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Mudanças climáticas

16 de Março de 2021 às 16:00
Crédito: SPI
Mudanças climáticas
Dia Nacional sobre a Conscientização de Mudanças Climáticas
O Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas é celebrado, hoje, 16 de março. Reportagem especial traz entrevista e dados sobre o assunto que vem protagonizando diversas iniciativas globais coletivas.

O Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas foi criado em 2011 com a finalidade de chamar a atenção para as graves consequências das mudanças climáticas do Planeta. A data também traz a oportunidade de ligar o alerta sobre a necessidade de colocar em prática ações que reduzam o impacto dessas alterações no clima.

Não é difícil perceber que o clima está diferente. E não precisa ser um estudioso do assunto, mesmo o cidadão comum, principalmente quem viveu mais de 30, 40 anos, já notou muitas mudanças: as chuvas estão menos frequentes, o calor aumentou, na estiagem a umidade relativa do ar chega a níveis quase insuportáveis. Uma corrente científica, formada por estudiosos do mundo todo, acredita que essas alterações que já acontecem, e muitas outras que poderão ocorrer, são causadas pelo aquecimento global que, por sua vez, é provocado pelo efeito estufa.

Muito tem se falado do efeito estufa como o grande vilão das mudanças climáticas, mas não é bem assim. O efeito estufa é essencial para a manutenção da vida na Terra. Isso porque ele é formado por uma camada de gases, como o gás carbônico, metano e óxido nitroso, que cobre a superfície do planeta e o mantém na temperatura ideal para a sobrevivência das espécies terrestres.

Normalmente, uma parte da radiação solar que chega ao nosso planeta é retida por essa camada de gases, que causa o chamado "efeito estufa". Graças a esse fenômeno, a temperatura média da Terra permanece em 15ºC, o nosso planeta é mantido aquecido e não há grandes variações de temperatura entre o dia e a noite. E isso mantém vivos os seres humanos e mais uma infinidade de organismos.

O problema é que, desde a Revolução Industrial, as emissões de gases de efeito estufa (GEE), em especial o dióxido de carbono, foram aumentando, o que intensificou significativamente o efeito estufa. Segundo o ambientalista e especialista em planejamento urbano e ambiental Gérson Neto, esses gases são gerados por processos como a queima de combustíveis, queimadas de florestas, decomposição de organismos e, até mesmo, pela nossa respiração.

Grande parte desse carbono que hoje está na atmosfera estava confinado nas florestas, nos poços de petróleo, gás natural e carvão mineral embaixo da terra. “Com a Revolução Industrial, a partir do fim do século XVIII, a queima de combustíveis fósseis foi acelerando exponencialmente e sem tréguas. Em abril de 2020, as medições já apontavam a concentração de 416,21 partes por milhão de CO2 na atmosfera”, assinalou.

O ambientalista explicou, em detalhes, as consequências desse aumento na emissão de gases que causam o efeito estufa: “Quando os raios solares entram na atmosfera, são energia de alta frequência. Quando atingem a superfície do Planeta, são refletidos como energia de baixa frequência, gerando calor. Esse calor agita as moléculas de carbono e essa agitação guarda esse calor. Com a concentração crescente de carbono na atmosfera, ela vai aquecendo. É exatamente como em uma estufa de produção agrícola”.

O que acontece, em seguida, são as mudanças no clima provocadas por esse aquecimento da atmosfera. Uma delas é a alteração dos regimes de chuva, com períodos de estiagem mais prolongados e rigorosos e, no período chuvoso, muitas chuvas torrenciais e destruidoras; por sua vez, alguns lugares convivem com secas severas e enchentes devastadoras no mesmo ano.

De acordo com Gerson Neto, no Cerrado, essas variações no regime de chuvas, com menor infiltração de água no solo e o assoreamento dos rios, têm feito os mananciais perderem volumes de água. Além disso, outras consequências graves ameaçam a vida na Terra. “Nos oceanos temos mudança nas correntes marítimas, que potencializam as mudanças climáticas e reforçam fenômenos como furacões, El Niño e La Niña. Há, também, elevação do nível dos mares, ameaçando regiões costeiras. Rios que nascem nas geleiras das montanhas estão secando durante o período de estiagem, o que acontece, também, com as nascentes andinas do Rio Amazonas”, relatou o especialista.  

Medidas conjuntas adotadas por diversas nações  

Todo esse cenário provocado pelas consequências das mudanças climáticas tem preocupado autoridades mundiais já há algum tempo. Tanto que, em 1992, houve, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas (CNU) sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ECO-92 ou Rio-92. Nessa conferência, o Brasil e outros 154 países assinaram o documento “Convenção sobre Mudanças Climáticas” se comprometendo a diminuir as emissões de gases do efeito estufa.

O aprofundamento dos acordos da Rio-92 resultou na elaboração do Protocolo de Kyoto, em 1997, assinado na cidade japonesa. No documento, foram implantadas metas de redução de gases, em torno de 5,2% entre os anos de 2008 e 2012, com responsabilidades distribuídas entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos.

Posteriormente, em 2015, durante a COP 21 – 21ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – foi assinado por 195 países o Acordo de Paris. O ambientalista Gerson Neto esclareceu que o documento buscou limitar a 1,5 graus Celsius o aquecimento do Planeta desde a Revolução Industrial, a partir da data de referência de 1880.

Ele seguiu explicando que essa não é uma tarefa fácil. “O controle do aquecimento não é instantâneo; demoraria alguns anos para mostrar efeitos e resultados. Além disso, o mundo tem encontrado dificuldades para controlar as emissões, porque exige uma mudança no estilo de vida das pessoas, especialmente das mais ricas. Enquanto nos Estados Unidos da América (EUA) a emissão de toneladas de carbono per capita é de 20,4, no Brasil essa emissão é de 1,8 toneladas e no Afeganistão é de 0,03 toneladas”.

Mas continuam os esforços, no sentido de reduzir as emissões de gases nocivos ao efeito estufa. Em novembro de 2021, os líderes mundiais vão se reunir, novamente. Dessa vez, em Glasgow, na Escócia, para a COP 26. E para o especialista em planejamento urbano e ambiental, o cumprimento das metas do Acordo de Paris é urgente. “A expectativa para Glasgow é de retomada do esforço mundial, a partir da mudança de posição dos Estados Unidos e da crescente preocupação mundial com o descontrole do aquecimento global. O tempo está ficando cada vez mais curto e, logo, chegaremos ao ponto em que o aquecimento não poderá mais ser controlado porque o Planeta ficará tão quente que as paisagens dos biomas vão mudar e muitas florestas começarão a morrer por causa da seca” analisou Neto.

Enquanto acompanhamos as negociações mundiais para a tomada de decisões que signifiquem, verdadeiramente, a redução das consequências do aquecimento global, cada cidadão pode fazer um pouquinho para ajudar. Apesar de considerar que ações individuais contribuem pouco, Gerson Neto frisou que as pessoas “precisam reduzir seu consumo, evitar produtos e atividades que consumam muito combustível, trocar fontes de energia para energias renováveis como a solar, investir em carros elétricos, assim que estiverem disponíveis, e pressionar os governos para cumprirem o Acordo de Paris”. Na perspectiva do especialista, o Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas é uma boa oportunidade para cada um pensar (e começar a mudar) as suas atitudes. 

 

Agência Assembleia de Notícias
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