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Guardiões do cuidado à saúde

13 de Maio de 2024 às 08:20
Guardiões do cuidado à saúde
A data ressalta a atuação desses trabalhadores da saúde essenciais à sociedade, que têm a missão de salvar vidas e que ficaram ainda mais em evidência durante o período crucial da pandemia de covid-19.

O 12 de maio é dedicado ao Dia Internacional do Enfermeiro e da Enfermagem, a maior categoria da área de saúde, contando com mais de 2,5 milhões de inscritos, entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem no Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Na Assembleia Legislativa, diversos projetos tratam de assuntos relativos à classe.

Profissão que tem no cuidado com as pessoas, sua principal tarefa, a enfermagem teve sua importância reconhecida oficialmente, em 1974, pelo Conselho Internacional de Enfermeiros, com a instituição do 12 de maio, como o Dia Internacional da Enfermagem. A data foi instituída em homenagem ao nascimento de Florence Nightingale, inglesa pioneira no tratamento de feridos em batalhas, tendo criado a primeira escola de enfermagem.

No Brasil, a data já havia sido instituída por um decreto do então presidente Getúlio Vargas, em 1938. Aqui, além do dia do Enfermeiro, entre os dias 12 e 20 de maio comemora-se a Semana da Enfermagem, que também faz uma homenagem à Ana Néri, primeira enfermeira brasileira a se alistar voluntariamente em combates militares. 

A profissão tem origem milenar e remonta às pessoas que cuidavam e protegiam convalescentes, idosos e deficientes. Tornou-se uma prática não profissional durante a Idade Média, desenvolvida por ordens religiosas. Atualmente, a enfermagem divide-se em três níveis de formação profissional: enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem.

Projetos legislativos 

Na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), diversas proposituras tramitam tendo a enfermagem ou os profissionais da categoria como objeto.

Uma delas é de autoria do deputado Gustavo Sebba (PSDB), que propõe o livre acesso dos profissionais da enfermagem em visitas aos seus familiares internados em hospitais e outras unidades de saúde públicas e privadas do Estado de Goiás.

Segundo o que pretende a matéria, os profissionais de enfermagem, desde que identificados, podem visitar familiares que estejam internados em horários diferentes dos reservados às visitas. A ideia é assegurar ao profissional o direito de contribuir com o acompanhamento ao familiar interno, já que como trabalha em regime de plantão, isso pode impossibilitar a visita nos horários determinados pelas unidades.

O projeto de lei prevê ainda que, durante a visita do profissional da enfermagem ao paciente interno, será assegurado acesso ao prontuário médico e às outras informações que possam contribuir para o acompanhamento do paciente.

Segundo alega o parlamentar, a iniciativa surgiu da necessidade de reconhecer o papel crucial que esses profissionais desempenham diariamente no sistema de saúde e, na outra ponta, a importância de fortalecer os laços familiares e proporcionar o suporte emocional necessário para o bem-estar dos pacientes e dos profissionais. “Essa permissão pode contribuir para reduzir os níveis de estresse, promover o apoio emocional e fornecer um ambiente de suporte e resiliência aos profissionais e aos seus familiares”, argumenta Sebba.

Outra matéria que atinge a categoria profissional propõe a instituição da Política Estadual de Primeiro Emprego para Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem.

O autor da proposta, deputado Anderson Teodoro (Avante), argumenta que a conquista do primeiro emprego para os recém-formados nessa categoria enfrenta várias dificuldades. Entre elas a exigência, por parte das unidades de saúde, de experiência profissional para a contratação. “Contudo, para os profissionais de enfermagem, a falta de experiência é um fator impeditivo, comparado às demais áreas de formação, tornando-se uma barreira quase intransponível, porque qualquer erro pode ensejar indenização no âmbito do Direito Civil”. 

Para reverter esse quadro, o projeto de lei garante a promoção de capacitação profissional, com aulas práticas e cursos direcionados à atuação profissional, treinamento e/ou mentoria supervisionada e a qualificação de profissionais da área da enfermagem, pelo período de seis meses.

Essas iniciativas vão ocorrer em parceria com entidades do setor produtivo, sindicatos, hospitais da rede pública privada, universidades, faculdades, hospitais-escolas, Conselho Regional de Enfermagem, o terceiro setor e das secretarias de Saúde (SES), de Desenvolvimento Social (Seds), de Educação (Seduc) e de Desenvolvimento e Inovação (Sedi). “Cabe advertir que a capacitação profissional para o primeiro emprego não significa substituição de qualquer servidor concursado. Ao contrário, os profissionais recém-formados poderão ser treinados e supervisionados, pelo período de seis meses, pelos servidores concursados de saúde para adquirir experiência necessária e, ao mesmo tempo, prestarão auxílio aos servidores concursados de saúde”, afirma Teodoro.

A profissão

Segundo a presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO), Thaís Luane Pereira de Almeida Prado, a enfermagem é a maior categoria de saúde do País. Somente no Estado de Goiás são quase 83 mil profissionais.  

Ela explica que há muitas oportunidades de emprego, mas nem sempre em condições ideais. E esse é um dos desafios da entidade. “Lutamos para que as oportunidades sejam disponibilizadas em condições dignas e adequadas para o exercício profissional, com o cumprimento da Lei do Piso Salarial e a Lei do Descanso Digno, além de proporcionar medidas para evitar duplas e triplas jornadas de trabalho e garantir a segurança do paciente”.

Thais Luane também cita a capilaridade como uma das características da profissão, já que a enfermagem está presente em todos os municípios. E diz que outro desafio da categoria tem sido a busca da inovação tecnológica e da criatividade no trabalho, como forma de assegurar não só o efetivo exercício profissional, como também a segurança do paciente e a qualidade de boas práticas.  

A líder classista ainda faz questão de destacar a importância dos profissionais da enfermagem. “Somos os guardiões do cuidado, os pilares do Sistema Único de Saúde, a linha de frente da população. Hoje, a enfermagem é mais do que a coragem de enfrentar as doenças que acometem as pessoas,  representando o melhor da humanidade em tempos de adversidade”.

A enfermagem hospitalar

A enfermeira Queiliene Rosa dos Santos é diretora assistencial do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) e explica que uma unidade de alta complexidade e desse porte exige conhecimento, habilidade e atitude da equipe de enfermagem.

Ela explica que o principal papel do enfermeiro assistencial é gerenciar o cuidado do paciente, atender suas necessidades assistenciais. “Mas o papel do enfermeiro estende-se também a atividades administrativas essenciais para a entrega global da necessidade dos pacientes, estando esses profissionais na gestão de leitos, vigilância em saúde, qualidade, entre outros”, esclarece.

Para ela, o maior desafio da enfermagem está no fortalecimento da comunicação eficaz tanto entre a própria equipe, quanto a equipe multiprofissional, pacientes e familiares. “Ter convergência plena é um enorme desafio e exige a inclusão das tecnologias e métodos de trabalho, a exemplo da visita multidisciplinar, projeto terapêutico singular (PTS), processo de enfermagem, entre outros”.

Atuação na pandemia de covid-19

Se, em tempos normais, a atuação dos profissionais de enfermagem já é extremamente estressante, em função de vários fatores, como os longos plantões e o contato diário com pacientes acometidos de diversas doenças, durante a pandemia de covid-19 isso se intensificou.

Para Queiliane dos Santos, durante a pandemia a maior dificuldade foi adequar e fortalecer a estrutura para atender a alta demanda. “Nisso, as faltas de leitos, insumos e recursos humanos desafiou todos seguimentos do hospital: gestão, serviços de apoio e serviços assistenciais”.

Já a chefe da unidade de Terapia Intensiva do Hospital Sagrado Coração de Jesus, da cidade de Nerópolis, Karlla dos Reis Taia Pimenta, começou a atuar já no final da pandemia. Mas, mesmo assim e, mesmo se tratando de um hospital de uma pequena cidade da região metropolitana da capital, a situação era muito tensa.

Ela cita diversas situações de muito sofrimento, tanto para os profissionais, quanto para os pacientes, mas, segundo a enfermeira, alguns momentos eram ainda mais difíceis. “Os pacientes não tinham horário de visita, eles não viam seus parentes e vice-versa, as visitas eram passadas por telefone. Mas, na minha opinião, o mais desafiador era quando o paciente morria e a gente fazia a entrega do corpo em um saco preto, pois sabíamos que aqueles familiares não teriam a chance de se despedir do seu ente querido de forma digna. Era muito dolorido”.

Após a fase mais difícil da crise pandêmica, a situação voltou à normalidade, o que ainda exige muito esforço e dedicação da equipe, já que, dentro de uma UTI, o clima nunca é totalmente tranquilo. “Exige um compromisso, uma doação muito grande, requer empatia tanto no cuidado físico quanto emocional do paciente e seus familiares”, ensina Karlla.

Ela explica ainda que a atuação de um enfermeiro em uma equipe de saúde hospitalar compreende várias atividades, como o planejamento, organização e avaliação da assistência de enfermagem prestada ao paciente, além da realização da consulta de enfermagem e prescrição dos cuidados a serem prestados pela equipe ao paciente.

À líder da equipe, além de todas as ocupações, cabe ainda mais uma nobre e desafiadora missão: “manter a equipe e o ambiente de trabalho leve e em harmonia, mesmo diante de tanto trabalho”.

Karlla adora o que faz e vê os enfermeiros como seres que nasceram para cuidar e se doar ao outro, mas avalia que ainda falta valorização para a categoria. “Não me sinto realizada profissionalmente ainda, falta muito reconhecimento, nossa classe não tem ainda o reconhecimento e o valor que merece”.

Já a diretora assistencial do Hugol tem um entendimento diferente. Para ela, a enfermagem oferece várias oportunidades de mercado como a gestão, assistência, auditoria, o que permite que os profissionais identifiquem seu perfil para se encaixar naquilo que deseja trabalhar. “Nesse aspecto, trilhei a área de gestão que me trouxe muitas respostas profissionais, podendo realizar minhas entregas profissionais e ao mesmo tempo fazer o bem a pessoas que precisam de mim. Isso ressignifica meu agir profissional e fortalece meu compromisso social”.

Agência Assembleia de Notícias
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