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A relação perigosa entre álcool e violência

09 de Fevereiro de 2009 às 09:29
Artigo do deputado Padre Ferreira (PSDB) publicado no jornal "Diário da Manhã", edição de 09.01.2009.
* Padre Ferreira é deputado estadual e líder do PSDB na Assembleia Legislativa
www.padreferreira.com.br

A imposição da lei seca para motoristas nas rodovias federais fez diminuir o número de acidentes com mortes. Segundo o Departamento de Polícia Rodoviária Federal (PRF), a redução foi de 6,2% no período entre julho e novembro deste ano – comparado ao mesmo período do ano passado. Parece pouco, mas cada vida salva é um lar que permanece intocado.


A lei seca é um dos melhores projetos colocados em vigor pelo governo federal nos últimos anos e precisa ser copiada urgentemente por todos os Estados. Policiais, agentes de trânsito, promotores e juízes estão de parabéns pelo cerco aos motoristas bêbados. Imprudência não pode ser tolerada, ainda mais quando se trata crime – segundo a nova legislação, beber e dirigir pode dar cadeia.

O álcool é um vício que precisa ser inibido. Ele pode ser a porta de entrada para outros vícios, como maconha e cocaína, principalmente no meio de adolescentes. Dificilmente um jovem adentra o mundo das drogas sem começar pela bebida, a cerveja de final de semana, a vodca, o uísque. O Brasil não precisa de uma geração alcoolizada no futuro. Pelo contrário, necessitamos de jovens sadios que dêem prosseguimento ao desenvolvimento do País.

Recentemente, cidades do interior de Goiás adotaram a lei seca nos bares e restaurantes. Limitaram o horário de venda de bebidas alcoólicas. Niquelândia, por exemplo, criou uma lei municipal que vigorou durante pouco mais de dois anos – foi revogada no início deste ano. No período, a diminuição da violência foi de seis vezes – o número de crimes contra a vida caiu de 36 (em 2004) para apenas 6 (em 2006).

A portaria regulamentava que bares funcionassem apenas até a meia-noite, de segunda a quinta-feira. De sexta para sábado; e de sábado para domingo, o horário era estendido até as duas horas da madrugada. Uma boa ideia, que enfrentou resistência do comércio local, mas que obteve o resultado desejado: diminuir a violência e preservar vidas.

Em Goiânia, conforme matéria publicada pelo Diário da Manhã no final de novembro, a maioria dos homicídios ocorre aos finais de semana, justamente quando jovens estão se “divertindo” em bares e boates. Somente neste ano, 408 pessoas foram assassinadas na Capital: metade nos finais de semana, principalmente entre 22 horas e 6 horas, dias e horários de maior consumo de bebidas alcoólicas.

É preciso colocar um freio nesta situação. Bares e restaurantes teriam de ter limites no horário para venda de bebida alcoólica. Quem quiser beber mais, que vá para casa. Assim, correrá menos risco de arrumar confusão na rua e dificilmente se envolverá em acidente de trânsito. Nos Estados Unidos já é assim, com limitação de horário. Na Inglaterra também. O Brasil tem de seguir o exemplo.

É necessário que se crie uma lei federal, para que municípios não tenham de legislar sozinhos e, muitas vezes, sem o respaldo da Constituição Federal. Este é um esforço que precisa envolver toda a sociedade. Cada morte no trânsito, nos bares e boates do País não representa perda apenas para as famílias dos envolvidos. Todo mundo perde, pois a violência bate à nossa porta todos os dias. O governo perde, pois gasta com saúde e indenizações previdenciárias. Goiás e o País clamam por mudanças na venda e consumo de bebida alcoólica.


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