Riscos e cuidados com diabetes
O Diabetes Mellitus é uma doença crônica provocada pela falta de insulina ou da incapacidade do organismo de utilizá-la adequadamente. A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas, sendo responsável por controlar a quantidade de glicose no nosso sangue ou, em outras palavras, os níveis de açúcar. A produção insuficiente ou má absorção de insulina resulta em taxas altas de açúcar no sangue (hiperglicemia).
O diabetes do tipo 1 ocorre quando o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina. Esse tipo aparece geralmente na infância, contudo pode ser diagnosticada em adulto. O tipo 2 afeta a forma como o corpo processa o açúcar do sangue (glicose). Cerca de 90% das pessoas que têm diabetes têm esse tipo. Embora se manifeste frequentemente em adultos, crianças também podem ter.
Outro tipo de diabetes é o gestacional, que ocorre temporariamente durante a gravidez, devido às mudanças e desequilíbrio hormonal no organismo da mulher grávida, para permitir o desenvolvimento do bebê.
Hoje, dia 14 de novembro, é celebrado o Dia Mundial do Diabetes, que busca informar, prevenir e promover a importância de um acompanhamento adequado, acesso a medicamentos, insumos e a adoção de um estilo de vida saudável. A data foi instituída pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU). Criada em 1991, o dia homenageia o aniversário de Frederick Banting que, com Charles Best, descobriu a insulina como um tratamento para diabetes em 1921.
Nesse contexto, a data reforça a importância do cuidado com a saúde e chama a atenção de toda a população e de profissionais sobre a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do controle adequado da doença.
Médica endocrinologista, Fernanda Braga destaca que a prevenção do diabetes tipo 2 (relacionado à resistência à insulina e, na maior parte das vezes, à obesidade) envolve um estilo de vida saudável. “As recomendações principais são: manter uma alimentação balanceada; reduzir os alimentos ricos em açúcares simples e carboidratos refinados junto com gordura, ultraprocessados e fast foods. É preciso, ainda, consumir alimentos ricos em proteínas e fibras. A prática de atividade física regularmente é muito importante também, porque ajuda a melhorar a sensibilidade à insulina, reduzindo o risco de diabetes tipo 2 e/ou melhorando o controle da doença”.
A endocrinologista diz que é preciso fazer exames de rotina, pois tratar adequadamente no início melhora o prognóstico e reduz complicações. “Para ter menor risco de diabetes gestacional, as recomendações são as mesmas apontadas acima. Em relação ao diabetes tipo 1, não é possível prevenir, por ser uma doença autoimune. Já o tipo 2 está relacionado à resistência à insulina, sendo o fator genético muito importante. Embora seja mais comum em adultos, o número de jovens vem aumentando por piora dos hábitos e estilo de vida da população”, frisa.
Tratamento
A médica aponta que para o tratamento são usados medicamentos orais ou injetáveis que melhoram a sensibilidade à insulina e regulam os níveis sanguíneos. “Também orientamos a dieta equilibrada e atividade. No caso de diabetes gestacional, é preciso monitoramento da glicose, que deve ficar abaixo de 95 antes das refeições e abaixo de 140 após, e mudanças na dieta e prática de atividades físicas se não houver contraindicação pelo obstetra. Caso a meta glicêmica não seja alcançada, é necessário insulinização”, comenta.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o tipo 2. Mas existem outros quadros, como explica a endocrinologista Fernanda Braga. “Entre o tipo 1 e o tipo 2, foi identificado ainda o diabetes latente autoimune do adulto (Lada). Algumas pessoas que são diagnosticadas com o tipo 2 desenvolvem um processo autoimune e acabam perdendo células beta do pâncreas.
Também existe o mody, que consiste em diabetes de início maturacional em jovens e se trata de uma forma rara e hereditária do mal, sendo causado por mutações em genes que afetam a função das células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. Alguns tipos de mody respondem bem a medicações orais, enquanto outros podem necessitar insulinização. Já o paciente com Lada geralmente precisa de insulina, pois a produção natural diminui progressivamente. O início do tratamento pode incluir medicamentos orais, mas, com o tempo, a insulina tende a se tornar necessária”, diz a endocrinologista.
Complicações
O diabetes não tratado de forma adequada pode levar a complicações graves por lesões macro e microvasculares. “Pode causar doenças cardiovasculares com aumento do risco de infarto, acidente vascular cerebral (AVC). Além de nefropatia diabética, que pode levar a insuficiência renal, necessitando de hemodiálise; retinopatia diabética, que pode levar à perda da visão, e neuropatia, que pode ocasionar danos nos nervos, principalmente nas extremidades, aumentando o risco de úlceras e amputações. Os diabéticos têm maior risco de infecções, como pneumonia e infecções urinárias, e uma piora de cicatrização”, detalha a médica.
Crianças
Em crianças, o diabetes tipo 1 é mais comum. Os sintomas são: sede excessiva, aumento da frequência urinária, perda de peso inexplicável, cansaço, fome excessiva e mudanças de humor. “Muitos abrem o diagnóstico com cetoacidose diabética, uma condição que exige cuidados intensivos por vezes. Embora o diabetes tipo 1 não possa ser prevenido, a detecção precoce é importante. E nos casos de predisposição ao diabetes tipo 2, ter hábitos saudáveis é fundamental”, pontua Fernanda Braga.
No Brasil, são 588 mil pessoas com diabetes tipo 1, entre crianças e adolescentes. É importante que pacientes com diabetes mantenham em dia seus exames, realizem acompanhamento médico periódico e estejam atentos a hábitos de vida mais saudáveis, a fim de controlar a ingestão de açúcares.