Liderança do PCdoB

Líder de bancada e única representante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), a deputada Isaura Lemos, que também preside o diretório goiano da legenda, faz balanço das atividades realizadas pela sigla durante o primeiro semestre de 2018. A parlamentar, que exerce seu quinto mandato na Alego e é candidata à reeleição, também fala sobre o atual cenário político do Brasil e de Goiás e faz suas projeções para as eleições de outubro. Ela falou à Agência Assembleia de Notícias.
Ao resumir sua atuação parlamentar durante a atual legislatura, Isaura lembrou trabalhos desenvolvidos em diversas frentes, destacando, sobretudo, atividades realizadas no âmbito da Comissão de Habitação, Reforma Agrária e Urbana, a qual preside. “Realizamos nove audiências públicas em Goiânia e interior com resultados bastante positivos, em especial em áreas de assentamentos que sofriam com o descaso público. Ajudamos a levar energia e outras infraestruturas para essas regiões, assim como temos lutado para que a regularização fundiária seja uma realidade na vida dessas famílias.”
Além da luta em em prol do direito à terra e à moradia digna, assuntos relacionados à inclusão social de outros diversos segmentos minoritários da sociedade goiana também estiveram em pauta na agenda de trabalhos da deputada. “Realizamos várias audiências específicas, na Assembleia, com temas diferenciados, como: Educação Inclusiva, luta contra a LGBTfobia, contra a violência à mulher e contra o racismo. Apresentamos vários projetos de fundamental importância para os trabalhadores e para os consumidores, assim como tivemos leis sancionadas que beneficiam as mulheres e a transparência quanto ao uso do dinheiro público no Estado”, informou Isaura.
Eleições 2018
Apesar da instabilidade política que afeta o Brasil e Goiás, Isaura guarda boas expectativas para o pleito eleitoral que se aproxima. “Será uma eleição difícil. Nos últimos dois anos, temos visto uma contínua perda de direitos, um crescimento na onda de conservadorismo e o surgimento de falsos profetas políticos que apenas aumentam os ataques aos direitos humanos no país, conquistados a duras penas após um período de ditadura militar, que manchou a história brasileira. Estamos confiantes porque nosso trabalho sempre foi e é em prol dos trabalhadores, na luta por direitos constitucionais e inclusivos, pela democracia.”
Ela defende que os políticos tenham mais compromisso com a transparência dos atos públicos por eles praticados. Mostrar para a população um trabalho de qualidade e com resultados seria, segundo a deputada, a melhor maneira de reverter a grave insatisfação popular hoje observada na política do país. “Tenho me dedicado sempre a apresentar aos meus eleitores o meu dia a dia, desde a construção de um projeto até sua aprovação. A corrupção, infelizmente, está arraigada em nossa história e cabe a cada brasileiro fazer a diferença para que o famoso jeitinho brasileiro deixe de ser algo comum e passe a ser visto como algo inadmissível.”
Para ela, a preocupação com a credibilidade da vida política dos candidatos deverá prevalecer na hora do voto. Porém, ela observa ainda que a filiação partidária poderá receber destaque significativo, a depender da situação em que se encontrar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até as eleições. Isaura acredita que o voto em legenda pode também surpreender.
Lembrando que Lula foi condenado, em segunda instância, por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito das operações da Lava Jato. Sua prisão se deu no dia 7 de abril. Ele cumpre pena, atualmente, em regime fechado, em cela montada na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR).
Isaura informa que ainda não há quadro de candidatos definidos para o PCdoB em Goiás. Segundo ela, isso dependerá das coligações, que estão em fase de formação.
Campanha eleitoral
A reforma política e eleitoral (Lei nº 13.487/2017), realizada em 2017, pelo Congresso Nacional, aprovou várias mudanças na legislação que regula as eleições no Brasil. Dentre elas está a que dispõe sobre a durabilidade da cobertura midiática das campanhas. Segundo informações coletadas na página oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a propaganda gratuita no rádio e na televisão terá início em 31 de agosto (37 dias antes das eleições) e término no dia 4 de outubro. O período foi reduzido de 45 para 35 dias.
Isaura considera que tais mudanças terão mais influência nas campanhas majoritárias, que envolvem os candidatos aos governos estaduais e à Presidência da República. Ela lembra que eles continuarão a ter prioridade nos horários nobres da televisão aberta. “Para deputados serão apenas pílulas em horários aleatórios, reduzindo a visibilidade do eleitor quanto aos seus candidatos. Será uma grande experiência de avaliação para as próximas eleições”, acrescenta.
A deputada diz acreditar ainda que a escolha do presidente da República não deverá influenciar as candidaturas em Goiás, visto que, segundo ela, as duas instâncias guardam, entre si, uma relação de independência. Para conquistar a simpatia e voto do eleitorado, ela aposta na manutenção de uma campanha “limpa, justa” e atenta à legislação eleitoral. Ela ainda diz que a falta de recursos não representará uma novidade e que “cabe a cada candidato usar da criatividade e da força de suas lideranças para chegar ao sucesso” ao final do pleito.
Isaura considera também que as mídias digitais terão um papel determinante nas campanhas deste ano. “Cada vez mais a população brasileira está interligada nas redes sociais. A televisão deixou de ser o único meio de comunicação visual com o eleitor durante uma campanha e perde espaço para a internet. Ao menos 30% da eleição este ano será feita pelas redes sociais, porém é importante salientar que a diferença será apenas para aqueles que tem conteúdo para apresentar ao eleitor”, avalia a deputada.
Reeleição e atividades parlamentares
Uma das principais preocupações da Alego é com a continuidade das atividades parlamentares durante o período eleitoral, visto que a maioria dos deputados deverá tentar a reeleição, sobretudo em campanhas a serem realizadas no interior do Estado. Ao todo, 35 deles já manifestaram interesse em defender, no pleito de outubro, a sua permanência no Parlamento Goiano.
Ao se posicionar sobre o assunto, Isaura afirma que sempre cumpriu as suas obrigações parlamentares e considera que estas não devem ser incompatíveis com as campanhas eleitorais. E afirma que manterá a independência entre ambas agendas para as eleições deste ano.
Para manter o quórum das sessões plenárias durante o período eleitoral, ela considera que a proposta de rodízio nas bancadas é uma alternativa a ser pensada. “O que não pode acontecer é que o trabalho em plenário, de fundamental importância para a sociedade, seja prejudicado. Não podemos permitir que a votação de projetos seja postulada. Isso não seria bom nem para a imagem da Assembleia, nem para o governo.”