Antes restrita ao ambiente hospitalar, desde o ano passado, a data de 5 de maio passou a ser observada também por grande parte da população, já que lavar as mãos corretamente é uma das medidas recomendadas pelas autoridades de saúde para se evitar o contágio pela covid-19. Mas, para além da doença provocada pelo novo coronavírus, lavar as mãos corretamente pode evitar várias outras enfermidades. Pela importância desse ato tão banal, mas muitas vezes negligenciado pelas pessoas, a Organização Mundial da Saúde dedicou o 05 de maio à higienização das mãos. 

Até a covid-19 se espalhar pelo mundo inteiro e por isso, ganhar o status de “pandemia”, pouco se falava e pouco se ouvia sobre a importância de se lavar as mãos. E ainda, nós, população em geral, não prestávamos atenção à importância de se higienizar bem ou sequer, sabíamos que havia uma forma correta de lavar nossas mãos. As autoridades de saúde, essas sim, já haviam constatado essa necessidade há algum tempo, mas a grande preocupação era difundir as boas práticas de higienização nos hospitais, como forma de diminuir, inclusive, os riscos de infecção hospitalar. A chegada do SARS- CoV-2, com todo seu potencial destrutivo, forçou a amplificação desses conceitos para toda a população. 

A gente não percebe: mas as mãos estão diretamente envolvidas em praticamente todas as atividades que realizamos ao longo do dia: preparar comida, comer, ir ao banheiro, lidar com dinheiro, abrir e fechar portas, cuidar dos pets, digitar em computadores ou celulares... também sem perceber levamos as mãos ao nosso rosto diversas vezes ao dia. Um estudo de 2015 (portanto muito antes da pandemia), feito com estudantes de medicina na Austrália, revelou que, mesmo conscientes dos efeitos nocivos do hábito, eles continuavam tocando seus rostos ao menos 23 vezes por hora, o que incluía o contato frequente com a boca, o nariz e os olhos. Ou seja, é um ato involuntário e que  pode ser perigoso, já que existem milhões de micróbios em nossas mãos. É verdade que a maior parte deles é inofensiva e faz parte da flora microbiana natural, mas alguns podem ser nocivos ao organismo humano. E é aí que entra a importância de se higienizar bem nossas mãos, constantemente e da forma correta.  

Alguns dados confirmam a tese. De acordo com a OMS, 40% dos casos de diarreias, gripes e conjuntivites poderiam ser evitados com o simples ato de lavar as mãos corretamente. E segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) a diarreia e a desidratação são uma das cinco maiores causas de morte em crianças abaixo de dois anos no mundo. Os números do Unicef revelam, ainda, que cerca de cinco mil crianças morrem dessas doenças e estudos mostram que a metade dessas mortes pode ser evitada se as crianças tivessem o hábito de se lavar as mãos com sabão, antes do almoço e depois de ir ao banheiro. 

A enfermeira Aparecida Correia, que trabalha no serviço de controle de infecção hospitalar em um hospital de Goiânia, confirma que a higienização adequada das mãos é importante para evitar a transmissão de diferentes doenças: “Além das diarreias e outras referentes ao trato gastro-intestinal,  infecções das vias respiratórias, como a influenza, a hepatite A e outras, são causadas por vírus e bactérias. Quando encostamos as mãos em superfícies contaminadas, elas também podem se contaminar por esses micro-organismos. E, ao levarmos a mão aos olhos, boca ou nariz, a transmissão acontece. Mas, se antes disso, a pessoa tiver lavado as mãos com água e sabão, quebra-se a cadeia de contágio”, explica a profissional.   

Quando e como lavar as mãos?

Mesmo estando em casa, há diversas situações em que devemos lavar bem as mãos, como antes do preparo de alimentos, após coçar ou assoar o nariz, antes e depois das refeições, após ir ao banheiro; antes e depois de tratar algum machucado ou ferimento, depois de tocar, alimentar ou limpar um animal e depois de tocar no lixo. Se tem criança em casa, a atenção deve ser redobrada: deve-se higienizar as mãos antes de tocar em qualquer coisa que vá à boca do bebê, depois de trocar as fraldas ou ajudar uma criança a ​se limpar, além, é claro,  de ensinar o bom hábito, aos pequenos.  

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a higienização das mãos, com água e sabão ou com soluções alcoólicas, é a medida individual mais simples e menos dispendiosa para prevenir a propagação das infecções. 

E para que a higiene seja eficiente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que se retire acessórios como anéis, relógios e pulseiras, pois sob esses objetos podem se acumular micro-organismos. Em seguida, molhe as mãos com água e depois coloque uma quantidade de sabão que seja suficiente para cobrir toda a área. O próximo passo é esfregar toda a superfície das palmas e costas das mãos e, depois entre os dedos, unhas e polegares. Por fim, enxaguar com água corrente abundante e secar, preferencialmente, com papel descartável. 

E o álcool em gel, onde entra nessa história? Ele é uma espécie de substituto da água e do sabão, para ocasiões em que não é possível lavar as mãos. Mas a enfermeira avisa: “Para ser eficiente, o produto deve ter, no mínimo, 60% de álcool em sua formulação. Por outro lado, uma quantidade muito alta também não vai ser eficaz, pois a evaporação vai ser muito rápida e não vai dar tempo de matar todos os micro-organismos que porventura, estejam na pele.”  

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) alerta, ainda, para a forma de aplicação: é necessário que você cubra todas as superfícies das duas mãos inteiramente com o álcool e esfregue até secar totalmente. Além disso, chama a atenção para o fato de que utilizar álcool em gel em mãos oleosas ou sujas diminui a eficácia do produto. 

Nesse espírito de contribuir com a redução da transmissão da covid-19 em suas dependências, através da higienização das mãos, a Assembleia Legislativa de Goiás disponibilizou “dispensers” de álcool em gel em vários pontos da Casa, com reposição diária do produto. 

A Alego também apoia a campanha do Dia Mundial de Higienização das Mãos, mas em função da pandemia não haverá evento presencial. As orientações serão feitas em postagem nas redes sociais da instituição.