Ícone alego digital Ícone alego digital

Pesquisador fala de impactos causados por agrotóxicos no Brasil

07 de Abril de 2011 às 10:26
Médico e doutor na área de toxicologia, o professor Wanderlei Pignati palestrou na audiência pública que debate, nesta quinta-feira, 7, na Assembleia, sobre a campanha mundial contra os agrotóxicos. Em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Pignati é pesquisador do assunto na região Centro-Oeste.

Professor na Universidade Federal do Mato Grosso, há dez anos ele estuda os impactos do agronegócio na saúde coletiva. Em sua apresentação, Pignati falou sobre os impactos do agronegócio e dos agrotóxicos na saúde e no meio ambiente. Apresentou dados sobre o avanço da monocultura no Brasil e os processos empregados, desde o desmatamento, a indústria da madeira, a produção pecuária, até a agroindústria.

O pesquisador apresentou dados e estatísticas sobre o uso dos agrotóxicos nestas atividades e a relação da ocorrência doenças humanas e danos ambientais com o uso desses produtos.

Pignatti questionou a confiabilidade do uso seguro dos agrotóxicos, um aparato de normas e procedimentos que mesmo se contasse com estrutura para seu funcionamento ideal, ainda assim não garantiria o manejo absolutamente seguro. “O trabalhador que está passando o agrotóxico pode estar protegido com todos os equipamentos de proteção individual (EPIs), mas e o ambiente? Vai colocar EPI nas outras plantas? Querem matar os insetos, o fungo, a erva daninha. Então teria de  colocar EPI nos outros animais, como no peixe e no cavalo.”

Segundo Wanderlei, além disso, os resíduos vão sair na água, depois na chuva, vão ficar no ar, vão para o lençol freático e acabam contaminando o ser humano. “Analisamos o leite materno de 62 mulheres em Lucas do Rio Verde (MT), 20% das nutrizes amamentando no ano passado. Todas as amostras revelaram algum agrotóxico. Mas o que mais deu nessas amostras é um derivado de DDT, que se usava na agricultura até 1985 e na saúde pública, até 1998, para combater a malária.”

O professor defendeu ainda a viabilidade da produção sem agrotóxico mesmo para a agroindústria. “Se você partir do sistema e começar a substituir a semente, sair desse domínio da semente, lógico que é viável, em grande escala. Como acontece em Sertãozinho (SP), o maior produtor de açúcar orgânico do mundo. Eles exportam 99,9% dos produtos para União Europeia”, defendeu.

A audiência está sendo realizada no Auditório Costa Lima e é uma iniciativa do presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Mauro Rubem (PT) em parceria com a Via Campesina, uma organização internacional de camponeses.
Compartilhar

Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse nossa política de privacidade. Se você concorda, clique em ESTOU CIENTE.