Ícone alego digital Ícone alego digital

Notícias dos Gabinetes
Deputado Mauro Rubem denuncia ao MP irregularidades na gestão da cultura em Goiás

12 de Fevereiro de 2025 às 14:58
Deputado Mauro Rubem denuncia ao MP irregularidades na gestão da cultura em Goiás

O presidente da Comissão de Cultura, Esporte e Lazer da Alego, o deputado estadual Mauro Rubem (PT-GO), apresentou uma representação ao Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) para apuração de graves irregularidades na gestão da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-GO) e do Conselho Estadual de Cultura (CEC-GO).

A iniciativa do deputado se fundamenta na falta de transparência na destinação de recursos públicos, na exclusão de entidades da sociedade civil do processo decisório e na fragilização da composição do conselho, comprometendo sua independência e sua capacidade de fiscalização das políticas culturais no Estado.

A representação aponta uma prática sistemática de direcionamento administrativo e ausência de critérios objetivos na tramitação de projetos culturais, viabilizada pelo Decreto nº 10.185/2022, editado pelo governador Ronaldo Caiado. O dispositivo conferiu à Secretaria de Cultura discricionariedade exacerbada na classificação de determinados projetos como “excepcionais”, permitindo sua aprovação acelerada, sem publicidade adequada e sem a devida prestação de contas.

Para Mauro Rubem, essa distorção criou um ambiente institucional onde a ausência de isonomia tornou-se regra, favorecendo grupos previamente selecionados e inviabilizando a participação equitativa de atores culturais historicamente comprometidos com a identidade e a memória cultural de Goiás.

Diante desse cenário, deputado requer que o MPGO investigue a legalidade dos atos administrativos da Secult-GO e do CEC-GO, incluindo a regularidade do processo de escolha dos conselheiros, a fiscalização da execução dos contratos e a fundamentação técnica das decisões que resultaram na exclusão de entidades culturais de processos decisórios.

Além disso, solicita a anulação da Resolução nº 2/2024-CEC e a reabertura do processo eleitoral do Conselho, garantindo que todas as entidades excluídas tenham participação em igualdade de condições.

Procissão do Fogaréu
O caso da Procissão do Fogaréu, um dos eventos mais emblemáticos da cultura goiana, sintetiza os efeitos nocivos dessa política. Tradicionalmente realizada pela Organização Vilaboense de Artes e Tradições (OVAT), a celebração religiosa e cultural foi, pela primeira vez, em décadas, retirada da entidade que a idealizou e organizou ao longo de sua história.

Nessa perspectiva, a OVAT teve seu projeto indeferido sem justificativa técnica plausível, enquanto outro proponente obteve aprovação em apenas 13 minutos, sob os mesmos critérios que foram negados à entidade tradicional.

De acordo com o parlamentar, essa situação, longe de ser um evento isolado, escancara o grau de interferência da Secretaria de Cultura no fluxo decisório e na destinação de recursos, reduzindo a participação social e corroendo a legitimidade dos processos administrativos.

Conselho Estadual de Cultura

Além do uso questionável da política de excepcionalidade, a representação denuncia a exclusão arbitrária de entidades culturais no processo eleitoral do Conselho Estadual de Cultura. Museu Histórico Dominicano Frei Nazareno Confaloni, Instituto Biapó, Fundação Frei Simão e Instituto Bertran Fleury foram impedidos de participar da Assembleia Geral para escolha do representante do segmento de Artes Visuais e Artesanato.

A justificativa, baseada na ausência de publicação oficial dos cadastros das entidades no Diário Oficial do Estado, revela-se insustentável quando confrontada com a inserção retroativa de uma única entidade, garantindo a ela o direito de participação na eleição.

“Essa manobra administrativa não apenas viola princípios básicos da administração pública, como isonomia e impessoalidade, mas também compromete a credibilidade do Conselho, que deveria ser um espaço plural e representativo. A exclusão das entidades supracitadas reflete um processo de corrosão democrática dentro do próprio órgão, no qual a transparência foi substituída por decisões arbitrárias e direcionadas”, destacou Mauro Rubem.

Paridade
Outro ponto crítico abordado na representação é a quebra da paridade na composição do Conselho Estadual de Cultura, essencial para o equilíbrio entre sociedade civil e poder público. Originalmente estruturado para garantir diálogo, controle social e fiscalização independente, o Conselho passou por modificações que consolidaram uma maioria alinhada ao Governo estadual, comprometendo sua capacidade de deliberação autônoma.

Segundo o documento apresentado ao MP-GO, a nomeação de conselheiros sem qualificação técnica adequada para os segmentos que representam e a recondução questionável de membros do Conselho são evidências concretas da progressiva descaracterização do órgão enquanto espaço de governança democrática da cultura. “O resultado é um Conselho esvaziado de sua função essencial, transformado em um órgão de mera homologação das decisões da Secretaria de Cultura, sem efetivo poder de fiscalização e regulação das políticas culturais”, frisou.

Falta de transparência

Além das interferências estruturais no conselho, a representação destaca a falta na gestão dos recursos públicos pela Secult-GO, marcada pela ausência de publicidade nos processos de repasse, pela falta de prestação de contas detalhada sobre a execução dos contratos e pela inexistência de critérios objetivos que justifiquem a escolha de determinados beneficiários em detrimento de outros.

A precarização dos mecanismos de transparência compromete não apenas a eficiência da política cultural, mas a própria legitimidade da aplicação dos recursos públicos, fragilizando as bases de fomento e incentivo à produção cultural goiana.

Foto: Sérgio Rocha da Agência Alego

Gabinete Dep. Mauro Rubem Conteúdo de responsabilidade do deputado e sua assessoria de imprensa, não representando opinião ou conteúdo institucional da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).
Compartilhar

Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse nossa política de privacidade. Se você concorda, clique em ESTOU CIENTE.