7 de abril, Dia do Jornalista

O Brasil celebra neste dia 7 de abril o Dia do Jornalista. A data homenageia os profissionais cuja função passa pelo ato de pesquisar, investigar, entrevistar, interpretar e tratar dados utilizando técnicas próprias dos textos jornalísticos. O dia é oportuno, sobretudo, para impor uma reflexão àqueles que vivenciam os desafios da profissão, além de soar como convite para que a sociedade reflita acerca da importância desse trabalho.
Os jornalistas são responsáveis por alimentar, diariamente, os noticiários, seja por meio dos programas de rádio, TV, jornais impressos ou via internet. Trata-se de uma profissão que requer coragem. Infelizmente, muitos dos profissionais ainda convivem com a censura e perseguições diárias. Ser repórter é dedicar a vida, sem exageros, pelo coletivo; pela boa informação.
Acontece que atitudes truculentas praticadas contra a imprensa terminam, em casos mais extremos, no assassinato de seus profissionais. Vale lembrar do caso envolvendo o jornalista britânico Dom Phillips. Dom foi morto numa emboscada, junto com o indigenista Bruno Pereira, em Atalaia do Norte (AM). O caso chocou o Brasil.
Para se ter uma ideia das dificuldades enfrentadas ainda hoje pelos profissionais da imprensa, em 2022 o Brasil permaneceu como um país hostil e violador da liberdade de imprensa.
Foram registrados 376 casos de agressões aos profissionais e ataques à categoria e a veículos de comunicação. Houve uma queda de 12,56% (54 casos) no número de ocorrências, em relação às registradas em 2021, que foi, por sinal, o ano mais violento para os jornalistas brasileiros desde o começo da série histórica dos registros dos ataques à liberdade de imprensa feitos pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). O levantamento, vale destacar, foi iniciado na década de 1990.
Não há uma estimativa de qual deverá ser o cenário ao final de 2023, mas, pelo que se pode observar até o momento, a situação está longe de figurar entre as melhores. Para ilustrar esse cenário um tanto quanto desanimador, das cinco últimas notas emitidas pela Federação Nacional dos Jornalistas, quatro estão diretamente ligadas à censura ou perseguição a jornalistas.
Recorte da realidade
Em 20 de março, por exemplo, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba (SindjorPB) foi a público repudiar veementemente as atitudes do conselheiro emérito do Botafogo da Paraíba, Breno Morais, e do vice-presidente de futebol do clube, Afonso Guedes, que agrediram verbalmente e por pouco não atingiram fisicamente dois profissionais de imprensa que estavam trabalhando durante partida disputada no Estádio Almeidão, em João Pessoa.
Quatro dias depois, foi a vez do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ) repudiar a atitude da direção do Flamengo que impediu a entrada da equipe de reportagem do UOL no CT Ninho do Urubu. O clube, que autorizou a presença da imprensa na parte inicial dos treinos, vetou a entrada da equipe do UOL.
Já no dia 28 do mesmo mês, o Sindicato de Jornalistas do Distrito Federal repudiou veementemente os ataques racistas à jornalista Basília Rodrigues, através de redes sociais, com objetivo de agredir e intimidar a profissional. Os ataques aumentaram após a jornalista entrevistar o deputado federal Nikolas Ferreira (PL/MG) e o chamar a atenção, por estar desrespeitando seu papel enquanto entrevistadora.
A nota mais recente foi publicada em solidariedade a um repórter da RBS, do Rio Grande do Sul. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais, o Sindicato dos Radialistas; a Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos; e o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Gráficas, todos do Rio Grande do Sul, foram a público repudiar a violência contra a imprensa. Acontece que, durante uma partida no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, um homem invadiu o gramado e agrediu um cinegrafista da RBS TV.
Preocupação adicional
Em tempos de internet, a profissão que já não era fácil se tornou ainda mais desafiadora. Acontece que muitos produtores de conteúdo não levam a sério os princípios da reportagem e acabam divulgando matérias sensacionalistas, que provocam grandes impactos na vida em sociedade.
Também por isso é tão importante saudar os verdadeiros profissionais que exercem o jornalismo de maneira ética. Nunca é demais lembrar que esse trabalho é crucial e melindroso por ter o poder de transformar a opinião pública. Não é à toa que a imprensa também se tornou conhecida popularmente como o quarto poder. Afinal, sem uma imprensa livre, não há democracia plena.