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O que Obama e Lula têm em comum

09 de Fevereiro de 2009 às 11:03
* Fábio Sousa é deputado estadual pelo PSDB, presidente da Comissão de Constituição e Justiça e Redação da Assembleia Legislativa. 


O nosso presidente, em sua retórica conhecida, costumava se comparar com o novo presidente norte-americano. Segundo seus admiradores, Lula e Obama vieram de origens parecidas. Não é verdade. Barack Obama é filho de um queniano que estudou nos Estados Unidos, onde conheceu a mãe branca de Obama. Sua mãe era filha de uma tradicional família norte-americana, que possibilitou a Obama estudar na melhor e mais conhecida faculdade do mundo, a Harvard.

Lula tem origem pobre. Ele é um mito; ninguém pode negar. Um retirante nordestino que, após várias tentativas, chega ao principal cargo de poder brasileiro deve ser reconhecido e lembrado por todos. Lula já é um dos maiores líderes políticos de nossa história, queiram ou não tucanos e democratas.

Além de suas origens, Obama e Lula se diferenciam pela educação que receberam. Talvez pelo fato de não conseguir, em seu tempo, estudar, Lula não tem os mesmos créditos universitários de Obama que, segundo informações da imprensa internacional, foi um dos mais brilhantes estudantes de Direito que frequentou a cidade de Cambridge, cidade onde se localiza a Harvard. Obama chegou a ser editor do respeitado jornal de Direito da universidade.

Mas algo estes dois homens têm em comum: o grande apoio popular. Lula obtém índices recordes de aprovação popular, chegando a quase 80%. O mesmo valor de “aprovação” ou grau de confiabilidade que a população norte-americana deposita em seu mais novo herói.

Lula poderia ter aproveitado seus altos índices e ter realizado as grandes reformas estruturais de que o Brasil verdadeiramente precisa. Poderia ter enfrentado os interesses políticos de pequenos grupos e ter dado à população a oportunidade de lutar por um futuro melhor, o que ele prometeu todas as vezes em que disputou a presidência.

Não é segredo para ninguém que o Brasil precisa de reformas. Precisamos de uma reforma política que atenda os anseios dos eleitores. Precisamos de uma reforma tributária que venha desonerar a classe produtiva e a população brasileira, que está sobrecarregada de tanto pagar impostos e não ver seu dinheiro bem-aplicado.
Precisamos de uma reforma trabalhista que venha permitir à classe produtiva brasileira expandir seus negócios, gerando mais empregos, podendo aumentar salários, sem permitir que os principais direitos trabalhistas sejam desrespeitados.

Precisamos de uma urgente reforma em nosso sistema previdenciário para evitar a sua falência eminente e proporcionar aos aposentados de hoje e aos aposentados de amanhã os direitos adquiridos por uma vida inteira de serviços prestados e que não podemos negá-los.

Lula poderia ter estruturado nosso exército, dando a eles condições de fechar as fronteiras contra os principais inimigos de nossa nação - os traficantes de drogas. Lula poderia ter imposto à nossa liderança como país mais forte da América Latina, mas, pelo contrário, se aliou aos caudilhos que fizeram chacota com a nossa soberania nacional.

Obama possui um alto índice de apoio popular. É esperado dele como novo líder mundial que faça as reformas de que os Estados Unidos precisam. Reformas econômicas, nas estruturas bancárias, na forma de os norte-americanos tratarem o resto do mundo. Em seu discurso de posse, disse que o Estados Unidos está pronto para liderar novamente, mas ele só conseguirá isto se fizer estas reformas.

Não sou um crítico que não visualiza as conquistas boas do governo federal. Pelo contrário, sei que o governo do presidente Lula tem feito muito pela economia brasileira e reconheço isto. Sei que ele tem proporcionado a jovens carentes o direito de estudar e obter seus cursos superiores através do Prouni. Sou muito grato ao presidente e louvo estas iniciativas, mas um presidente com tamanha aprovação popular poderia ter feito muito mais.

Cabe agora ao novo presidente norte-americano não frustrar a esperança que não só os norte-americanos estão depositando nele, mas todo mundo. Se Obama conseguir fazer as reformas, todos nós agradeceremos.

E ao presidente brasileiro mais popular da história cabe aqui o meu apelo: Vossa Excelência ainda tem dois anos de mandato. Ainda dá tempo de realizar reformas em nossas estruturas. Contamos com o senhor.
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