para fazer suas observações e solicitações à Mesa e à empresa. O primeiro a usar a palavra, Ítalo Henrique de Souza, 2º secretário da Câmara Municipal de São Miguel do Araguaia, disse que a luta por melhorias nas viagens da Rápido Araguaia é de muito tempo, e que apesar de diversos requerimentos e visitas à empresa, o serviço não receberia qualquer tipo de melhoria. “Os ônibus são sucateados, quebram constantemente e a passagem é cara. Exigimos mais respeito e consideração, pois não pedimos favor, pagamos por um transporte de qualidade”, declarou.
O vereador Wladimir Pires de Souza afirmou que o serviço prestado pela Rápido Araguaia é “problemático, fraco e precário”. Ele também questionou a utilização de ônibus com vários anos de uso para o transporte de passageiros. “A mesma empresa que faz viagens Goiânia-Brasília oferece ônibus novinhos para os passageiros. Por que então nós somos obrigados a rodar em veículos sucateados?”, questionou.
A prefeita da cidade, Adailza Crepaldi, teve dez minutos para explanar sobre a questão. Ela revelou que o debate sobre a precariedade do transporte intermunicipal oferecido à população de São Miguel data do fim dos anos 1990, e que de lá para cá, apesar da intensa luta, pouca coisa teria mudado.
Adailza reiterou as reclamações dos vereadores e relembrou um grave acidente envolvendo um motorista da empresa que, dirigindo sozinho, dormiu ao volante, causando diversas mortes. “São Miguel é uma cidade turística, por causa do Rio Araguaia, então não podemos aceitar esse nível de transporte, utilizado não somente por moradores da cidade”, finalizou.
Empresa
O diretor-executivo da Rápido Araguaia, Leônidas Elias Junior, convocado para prestar esclarecimentos, reconheceu alguns dos problemas e outros tentou justificar. Ele afirmou que ônibus, sendo máquinas, são passíveis de estragos e quebras. “Trabalhamos pesado pela diminuição do índice de quebras, que é de apenas 1%”, afirmou.
Leônidas ainda explicou o porquê da não renovação da frota, cobrou mais fiscalização por parte da AGR, e prometeu se empenhar para tentar melhorar a experiência dos passageiros nas viagens realizadas pela Rápido Araguaia. “Anotei todas as reclamações, desde mudanças de horários a goteiras nos veículos, e estou aberto a realizar modificações e melhorias. Não posso ser hipócrita de dizer que amanhã vocês não terão mais problemas, mas prometo montar uma força-tarefa para diminuí-los”, finalizou.
Conclusões
Ao se manifestar, o deputado Santana Gomes (PSL) disse estar contente com o depoimento do diretor-executivo, por ele ter se mostrado aberto à resolução dos problemas apresentados. “Pensei que haveria embate, então fico feliz com essa conclusão propositiva”, declarou. O parlamentar ainda sugeriu a realização de reunião futura para que a Rápido Araguaia apresente à Assembleia Legislativa as melhorias que implementadas na linha em questão.
Humberto Aidar (PT) fez um apelo que ele chamou de pessoal. “A limitação do uso dos banheiros em uma viagem de 500 quilômetros é inaceitável e precisa ser resolvida urgentemente”, declarou o deputado. Júlio da Retífica (PSDB) reforçou os questionamentos e pedidos da comunidade e disse não entender porque a empresa não se predispõe a prestar um serviço de qualidade.
Talles Barreto (PSDB) criticou a não existência de pesquisas de satisfação e a não existência de uma relação próxima com os usuários, por meio de canais de comunicação. O parlamentar também questionou, sem obter resposta objetiva, sobre a rentabilidade e lucratividade do transporte intermunicipal de passageiros, e prometeu exigir providências e punições se preciso, mesmo após o encerramento da CPI.
Agenda
A próxima sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito está marcada para o dia 25 deste mês, próxima segunda-feira. Os deputados vão se reunir nesta data para receber o relatório final, elaborado por Talles Barreto.