Mães que amamentam

A Assembleia Legislativa de Goiás, por meio da Secretaria de Projetos Especiais da Procuradoria da Mulher, celebra neste mês o "Agosto Dourado", instituído no calendário oficial pela Lei 13.435 de 2017. O objetivo é ampliar ainda mais o alcance do aleitamento materno e reforçar as ações propostas dentro do calendário oficial do país, que neste ano traz o lema ‘Mães que Trabalham e Amamentam’.
Há quase 30 anos, o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) se uniram para incentivar e criar as condições para que as mães, no mundo todo, se sintam, cada vez mais, encorajadas e confortáveis para amamentarem seus filhos buscando ofertar seus inúmeros benefícios.
Para falar sobre esse assunto, quem recebeu a equipe de reportagem da Agência de Notícias e abordou as várias questões relacionadas ao aleitamento materno, assunto considerado central dentro da celebração do Agosto Dourado, foi a secretária de Projetos Especiais da Procuradoria da Mulher, instalada recentemente nesta Casa de Leis, Cristina Lopes Afonso.
A secretária lembrou que o Agosto Dourado é um evento mundial extremamente importante. Segundo ela, essa temática norteia ações que devem ser estabelecidas, com base nas evidências de estudos que demonstram os enormes benefícios nos aspectos físicos e emocionais em bebês que são amamentados com exclusividade nos seis primeiros meses e mantidos com leite materno até o final do segundo ano de vida.
“As mães precisam mais do que apoio e estímulo, elas precisam de espaço apropriado para conseguir amamentar, esgotar a mama, armazenar e fazer a guarda do leite. Apenas quatro meses de licença maternidade não é tempo suficiente para que a amamentação possa garantir uma boa quantidade de anticorpos para a saúde integral do bebê”, ressalta Cristina.
Baseado nisso e ancorado no projeto de resolução da deputada Bia Lima (PT), que estabelece a instalação de sala de apoio à amamentação para atender servidoras e visitantes nutrizes na Alego, a secretária da Procuradoria da Mulher anunciou a instalação da nova sala. O espaço deve ser instalado no andar térreo, no departamento de saúde, o qual deve atender todas as normatizações estabelecidas, seguindo os mesmos critérios do banco de leite do Hospital da Mulher.
“É fundamental que seja dado esse incentivo para que as mães possam amamentar o maior tempo possível, pois o leite materno pode ser considerado um antibiótico natural dotado de várias substâncias que podem prevenir infecções e doenças, tais como: alergias, anemias, infecções respiratórias, otites, distúrbios de audição, da linguagem, do aprendizado e de problemas dentários”, diz Cristina Afonso.
Campanha de arrecadação de potes de vidro
Além de salas exclusivas para amamentação, a mulher precisa de informação e apoio da sua rede de proteção para atravessar essa fase, reforça Cristina. Antes do nascimento, a mulher já deve preparar a mama sob as orientações do ginecologista. Ao nascer, a mãe deve amamentar o bebê já na primeira hora, oferecendo o colostro que é altamente concentrado em proteínas, sendo produzido em torno de três a cinco dias. Depois disso, a mãe deve prosseguir ofertando o seio, conforme a orientação do médico pediatra.
Existem dados que mostram amplas vantagens da amamentação, como por exemplo, maior proteção ao sistema imunológico que aumenta capacidade de resistência ao longo da vida, combate algumas doenças e diminui risco de obesidade e diabetes, elimina acidentes com queimaduras dos pais que preparam mamadeiras noite adentro, maior praticidade e rapidez já que está sempre pronto e não depende de nenhum preparo, fortalece sobremaneira o vínculo mãe-bebê, sem custo para a família. O leite já está sempre pronto com todos os nutrientes, na temperatura certa, a mãe não precisa se preocupar.
Além disso, o aleitamento envolve por completo o bebê que naquele momento se entrega aos braços da figura materna, que cuida, alimenta e ama aquele novo ser, então é um líquido dourado que vale muito por ter todas essas propriedades. O leite materno alimenta não somente o corpo, mas também a alma, tornando-se um alimento muito potente para a construção da infância. Nesses primeiros mil dias da criança é a fase em que o cérebro do bebê constrói o maior número de sinapses para se desenvolver, através desse vínculo afetivo com a mãe que acalma e transmite segurança.
Com objetivo de ser mais do que um ponto de apoio, a partir de agora, a Procuradoria da Mulher vai ser também um ponto de coleta permanente para arrecadação de potes de vidro para armazenamento de leite materno a ser doado para outras mães que por algum motivo não conseguem produzir esse líquido precioso. Os potes de vidro devem ter boca larga e serão doados para o banco de leite do Hospital da Mulher.
Amamentação envolve interação profunda entre mãe e filho
O aleitamento é considerado tão importante para a saúde pública, que nesse sentido existe um esforço internacional alinhavado entre vários órgãos. O caderno “Saúde da Criança: aleitamento materno e alimentação complementar”, elaborado pelo Ministério da Saúde, ressalta que a amamentação vai muito além da nutrição. “É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, e, em sua saúde no longo prazo, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe”, resume o documento.
Quando a mãe coloca o bebê no colo, aconchega o seu corpo, toca, acaricia e olha com ternura para o filho, está criando laços afetivos que vão possibilitar o desenvolvimento psíquico, físico e motor. Na amamentação, a mãe alimenta não só o corpo, mas também a alma desse novo ser. Portanto, o leite materno é, sem dúvida, o melhor alimento para a vida, beneficiando também a mãe que ao amamentar reduz o tamanho do útero aumentado no período da gestação e diminui sobremaneira a possibilidade de ter câncer de mama.
Recente pesquisa realizada pelo Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani-2019) reforça o papel protetor da amamentação contra doenças infecciosas e crônicas da infância e, ainda, conclui que mais de 820 mil mortes de crianças menores de 5 anos por ano no mundo poderiam ser evitadas somente com o ato de amamentar.
O último Enani mostra que apenas 43% dos recém-nascidos iniciam o aleitamento materno dentro da primeira hora após o parto e 41% dos bebês com menos de 6 meses de idade são exclusivamente amamentados. Os dados também evidenciam que o porcentual mais elevado de mães amamentando, 63,5%, ocorreu na região Sudeste. O menor índice foi encontrado no Nordeste, com 55,8% de crianças recebendo esse cuidado.