Reflexões sobre a gratidão e a ingratidão
Sensibilidade é uma virtude das pessoas que trazem o amor e o bem no coração. Não há como desligar um do outro, especialmente quando o sentimento aflora diante de uma situação de alegria ou de admiração. E foi exatamente isso que aconteceu com o senador Marconi Perillo, ao se deparar na Vila São Bento Cotolengo, no último sábado, 5 de dezembro, com tantas demonstrações de carinho e de afeto por parte dos seus diretores e dos seus internos. Eu estava lá e vi como tudo aconteceu.
Junto com o padre Everson e a irmã Vanyr, que comandam com sua diretoria os destinos daquela instituição, Marconi pôde sentir na pele mais uma vez que a solidariedade faz tão bem a quem a pratica quanto àqueles que a recebem. Não há ser humano sobre a face da terra que resista quando as emoções afloram, quem sabe até chegar às lágrimas, ao ver de perto a manifestação de gratidão do próximo, do irmão.
E foi isso que pude testemunhar quando Marconi foi homenageado pela Banda Luar, composta por internos da Vila São Cotolengo. Como é maravilhoso ver as pessoas que portam alguma diferença usar os instrumentos musicais com tanta maestria. E como é fantástico ver como todos eles deixam transparecer com emoção o mais belo dos sentimentos: a gratidão por tudo o que Marconi fez e faz por todos eles.
Sentimento este que a maioria dos seres humanos, felizmente, sabe demonstrar. Aqueles que nunca deixam aparecer esse sentimento, às vezes nem um sorriso, imagino que não são nem um pouco felizes. Aliás, devem ser pessoas barbaramente massacradas pela própria consciência, quando a têm, porque não saber demonstrar o que sentem deve ser mesmo um martírio – que poderia ser tão facilmente resolvido com um obrigado, com um gesto de afeto.
A Vila São Cotolengo é o espaço ideal para o amor, a gratidão, o carinho, a fraternidade. Ali, todos são sensíveis ao ponto de despertar nos visitantes a vontade de colaborar, a coragem de se doar. Ao ver e ouvir músicas como a de Roberto Carlos, falando do imenso amor, entoada pelo jovem interno Diogo, ou outra que fala sobre o perfume que fica nas mãos de quem sabe ser generoso, é preciso parar a roda viva da existência para refletir um pouco.
Refletir sobre as pessoas que nunca, jamais, demonstram os seus sentimentos. Os mais antigos já diziam que, quando uma pessoa não mostra o que sente, ela não é confiável. Hoje, posso perfeitamente crer nessa antiga sabedoria. De fato, nós do PSDB estamos sentindo na pele que não se pode confiar em quem não permite transparecer em sua face o que vai no seu coração, na sua alma. Seja amor, afeto, seja ressentimento, raiva, rancor, mesmo que infundados.
Refletir também sobre o aprendizado que tivemos, nós, do PSDB, que deveríamos de agora em diante pensar duas vezes antes de confiar em “companheiros” de momento, “companheiros” de quem nunca conseguimos extrair sequer um sorriso de alegria ou um gesto de impaciência ou de discordância. Só a face fria e impassível. A lição precisa valer para todos nós, para o futuro. Porque, hoje, os frutos que colhemos são a ingratidão, o desamor, a esperteza.
Agora, para nós, o momento é de refletir sobre como é tranquilo confiar em quem chora, em quem é de fato sensível, em quem mostra o rosto sem disfarce, sem dissimulação, abrindo o sorriso da lealdade e do acolhimento. Isso é o que nós sentimos em relação a Marconi Perillo. Em seus olhos vermelhos de chorar ao ouvir uma música na Vila São Cotolengo, celebrando o inestimável valor da gratidão, sei que nós goianos podemos confiar.
A lição é dura, mas ele e todos nós da base aliada estamos assistindo a um espetáculo com data marcada para terminar. Com prazo de validade cada vez mais próximo de vencer. Como é vazio e passageiro o mundo para quem não sabe amar e agradecer. Como é sem graça a vida dos ingratos.