A Agência Assembleia de Notícias conversou com três deputados estaduais sobre um dos assuntos que mais preocupam a população: a criminalidade, especialmente os crimes contra a vida. As opiniões foram colhidas após a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) revelar por meio de nota à imprensa dados que mostram queda sequenciada nos índices de violência, em Goiás. De acordo com a Secretaria a redução do número de homicídios foi de 17,6% nos primeiros cinco meses deste ano, em comparação com igual período do ano passado.

A divulgação dos dados pelo órgão aconteceu após o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentar o Atlas Nacional da Violência esta semana. O levantamento mostra que entre 2005 e 2015 o número de homicídios no Estado cresceu mais de 104%. Em comparação com outros Estados, Goiás ficou em classificação intermediária, na 11ª posição entre as maiores variações de homicídios das unidades da federação. O levantamento apontou as trinta cidades mais violentas em relação a homicídios no país e quatro são goianas: Senador Canedo e Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia como a 24ª e 26ª e Novo Gama e Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, como 20ª e 21ª.

O deputado Diego Sorgatto (PSB) é representante das duas cidades da região do Entorno do Distrito Federal dentre as 30 com mais assassinatos. O parlamentar reconhece que aquela região tem graves problemas sociais e de infraestrutura que influenciam, segundo ele, nos índices de criminalidade. No entanto Sorgatto enumera alguns investimentos que considera importantes para o enfrentamento do problema nos municípios do Entorno do Distrito Federal, especialmente em Novo Gama e Luziânia. “No final do ano passado nos aprovamos aqui Assembleia uma emenda de nossa autoria garantindo a manutenção de uma gratificação para os policiais civis, militares, bombeiro militar e agentes penitenciários que atuam naquela região”, enfatizou. O deputado destacou ainda a criação de um grupo de patrulhamento de combate a roubos e a implantação do Batalhão de Rotam, da Polícia Militar, que está sendo instalado este mês, em Luziânia.

A deputada Adriana Accorsi (PT) que foi delegada por 17 anos e que atualmente se encontra licenciada, em razão do mandato parlamentar, analisa que de uma forma geral a violência vem crescendo. Mas ela reconhece o esforço dos agentes de segurança do Estado e do novo secretário da área, Ricardo Balestreri, na luta pela redução da criminalidade. No entanto Adriana Accorsi faz ressalvas quanto ao efetivo das corporações da segurança pública. “Mesmo com essa redução pontual nós estamos com um problema muito grave de efetivo. Isso se reflete também nas investigações de homicídios. Os crimes que acontecem têm que ser investigados para trazer essa sensação de punição para esses criminosos e isso precisa melhorar muito no nosso Estado”, pontuou.

O deputado Paulo Cezar Martins (PMDB) fez críticas à política de segurança pública, em Goiás. “Em cidades como Quirinópolis, Paranaiguara, Cachoeira Alta e em outros municípios da divisa com o Estado de Mato Grosso existem muitos assassinatos e roubos de carros e casas”, disse o parlamentar. Paulo Cezar Martins também destacou a necessidade de reforço do efetivo das polícias goianas. “Só temos aumento de aposentadorias de policiais. Contratação quase não existe. (...) Precisa fazer investimentos nessa área o mais rápido possível”, enfatizou.   

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública atualmente existe um concurso público em andamento para a contratação de dois mil novos policiais militares e outro terá início no segundo semestre deste ano para o provimento do mesmo quantitativo de vagas. Ainda segundo a SSPAP o concurso para delegados de polícia, que foi interrompido em razão de investigação de uma quadrilha que tentou fraudar o certame, será retomado ou reiniciado, de acordo com orientações do Ministério Público e do Poder Judiciário, ao fim das investigações.

A Secretaria acrescenta que por meio da realização de ações integradas de inteligência e de repressão qualificada tem obtido redução em praticamente todos os índices de criminalidade no Estado, apesar de reconhecer a necessidade de recomposição do quadro de pessoal, o que já está sendo providenciado. A pasta destaca que além da redução dos índices de homicídios tem conseguido retirar de circulação uma grande quantidade de armas de fogo irregulares. Este ano, já foram apreendidas cerca de 2 mil armas. O resultado, segundo a SSPAP, impacta positivamente no número de homicídios, uma vez que segundo o Atlas Nacional da Violência, mais de 73% dos assassinatos no país são praticados com armas de fogo.