De Goiás para o mundo. Iniciativas pioneiras no Estado têm transformado seu cenário energético e dado ao Brasil e a outros países exemplo de desenvolvimento sustentável e crescimento econômico. No intuito de compartilhar essas experiências, foi realizado, nesta sexta-feira, 24, o 1º Seminário Internacional Sobre Energias Renováveis no Estado de Goiás.

O evento teve início às 8 horas e foi finalizado no fim desta tarde, na sede da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (Acieg), em Goiânia. A realização foi do Governo estadual, através da Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima), em parceria com a Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa, por intermédio do seu presidente, deputado Simeyzon Silveira (PSD), que também preside o Fórum de Discussão Permanente do Setor Energético de Goiás.

Além do parlamentar, compuseram a mesa diretiva dos trabalhos o anfitrião Júlio César Campos, que é diretor da Acieg; o superintendente Executivo de Meio Ambiente da Secima, Paulo Humberto Guimarães, que representou o governador José Eliton (PSDB); a superintendente de Energia e Telecomunicações desta mesma pasta, Danúsia Arantes; e o diretor técnico e comercial da Celg GT, Augusto Francisco da Silva. Também participaram do evento o deputado estadual Francisco Jr (PSD) e o ex-titular da Secima, Vilmar Rocha.

O Seminário reuniu nomes internacionais e nacionais como a pesquisadora da Eindhoven University of Technology, Anna J. Wieczorek; a consultora da Clean Energy Latin America (Cela), Luisa Valentim; e o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia. O tema “Planejamento energético e a importância das energias renováveis no Estado de Goiás” foi explorado em seis painéis temáticos, sendo três pela manhã e três no período vespertino.

De acordo com o deputado Simeyzon Silveira, o evento oportunizou, de forma ímpar, um intercâmbio de informações que estão fazendo a diferença nos cenários nacional e internacional, no que tange ao desenvolvimento de matrizes energéticas renováveis complementares à fonte hidráulica. “Sem dúvida alguma, a realização deste 1º Seminário Internacional elevou Goiás a um novo patamar na discussão sobre a temática. A exposição das excelentes perspectivas que o Estado tem a oferecer para o Brasil e para o mundo foi uma iniciativa estruturante para que essa cadeia produtiva despertasse o interesse de mais investidores”, ressaltou. 

O parlamentar citou algumas iniciativas que sugerem que Goiás está no caminho certo para se tornar uma referência mundial. “Como o Programa Goiás Solar, lançado por intermédio do Fórum do Setor Energético, com objetivo de incentivar a geração e o consumo de energia solar fotovoltaica”, disse. A iniciativa é do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), planejada e executada pela Secima, com apoio da Absolar.

Conforme Simeyzon, outro resultado importante para o desenvolvimento econômico e social do Estado foi o Casa Solar, um projeto da Agência Goiana de Habitação (Agehab), que também teve grande apoio do Fórum. O programa, que está instalando sistemas de energia solar fotovoltaica em loteamentos vinculados aos Programas Habitacionais, é capaz de gerar até 70% de economia na conta de energia das famílias de baixa renda que são contempladas.

Avanços

De acordo com Simeyzon, os assuntos tratados nos painéis temáticos apresentados durante todo o dia indicam que o Estado de Goiás tem avançado cada vez mais e somado pontos positivos em suas esferas socioeconômica, ambiental e estratégica. “Redução dos gastos de energia elétrica para a população e empresas; atração de novos investimentos; geração de empregos; aquecimento das economias locais, regionais e nacional; desenvolvimento de uma nova cadeia produtiva; geração de energia limpa e sustentável; diversificação da matriz elétrica brasileira; e diminuição de perdas por transmissão e distribuição; são alguns dos inúmeros benefícios que não só Goiás, mas que o Brasil tem ganhando com o fomento às energias renováveis”, afirmou.  

A parceria entre Governo estadual, Parlamento goiano, Prefeitura de Goiânia, entidades fiscalizadoras, do setor produtivo, sociedade civil organizada, universidades, grupos empresariais e instituições financeiras tem transformado o cenário energético do Estado, o qual revela potencial para ainda mais crescimento.

Na geração de energia solar fotovoltaica, por exemplo, em 18 meses, “Goiás saltou da 14ª para a 8ª posição no ranking nacional”, informou o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia. Atualmente, são quase 1.500 sistemas de geração distribuída instalados, favorecendo mais de 1.700 unidades consumidoras, que somam mais de 14.000kW de potência (14 MW).

Experiência internacional

A pesquisadora Anna J. Wieczorek compartilhou conhecimento a respeito das transições de políticas públicas transformadoras direcionadas à sustentabilidade em energias renováveis. De acordo com ela, para os desafios sociais atuais, as políticas públicas existentes não são suficientes. “Eu vejo, através do meu trabalho, que a mudança transformadora é muito difícil, mas não é uma tarefa impossível”, garante.

Segundo Wieczorek, esta nova temática “políticas transformadoras” é uma proposta que está sendo discutida em vários países para que os modelos antigos de formulação de política pública sejam atualizados frente às mudanças que estão acontecendo, tanto nas tecnologias, quanto nos problemas acarretados pelo desenvolvimento tecnológico, como o aquecimento global e recursos naturais cada vez mais escassos.

A palestrante explicou que mudanças devem acontecer no sentido de que as escolhas políticas devem ser feitas pela sociedade como um todo. “Cada um de nós tem sua parte a fazer”, afirma. Neste sentido, ela considera que o modelo de trabalho adotado no Fórum do Setor Energético, que reúne, de forma permanente, importantes e diferentes segmentos da sociedade para debates e busca de novas experiências, é um bom caminho nesta perspectiva de políticas públicas transformadoras.

Wieczorek ressalta que o compromisso do Estado de Goiás em atingir uma matriz energética limpa, ao testar a implementação de novos modelos de energias renováveis, pode transformá-lo em um laboratório vivo e, com isso, tornar-se exemplo para o mundo. Para isso, a pesquisadora deixa claro que é preciso experimentar, arriscar, negociar, dialogar, tentar, errar e acertar.

A palestra da pesquisadora Anna J. Wieczorek foi traduzida simultaneamente por uma intérprete e transmitida para os participantes do evento.