Legislativo promove Semana do Folclore mostrando tradição e festas dos goianos

Apresentações do Congado Vilão Rosa, de Goiandira e do grupo de folia Estrela do Oriente marcou na tarde desta quinta-feira, o encerramento da Semana do Folclore, realizada no saguão da Assembleia Legislativa, numa promoção do promovido pela Seção de Atividades Culturais da Assembleia Legislativa (Alego). O público das apresentações era formado por servidores, visitantes e parlamentares que transitavam pelo local.
Coordenador do Congado de Goiandira, Onofre Júnior conta que o grupo existe há cerca de 140 anos, surgindo, na zona rural, antes mesmo da criação do município. É ele que, com seu apito, comanda o batuque e as danças do terno Vilão de Nossa Senhora, do qual faz parte.
Com 22 anos de idade, é exatamente este o tempo que Onofre faz parte do tradicional grupo folclórico. “Oito meses depois que eu nasci minha mãe me levou pela primeira vez. Depois, nunca mais parei. E nem pretendo parar”, comenta.
Cecília Maria Ribeiro, coordenadora cultural do município, explica que o Congado de Goiandira é formada por cerca de 400 pessoas, que se dividem em oito ternos. Cada um deles, tem ritmos, figurinos e significados diferentes.
De acordo com a chefe da Seção de Atividades Culturais da Assembleia Legislativa, Lousanne de Paula, os folieiros da Associação Estrela do Oriente se apresentaram pelo quarto ano consecutivo nas dependências da Alego. “Eles são verdadeiros parceiros pois sempre atendem aos nossos convites. Com certeza, ambas as apresentações serão responsáveis por fechar essa edição com chave de ouro”, afirma ela.
Ao término de mais uma Semana do Folclore que reuniu diversas atrações do Estado para disseminar e fomentar a cultura do povo brasileiro, Lousanne ressalta que os resultados superaram as expectativas. “Cada uma das manifestações culturais que ocorreram durante esses dois dias de evento superou as nossas expectativas. Me sinto feliz e honrada por, além de reunir todas essas apresentações em um só lugar, poder manter viva um pouco das tradições goianas".
Violeiros
Na tarde desta quarta-feira, 22, a atração foi o quarteto de violeiros composto por Vinicius Araújo, Wesley Santiago, Marito e Edson Júnior. Já na terça-feira, o primeiro dia de comemoração, houve a apresentação do Grupo de Catira do CPMG de Itauçu. A programação contou com barracas típicas, quadros, mini esculturas de carros de boi e apresentações artísticas.
Logo após o show do quarteto de violeiros, os servidores apreciaram a apresentação do jovem violeiro Artur Guiliane. Ele tem apenas 10 anos de idade, e estuda viola há cinco meses. Na ocasião, tocou de maneira brilhante alguns clássicos da música caipira. “Sou fã do Tião Carreiro e Pardinho e também um admirador da moda de viola”, disse.
Outro destaque foi a apresentação do goiano Vavá Araújo, conhecido popularmente como Vavá do Berrante. Ele executou o Hino Nacional no instrumento e em seguida tocou vários ritmos, levando o público a uma viagem cultural. “Temos que valorizar as nossas tradições”, ressaltou.
Sanfona
O sanfoneiro Antônio Fernandes se apresentou na manhã de quarta-feira. Com seu instrumento e um microfone ele garantiu a animação na exposição que aconteceu no saguão de entrada da Casa, em alusão à Semana do Folclore.
Fernandes é cantor, compositor, contador de "causos", poeta, artesão e uma infinidade de outras coisas. Ele contou à Agência Assembleia de Notícias que desde os seus 12 anos de idade toca sanfona: “Se ainda não aprendi, não aprendo mais”, brincou. Hoje, aos 86, cantou e tocou com muito ânimo clássicos da música sertaneja. Ao ser questionado sobre o repertório, diz que não tem: "Toco o que o povo pedir”. O artista também recitou algumas de suas poesias no palco da Alego.
Atrações
A presidente da Comissão Goiana de Folclore, Izabel Signoreli ressaltou a importância de manter as tradições culturais preservadas “é necessário dar continuidade a nossa imensa riqueza cultural por meio da divulgação do rico folclore para que não fique no esquecimento das pessoas”, pontuou.
Izabel disse ainda que todos os municípios goianos têm manifestações com potencial na área. Porém, o reconhecimento depende de identificação de fato folclórico, que são todas aquelas manifestações culturais de caráter popular e com tendência de permanência junto ao povo de uma determinada localidade ou região.
De acordo com Signoreli, as principais manifestações hoje reconhecidas como parte do folclore goiano são todas ligadas a diferentes expressões do catolicismo popular. Possuem também forte orientação familiar, visto que são passadas de uma geração à outra, geralmente por membros de uma mesma família.
No centro da cena, este ano, estiveram presentes os Farricocos, personagens ícones da Procissão do Fogaréu. A manifestação trata de festividade católica, que é realizada anualmente na Cidade de Goiás, na madrugada da quinta-feira santa.
A edição anterior foi protagonizada, por sua vez, pelos Mascarados, figuras que prestam colorido às Cavalhadas de Pirenópolis, durante a Festa do Divino Espírito Santo. Esta festividade foi reconhecida como patrimônio imaterial brasileiro, registrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2010.
Lousanne de Paula destaca que a Assembleia cumpre o papel de valorizar o patrimônio histórico e cultural. “A Casa de Leis valoriza as tradições. São ações como essas que fazem com que o nosso Folclore não caia no esquecimento", finalizou.
Dia do Folclore
O Dia do Folclore é celebrado em 22 de agosto, data em que o termo “folklore” foi inventado pelo estudioso britânico William John Thoms. No Brasil, o dia do folclore foi oficializado em 1965 por meio de decreto federal, implantado por força do volume de estudos sobre cultura popular existentes no país desde o século XIX.
O presidente da República, General Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), instituiu, posteriormente, a obrigação de todas as escolas públicas e particulares a comemorarem a “Semana do Folclore” (16 a 22 de agosto).
Em Goiás, o então deputado estadual Ursulino Tavares Leão instituiu em 29 de outubro de 1968, através da Lei nº 7.150, o Mês do Folclore, a ser comemorado anualmente, durante o mês de agosto. A legislação traz orientações para a programação do evento, no Estado, seja feita de forma a valorizar os festejos populares, devendo ser realizada na forma de apresentações, aulas, palestras e cursos sobre temas folclóricos.
Informações coletadas no site da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce), apontando estudos elaborados pelo pesquisador Bariani Ortêncio, revelam que o traço multicultural de Goiás se reforça pela presença de um folclore rico, denso e diversificado, compreendendo danças, lendas, magias, superstições consolidadas no imaginário popular. O tema compõe assuntos de interesse sobretudo para setores ligados à educação e ao turismo.