Empresários e vereadores dão sugestão para melhorar projeto sobre transporte escolar
Na audiência pública em cruso na manhã desta terça-feira, 13, na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), representantes de cooperativas, lideranças políticas e gestores municipais reforçaram a importância do projeto de lei nº 6636/24, de autoria do deputado Charles Bento (MDB), que propõe a ampliação em cinco anos da vida útil dos veículos utilizados no transporte público de escolares. O encontro, promovido pelo emedebista, reúne participantes diretamente ligados à realidade do setor, que puderam expressar suas preocupações, experiências e sugestões para o aprimoramento da proposta.
Presidente da Cooperativa de Transporte de Jataí (CTJ), Lázaro Ferreira Filho relatou as dificuldades enfrentadas pelos profissionais do segmento, especialmente em regiões onde a única opção viável para o transporte é a Kombi. “Tem estrada de chão que só a Kombi aguenta. A van, por exemplo, não foi feita para isso. Se a Kombi parar de rodar, vai ser um caos no estado de Goiás”, alertou.
Segundo Filho, a ampliação do prazo de uso de veículos de 15 para 20 anos “vai ajudar muita gente” e possibilitará melhor planejamento para aquisição de novos veículos. “Estamos transportando o tesouro de outras pessoas, o bem maior de pais e mães. A manutenção é feita corretamente. Se for necessário passar por vistoria, estamos prontos. O importante é poder continuar.”
Realidade rural
O vice-prefeito de Jussara, Adriano Dias (PP), também endossou a proposta e destacou a realidade rural de seu município. “Jussara tem mais de mil alunos transportados diariamente por 19 Kombis e nove ônibus. Somos o 15º maior município do estado, com grande extensão territorial e uma vasta zona rural. Não há como substituir a Kombi por outro veículo que atenda com a mesma eficiência”, afirmou. Ele ainda parabenizou o deputado Charles Bento pela realização da audiência e pela abertura ao diálogo com os profissionais da base.
Presidente da Cooperativa de Locadores de Veículos, Máquinas e Serviços de Porangatu (Coopertur), Lindomar Martins de Melo elogiou a sensibilidade do parlamentar com o tema. “É uma causa justa e necessária. O transporte escolar é essencial, e não há alternativa viável hoje. O Estado e os municípios seriam os maiores prejudicados se a categoria fosse inviabilizada”, pontuou.
Melo também sugeriu que o projeto inclua a reivindicação de isenção de impostos para aquisição de veículos por transportadores escolares. “Se amanhã precisarmos mudar de categoria, temos que garantir condições para continuar prestando esse serviço. Um veículo novo custa até R$ 200 mil, o que é inviável para a maioria”, completou.
Alunos podem ficar sem escola
O vice-presidente da Cooperativa Escolar de Jussara (Cooperaju), José Carlos Rebouça, ressaltou o impacto direto da possível descontinuação das Kombis nas áreas rurais. “Se não houver mudança, vários alunos vão ficar sem escola. É preciso dar mais uma folga para a gente continuar trabalhando”, afirmou.
O vereador Cloves Fernandes, o Có do Militão (PP), relembrou a atuação de Charles Bento anteriormente para garantir a extensão do uso de veículos em 2020 e agradeceu a retomada do tema pelo parlamentar. “Na época, o projeto passou rápido e foi sancionado pelo governador. Agora, a necessidade voltou. Se esse projeto não for aprovado, cinco linhas podem parar só em Jussara, e centenas de alunos vão ficar sem transporte”, disse.
Já o vereador Glênio Rebouças (UB) reforçou a relevância do projeto e destacou a importância de se manter a fiscalização com rigor técnico, mas sem inviabilizar a categoria. “É preciso cautela nas vistorias. Sabemos da necessidade de segurança, mas o que está sendo feito já é rigoroso. As peças de reposição ainda são encontradas e o serviço pode continuar com segurança”, argumentou.
A audiência segue com a participação de outras lideranças e representantes da sociedade. O projeto de lei 6636/24 já foi aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) e está em análise na Comissão de Obras, antes de seguir para votação em plenário. Charles Bento reforçou que o objetivo da audiência é justamente ouvir os envolvidos para assegurar que o texto atenda às reais necessidades da categoria.